E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Hoje eu tenho 20 anos... mas quero chegar aos...

100. Sim, quero chegar aos 100, se Deus assim permitir. Mas, sinceramente, não sei se conseguirei, pois a longevidade aqui do Brasil não é como a do Japão nem temos hábitos tão saudáveis e rejuvenecedores. Sem contar a violência que aqui é muito presente e que tira vidas todos os dias. Então, mesmo que eu queira, não posso garantir que chegarei a ser uma senhora centenária.

Além do mais, nem sempre é vantagem ser idoso no nosso país atualmente. Hoje vi uma cena que me deixou espantada e triste também.

Estava eu no banco, na fila do caixa para pagar uma conta fiquei quase uma hora na fila e não tinha nem dez pessoas na minha frente; uma vergonha absoluta!!! e notei que um senhor, que tinha por volta dos oitenta anos ou perto disso, estava esperando, em pé, no balcão da recepção para ser atendido. Sozinho. Ninguém o acompanhava: algum parente ou conhecido. Nem ninguém do banco teve a dignidade de oferecer uma cadeira para o senhor se sentar. Eu mesma estava em pé, não tinha como aferecer assento.

Depois de passados mais de vinte minutos que eu estava no banco aquele senhor chegara antes de mim, eu olhava indignada para aquele velhinho em pé sem ninguém para ampará-lo. Achei que ele estava esperando alguém para lhe dar uma senha e me dispus a ajudar, mas ele estava somente esperando mesmo que uma funcionária do banco, que o deixara plantado ali, voltasse a atendê-lo.

Finalmente a moça voltou. Deu então a notícia de que o senhor não poderia ser atendido, pois ele dera a ela o cartão do S.U.S. e não o cartão do banco, que por sua vez ele esquecera de levar. O velhinho não conseguia entender quando a moça dizia que o cartão do S.U.S. não servia para poder retirar o dinheiro da aposentadoria, como ele insistentamente pedia. De qualquer forma, o auxílio da previdência social somente será liberado semana que vem, mas isso não vem ao caso.

Sendo que "o banco não podia fazer nada para ajudar", o senhor foi mandado embora. Tadinho! Ele confundiu o cartão do banco com o cartão do S.U.S. e ia sair na rua mais uma vez, assim ele perdeu seu tempo. E estava sozinho. Fiquei com pena do senhor, e se não tivesse eu mesma que pagar uma conta já vencida de uma moça que trabalha comigo teria o acompanhado. Afinal, ele era de idade avançada, isso era notório, e tinha confundido dois simples cartões. Só de pensar que ele poderia facilmente se perder do caminho de volta para casa me doeu o coração.

É triste ver cenas assim. Acho que era obrigação de um filho, ou de um neto, ou de quem quer que seja, acompanhar aquele senhor e não deixá-lo assim, confuso, sair sozinho na rua. Mais triste ainda é saber que não é somente com esse senhor que vi hoje, mas o descaso acontece com muitos idosos pelo país afora. As pessoas acabam não dando o devido respeito e valor, não cuidando como deveriam, e se esquecem que um dia serão elas as idosas que precisarão de auxílio. Se esquecem que um dia aquele idoso já foi jovem e viveu como eu, por exemplo, com meus vinte anos. Que já segurou um bebê nos braços e chamou de filho.

E daí, eu me pergunto: será que eu quero mesmo chegar aos 100 anos? Será que não é melhor menos pior ter uma vida mais curta mas, ao menos, não ser abandonado? Ou ser tão sozinho que nem uma companhia tem para ir ao banco e acabar confundindo cartões?

Os jovens de hoje precisam ter a consciência de que serão os idosos de amanhã. E nunca, nunca, devem desprezar um velhinho. Devem, sim, tratá-los com carinho, respeito e toda consideração que eles merecem.

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