E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Eu nasci no país errado

Pois é! Eu ouvi essa frase no sábado da boca da mesma Adriana que me deu o caderno daquela vez.

Explico: no sábado à noite, eu e ela fomos no Japan Fest que teve aqui em Atibaia. Deve ter sido legal o concerto de Taiko, mas no fim, fomos só pra comer e conversar mesmo, não fomos ao concerto. Conversamos um tempão, falei falei falei.  Expliquei, nas melhores palavras, a minha estranha personalidade, que identifiquei um pouco com Emily the Strange. Basicamente, sou introspectiva, calada, na minha, reservada e contida. Ela, depois de dar sua opinião seguida de alguma reflexão, resumiu minha realidade numa frase: Emily, você nasceu no país errado!

Dada a minha queda pela Inglaterra e pela Japão, dois países diferentes, mas ambos com culturas opostas à brasileira, fiquei feliz quando ela disse: você devia ter nascido na Europa, na Inglaterra, França, ou até no Japão.

Nunca tinha visto minha realidade por esse aspecto. Mas já cheguei a pensar algo semelhante: que nasci na época errada. É, no fim acho que na época e país errados. Claro que sou brasileira e me orgulho disso, dou graças a Deus por ter nascido nesse belo país, mas muitas vezes, olho pro lado e penso: o que estou fazendo aqui?

Brasileiro é pegajoso. Vai cumprimentar quem nunca viu na vida e já vai dando beijinho na bochecha só porque é colega de seu amigo. Chega num lugar e não sabe ser discreto, mas grita "OI PESSOAL". Abraça todo mundo como se fosse alguém muito próximo, sem pudor algum. Toma liberdades com colegas de trabalho perguntando de sua vida pessoal e fazendo fofocas, só porque trabalham há vinte dias juntos e já acha que são "amigos de uma vida inteira". Senta à mesa de um colega que está trabalhando só pra jogar conversa fora. Fica fofocando pra cima e pra baixo. Sempre com os ouvidos atentos para ouvir "uma quentinha" nova. 

Eu não gosto disso. Não é uma crítica, muito menos estou criticando quem faz tudo isso que listei acima. Mas eu não gosto. Eu. Não. Gosto. Mas qualquer outra pessoa pode se virar muito bem com isso tudo. Claro que não é todo e qualquer brasileiro que faz essas coisas, que eu, na minha humilde opinião, acho uma completa falta de educação. Falta de tato. Mas hoje em dia, isso é normal. As pessoas se acostumaram a conviver com esse tipo de comportamento. Quando alguém diferente, que não gosta desse tipo de intimidade forçada, aparece, é logo tratada como um ser de outro planeta.

Nos doramas que vejo, ou nos livros ingleses que leio, nunca há tanta intimidade entre estranhos. Beijo em novela japonesa? Não, não, não se sai por aí beijando todo mundo. Por isso me sinto tão bem "vivendo nessas culturas", com os livros e doramas. Por isso não discordei da Adriana quando ela disse que eu nasci no país errado. Assim como acho que nasci na época errada.

Época errada porque quisera eu ter nascido numa época em que a mulher era somente mulher, sem ser a poderosa "mulher moderna" que se mata de trabalhar de segunda à sexta. Mas, enfim, ainda escreverei outro artigo pra falar de tempos atrás, ou até mesmo de ser mulher.

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