E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

domingo, 23 de setembro de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 32


O sorriso de Matsumoto Jun estava ainda mais radiante do que de costume. O fotógrafo e todos os assistentes e funcionários do estúdio olharam para ele, sentado naquele sofá para a primeira foto, e não conseguiram conter um sorriso em resposta.
Realmente, ele não conseguia não sorrir, e mesmo quando teve que fazer uma cara séria, acabava sorrindo e antes de bater a foto, o fotógrafo disse mais de uma vez para ele não flexionar os lábios, deixa-los simplesmente naturais. Jun demorou mais que o normal para conseguir fazer essas fotos mais sérias a contento. Alguém perguntou:
- Matsumoto-san, se me permite a ousadia, aconteceu algo bom? O senhor está com uma aura muito alegre e não para de sorrir.
- Não aconteceu nada – ele respondeu, tentando parecer irritado com a pergunta, mas não deu muito certo e, no fim, seu bom humor venceu outra vez.
- Gomen. – o homem se curvou – Bem, vamos continuar?

***

- Eu dormi no apartamento do Jun. – Carol seguiu até o interruptor e ligou a luz do quarto, enquanto a amiga permanecia sentada imóvel na cama, olhando para ela com a cara toda amassada de sono.
Caroline respondeu com naturalidade. Toda a timidez que tinha na frente das pessoas em geral, toda a sua introspecção sumia quando falava com Débora. As duas eram amigas desde os tempos de colégio, e mesmo com alguma diferença de idade – Débora era quase três anos mais velha que ela – elas se davam muito bem. Conheciam cada segredo uma da outra e nunca escondiam nada.
Mesmo assim, evidentemente, Carol notou que Dé já estava tendo pensamentos equivocados e sabia que com aquela sua resposta muito direta de onde tinha passado a noite só fez crescer a imaginação dela.
- Uhm… no apartamento do Jun... e que sorrisinho é esse no seu rosto? – ainda parcialmente embaixo do cobertor, ela fez sinal para que Carol se sentasse a seu lado.
- Sorrisinho? – sentendo-se perto da outra.
- A-ha!! Então a noite foi boa?
- Que noite? – Carol passou a mão pelos cabelos e olhou para o lado, se fazendo de desentendida, mas já sabia muito bem aonde Dé queria chegar. Deu um leve sorriso.
- Como “que noite”?! Essa noite QUE VOCÊ DORMIU COM O MATSUMOTO JUN!!!
- Silêncio! Quer que todo o hotel te escute? – tapando a boca de Débora com a mão.
- Então me conte. Foi bom? – tirando a mão de sobre sua boca.
- Muito – Carol sorriu abertamente.
- Agora que você vai ter que me contar! – Débora ficou em pé de um pulo, colocando-se em frente da amiga e lhe segurando os ombros. – Sem enrolação. Quero saber tudo. Tu-do.
- Ah, Dé, a gente se beijou!
- isso?
- Como assim só? Pra mim isso é muito, fiquei bastante feliz. Mas enfim... também dormi no colo dele enquanto ele assobiava uma bela canção.
- E...?
- E não tem mais nada. E dormi na cama dele, ele me levou para o quarto...
- Você dormiu na cama dele? – Débora interrompeu; voltou a se sentar.
- Sim. Mas ele dormiu no sofá.
- So ka… Nani?? No sofá?!
- Hai.
- Peraí… ele dormiu na sala, você dormiu no quarto. E então, onde aconteceu?
- Não aconteceu nada, tá legal? – Carol mostrou a ponta da língua para Débora e sacudiu levemente a cabeça.
- Majide?! Nadinha, nadinha?
- Nós nos beijamos, isso não é nada? Não quer saber como isso aconteceu?
- Sim, um beijo é muita coisa. Só pensei que, pra você ter passado à noite fora... – Débora voltou os olhos pela primeira vez para a calça e a blusa que Caroline segurava – De onde são essas roupas?
- O Jun me emprestou hoje cedo, porque o vestido estava todo amassado. São de Uemura Yui. 
- Como?
- Isso mesmo que você ouviu. Ele me emprestou. Disse que Yui foi viajar. Sinceramente, me sinto um pouco mal, acho que realmente prejudiquei o namoro deles. Mas to tão feliz que não consigo pensar muito nisso.
- Então me conta direitinho. O que vocês fizeram antes, durante e depois do jantar? Por que acabaram se beijando? Vocês se declararam ou algo assim? Por que Uemura Yui foi viajar? Eles terminaram o namoro? E por que você dormiu lá?
- Calma, Dé. Vou contar tudinho. Mas que tal você lavar ao menos o rosto primeiro? Seus olhos estão cheios de remela.
- Eca! – Débora passou a mão nos olhos, por reflexo, e seguiu em direção ao banheiro – Não fale assim, sua nojenta!
As duas riram.
Quando Débora saiu do banheiro 20 minutos depois, de banho tomado, trocada, cabelos penteados e totalmente acordada, Carol sorriu para a amiga, deu um tapinha no colchão e disse:
- Yosh! – começando a relatar todo o acontecido para sua melhor amiga.  

***

Logo depois do almoço, os cinco se reuniram pela primeira vez aquele dia, no prédio da JE. Durante a manhã, cada um tinha cuidado de seus compromissos pessoais e não se viram.
Na sala do Arashi, todos se acomodaram logo. Dessa vez, quem ficou na poltrona foi o Nino, logo sacando seu DS do bolso.
Ohno levantou calmamente do sofá, foi até o mais novo e tomou-lhe o game das mãos, voltando a se sentar em seguida. Guardou o DS no bolso da jaqueta.
- O que está fazendo Oh-chan? Deixe-me jogar!
- Kazu-chan, agora você não vai jogar. Quero que nos conte como foi ontem?
- Ah, isso! Mas eu não posso terminar o jogo primeiro?
- Não! – responderam os quatro em uníssono.
Todos sabiam que se Nino ficasse com o game, facilmente ele se distrairia. E todos sabiam que coisas muito importantes para a vida dele tinham sido decididas no dia anterior, mas ele não quis comentar muito antes de falar com a noiva.
Ninomiya Kazunari olhou para os amigos que o encaravam, suspirou e comentou:
- Aiai, o que vocês querem saber? O Jun-pon aqui também tem coisas para contar, acho. – ele olhou para o outro, que estava confortavelmente deitado em um puff.
- Oe oe oe. O que tem eu? – mais uma vez naquele dia, Matsumoto Jun tentou disfarçar o humor.
- Nem vem fingir que ta bravo, que eu te conheço – prosseguiu Nino – Olha só a tua cara de bobo-alegre.
Nesse momento, os outros três, que ainda olhavam para Nino, viraram a cabeça para Jun. Ohno sorriu e disse:
- É né, acho que o Kazu-chan tem razão. Você está mesmo com cara de bobo, Matsujun.
- Até tu Brutus?! [*alusão ao assassinato de Júlio César, ditador de Roma]
Todos riram, até Jun, que não conseguiu mais esconder o sorriso, nem apagar o brilho do olhar.
- Tudo bem, eu conto vai.
- Então tem mesmo o que contar? – Sho pisca os olhos, interessado.
- Hai. Ontem, eu e a Karoru-chan nos beijamos. Ela dormiu no meu apartamento.
- Majide?! – os quatro agora arregalaram ainda mais os olhos, tendo a mesma ideia que Débora tivera horas antes.
- Não aconteceu nada. Ela... nós... só dormimos, ta legal? Ela não é desse tipo.
- Que tipo? O seu, você quer dizer, hahaha – Aiba lançou.
- Ah, fica quieto Aibaka e deixa-me contar as coisas direitinho que vocês vão entender!
Matsumoto Jun começou a relatar para os amigos tudo o que se passara com ele e Caroline na noite anterior.

***

Enquanto ouvia a voz compassada, porém cheia de emoção e alegria, do amigo, Ninomiya Kazunari refletia sobre sua própria sorte.
A reunião da manhã de ontem com Johnny Kitagawa não saía de sua cabeça desde que o senhor de mais de 80 anos fora tão taxativo ao dizer as palavras: “Escute bem, Ninomiya-kun, se o senhor levar adiante essa história de casamento no estrangeiro, saiba que nosso contrato será cancelado imediatamente e o Arashi acaba pra você no mesmo instante”.
Quando o BIG BOSS disse isso, ele pensou realmente em desafiá-lo, mas quando ia abrir a boca para dizer que estava determinado a se casar no Brasil, Johnny-san prosseguiu: “pense muito bem nisso. Você acha mesmo que, depois de todo esse tempo, o Arashi vai conseguir existir sem você? E o seu compromisso com os outros, comigo, com os fãs?”. Então, nitidamente, veio a ele a lembrança de uma coisa que dissera no pub, depois do show, na semana passada: não se preocupem, eu NUNCA vou deixar vocês! O Arashi faz parte de mim. E vocês são meus melhores amigos.
Ele dissera aquelas palavras olhando os amigos nos olhos. Quando disse, confiou plenamente e quis passar essa confiança, de que NUNCA deixaria o Arashi. Não podia decepcionar seus melhores amigos, né? Nem os fãs.
Lembrou então que primeiramente a moça que era sua noiva era apenas uma fã. Como ela, e tantas outras, ficariam se o Arashi acabasse? Porque, ele sabia, realmente a “tempestade” chegaria ao fim se ele, ou qualquer um dos cinco, deixasse o grupo. Isso era indiscutível. E com certeza ninguém, muito menos Débora, ficaria feliz com o fim do grupo.
Quando relatou essa parte da conversa que teve com o Johnny-san, ela realmente ameaçou terminar o noivado se ele pensasse mesmo em deixar o Arashi por causa dela. Ele, então, pediu desculpas por ter sido tão imprudente e ter feito uma promessa que não ia poder cumprir. Também se desculpou por ter sido tão egoísta e querer que ela largasse tudo para ficar ali no Nihon, com ele. As lágrimas estavam prontas para romper a barreira de suas pálpebras quando Débora levantou-se de sua cadeira, foi até ele e o abraçou.
- Deixa de ser bobo. Não precisa se desculpar, eu não to casando obrigada – beijando o alto de sua cabeça, enquanto ele permanecia sentado. – Já disse que me casarei com você, não importa o país, porque te amo.
Nino a abraçou por trás e ela voltou ao seu lugar em seguida. Foi então que, para “quebrar” o clima tenso, ela falou dos avôs e dos amigos que queria que viessem para o casamento. Falou daquele Fábio de uma maneira simpáica demais, mas quando ele estranhou, ela logo mudou de assunto.
O resto da noite seguiu tranquilo. Eles saíram do restaurante ainda não era 10h da noite, e foram até uma praça para namorarem um pouco. Quando Débora começou a bocejar, ele decidiu levá-la de volta para o hotel. Na volta para seu apartamento, só pensava em como ele era sortudo de ter encontrado uma mulher como Débora Fonseca...
- Nino. – chamou Sho, mas ele não ouviu.
... Ela era realmente especial. Não era qualquer uma que ia...
- Kazu-chan! – chamou Ohno, mas novamente ele não escutou.
... aceitar se casar assim, tendo que abrir mão de...
- NINOMIYA KAZUNARI!!! – Matsumoto Jun gritou, indignado.
- Oi? Falou comigo? – ele olhou para os quatro, que novamente encaravam-no.
- O senhor não ouviu NADA do que eu disse, não é?? – ser ignorado irritava Jun ao extremo. Ele olhava para Nino de um jeito totalmente DoS; seu bom humor tinha sumido.
- Ah, gomen ne, Matsujun! Não ouvi.
- Como assim não ouviu? Você foi o primeiro a me mandar falar, para evitar que nós te perguntássemos sobre ontem. E ainda não ouviu...
- Gomen, gomen, hontou ni gomen.
- Daijoubu. Eu conto de novo, mas depois. Agora... é você que vai falar. O que tá pegando?
Jun não conseguia ficar irritado por muito tempo, não naquele dia. Então ele simplesmente abriu um sorriso e, juntamente com os outros, ouviu o relato de Nino.

sábado, 15 de setembro de 2012

Hoje...

Eu quero escrever. Passei o dia cheia de ideias que não paravam de brotar em minha mente e não via a hora de passar pro papel (ou melhor, pro blog). Ouvi belíssimas músicas, vi (ou imaginei) belíssimas fotos e belíssimos rostos, fiz muitas coisas e queria realmente conseguir colocar aqui tudo isso, mas agora, quando parei para fazer isso, essas mesmas ideias não se juntam e eu não consigo dizer algo que preste ou ter paciência para "forçar minha mente" e fazer sair dela algo que preste.

Então, já que estou impossibilitada de criar um "texto inspirador" que, ao menos, seja útil para alguém, resolvi que preciso escrever de um jeito ou de outro. Tive uma ideia (outra!): irei contar meu dia a vocês. Corrigindo, a você que ler isso aqui^^ e se ninguém ler, contarei da mesma forma.

Depois de ficar um pedaço da madrugada terminando de ver mais um dorama (My Name is Kim Sam Soon), eu dormi algumas horas - mais de seis -, tomei café e fui para a aula de inglês. Como meu celular tinha pouca bateria, não fui ouvindo música durante a caminhada de vinte minutos, como faço normalmente. então, na ida às 10h15, e na volta às 13h15, e pelos quarenta minutos, fui pensando, cantando, sonhando acordada e, principalmente, orando.

Conversei com Deus como fazia algum tempo já que não conversava. Gosto quando eu e Ele temos esse tipo de diálogo, "conversa informal", me sinto tão bem! São nessas horas que a gratidão infinita se torna mais forte, e eu agradeço mais e mais por Ele ser meu Melhor Amigo.

Os assuntos... bem, não são assuntos para eu tratar num blog, não é?

Eu orei somente na ida, os primeiros vinte minutos. Nos vinte minutos da volta pra casa eu não resisti, colei o celular na orelha e ouvi duas belíssimas músicas: ほほえみのちから (Hohoemi no Chikara -A Força do Sorriso) e That Man.  Pus o celular grudado no ouvido no mínimo, pois sigo a política de "não faça para os outros aquilo que não quer que façam para você". Odeio quando colocam música alta pra tocar no celular, em público e sem fone de ouvido, como se todo mundo tivesse a obrigação de ouvir e gostar do que a pessoa gosta. Como eu estava sem meu fones, ouvi baixinho mesmo.

Hohoemi no Chikara é uma música que me marcou desde o primeiro momento que ouvi, há alguns meses, enquanto lavava louça. Estava ouvindo músicas coreanas do primeiro cantor e ator coreano pelo qual me apaixonei, Kim Hyun Joong. De repente, ouço algo em outro idioma, um idioma conhecido. Isso mesmo, japonês! Com aquela voz... me apaixonei pela música no mesmo instante e quis desesperadamente saber o significado, a tradução. Mas não achei a bendita letra (sou meio porta pra procurar as coisas) e também não obtive muito êxito ao procurar por quem pudesse traduzi-la para mim. Só uma amiga arashian, a Kah Kaneko, que não é movida pelo preconceito infantil contra "cantores coreanos", me ajudou, mas ela não sabe japonês profundamente e só pôde me passar uma ideia geral.

De qualquer forma, só pelo título, ela já mexe comigo. Meu lema de todos os dias é "Vamos sorrir!", e A Força do Sorriso tem muito a ver com isso.

Achei um vídeo legal e vou compartilhá-lo com vocês:


A outra música foi That Man (Este Homem). Postei ela aqui ainda esses dias, quando falei do k-drama Secret Garden, mas até então eu não fazia ideia de quem cantava. Acabou que, ao escutá-la hoje, acabei relacionando com um grupo (?) de k-pop que não conheço chamado 4 Men, que canta outras músicas na Ost de Secret Garden e por algum motivo pensei que cantava esta também. Ouvindo, pensei no Hyun Bin, o co-protagonista que faz o Joo Won, pois a música é "dele", e me lembrei de sua voz, que é marvilhosa, uma voz que cativa, embora ele não seja cantor. Em My Name is Kim Sam Soon, ele também atua, aliás, só vi esse dorama por causa dele.

Chegando em casa, quis saber mais e mais do tal 4 Men, já que a voz do cantor era extremamente bela. Mas, qual não foi minha surpresa quando, ao procurar informações pela internet, descobri que a música tão linda com aquela voz mara não é deste grupo, mas sim quem a canta é a próprio Hyun Bin! Só de saber isso, minha paixão pela voz dele triplicou! Tanto que terei que colocar aqui outro vídeo dela!


Voltando... Cheguei em casa feliz, com essas belíssimas músicas na cabeça. E feliz também porque hoje é um dia muito especial. Sei que lá no Japão já é ontem, mas enfim... o Arashi completa 13 anos de história, e isso enche meu coração de uma felicidade muito grande. Eles representam muito, significam muito. Aliás, falar sobre eles num post especial de aniversário foi uma das ideias que tive e se desfizeram no ar. Falarei melhor deles quando fizer o post dos aniversariantes/estrelas de setembro.

Almocei. A comida estava gostosa. Obrigada mamãe pelo almoço delicioso! Depois do almoço, lavei a louça ao som do álbum em japonês Just Crazy, do Jang Keun Suk, que ganhei de presente de aniversário da tia Cleuza. Obrigada tia, é muito bom! E obrigada Saori, por traduzir as músicas pra mim~ pedi esse álbum, a Edição Regular e não a Edição Limitada, somente pela música 守護星 (Shugosei - algo como O Último Guardião). Muito linda! Futuramente, a linda Saori traduzirá também (mas já disse a ela que não tenho pressa alguma).


E daí, vim na internet resolver alguns probleminhas que surgiram. Depois dos probleminhas quase resolvidos, fiquei zanzando por aqui.

E~ aproveitei para pesquisar mais sobre o Hyun Bin, já que ele é o terceiro coreano de voz divina pelo qual me apaixono (primeiro foi o Kim Hyun Joong e depois o Jang Keun Suk). Pois é, descobri que atualmente ele está servindo na Marinha sul-coreana e só sairá em dezembro deste ano. Tomara que faça mais dramas, pois sei que me obrigarei a ver tudo que encontrar com ele. Ah, e ele é uma das estrelas do mês^^

Bom, hoje quis somente aproveitar um pouquinho, então banquei a vagal e não li nada da facul, nem revisei a legenda para o Hatenai Arashi, nem fiz muitas tarefas domésticas (além de dar um trato na cozinha), nem escrevi nada de útil.

À noite, meus pais foram jantar fora. Eu e minha irmã pedimos pizza, jantamos e agora estou concluindo esse post inútil. E vou me despedindo aqui, que tenho sono e tenho dormido pouco há dias.

Mas antes, postarei a letra e o vídeo de uma música da qual gosto demais demais! Brasileira. Cantada por Bruna Caram.

Palavras do Coração


São sorrisos largos
Lagos repletos de azul
Os corações atentos
Ventos do sul
São visões abertas
Certas despertas pra luz
A emoção alerta
Que nos conduz
Sonhos aventuras
Juras promessas
Dessas que um dia acontecerão
Você me daria a mão?
Todos estes versos soltos dispersos
No meu novo universo serão
Palavras do coração
Os artifícios
Vícios deixando de ser
Os velhos compromissos
Pra esquecer
São pontos de vista
Uma conquista comum
O mesmo pé na estrada
De cada um
Sonhos aventuras
Juras promessas
Dessas que um dia acontecerão
Você me daria a mão?
Todos estes versos soltos dispersos
No meu novo universo serão
Palavras do coração.



Beijos a todos! Boa noite!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 31


Jun e Caroline ficaram abraçados até que ela parou de chorar. Então, ele a segurou pelos ombros, ergueu sua cabeça e a olhou nos olhos.
- Karoru-chan, eu nem acredito que você está aqui comigo.
- Eu também não acredito. Não é muito racional de nossa parte. – ela sorriu, com os olhos ainda meio avermelhados e as bochechas brilhando.
- Eu sei – Jun concordou, também sorrindo. – Mas quem se importa com isso? – rindo ainda mais e brincando com uma mecha do cabelo dela.
Eles ficaram assim por um tempo, brincando um com o outro. Ele mexendo no cabelo dela, embaraçando-o todo e ela dando soquinhos de leve em seu peito e pedindo para ele parar. Até que ele parou de cutucá-la e falou novamente:
- Você quer fazer o quê?
- Fazer o quê? Você quer que eu faça alguma coisa? – ele se endireitou no sofá, ela deitou a cabeça em seu ombro e ele a abraçou.
- Sei lá, talvez você queira ver um filme, ouvir uma música, algo assim.
- Não, ficar aqui está bom pra mim. Só me dá licença um instantinho – Carol ficou de frente para Jun.
Ela pegou com carinho a mão dele, que caíra para trás de suas costas quando ela se afastou de seu ombro e, colocando o outro braço de Jun no encosto do sofá, ajeitou a cabeça confortavelmente em seu colo e puxou a mão que segurava sobre sua barriga. Não esqueceu que estava de vestido e apenas deitou-se comportadamente, olhando para o rosto sorridente de Jun.
- Hontou ni, ficar aqui está bom para mim também. – ele comentou.
Os dois somente se admiraram mutuamente por algum tempo, Jun alisando a face de Carol, que já secara das lágrimas, e ela havia puxado a mão dele até os lábios e a beijava. Aquele silêncio agradável era ideal num momento em que ambos haviam deixado a razão de lado e focado somente no amor que existia entre eles. De quando em quando, se ouvia a voz de um e outro sussurrando “Eu te amo!” com toda a sinceridade de seus corações.
Tinham até se esquecido da hora, mas devia ser tarde. Afinal, saíram do restaurante às 10h30 da noite. Deitada no colo de Jun, Carol começou a bocejar. Depois de alguns minutos, seu sono era tanto que, com os olhos marejados, disse baixinho:
- Matsujun, eu acho que é melhor eu voltar para o hotel.
- Iie – ele pousou a mão sobre seus cabelos – Fica aqui mais um pouquinho, tá tão bom!
- Demo... eu to com sono.
- Dorme.
- Demo... – ela se levantou.
- Nani?
- Dormir aqui? Não sei se devo.
- Não seja boba. Não vou... não vamos fazer nada. É só dormir. Depois eu te levo para a cama.
- E você?
- Não se preocupe comigo. Deita de novo – ele deu um tapinha na perna, como um pai quando chama o filho para deitar no colo dele – Mas antes...
Ele se adiantou e novamente a beijou nos lábios, envolvendo sua cintura com uma mão, e com a outra segurando sua nuca. Dessa vez, ela o retribuiu sem pudor algum.
O beijo prolongou-se até que Carol teve que afastar-se para bocejar novamente.
- É, pelo jeito você está mesmo com sono, hahaha! – Jun jogou a cabeça para trás, rindo.
- So, so – Carol aproximou-se e deu um beijinho na ponta do nariz dele e depois se deitou outra vez, ajeitando a saia com as mãos.
Jun pousou novamente um dos braços na barriga dela e, com a outra mão, acariciava seus cabelos. Aquele carinho estava tão relaxante que Caroline virou-se de lado, de encontro ao peito dele, aconchegou-se e fechou os olhos, mas não dormiu de imediato. Apenas ficou ouvindo enquanto ele assobiava baixinho uma música que ela não reconheceu.
Ainda de olhos fechados, perguntou:
- Que música é essa?
- Papier, de Moriyama Ryoko.
- Uhm, acho que nunca ouvi falar.
- Ela é muito boa.
Novamente Caroline ficou em silêncio enquanto ele assobiava a canção e, dentro de alguns minutos, Jun sentiu sob sua palma que a respiração dela ficara mais lenta e compassada. Ela havia adormecido.
Ele ficou alisando os cabelos dela por meia hora ou mais, sem assobiar, ouvindo somente a respiração de Carol e admirando-a. Ela era tão bela e tão serena quando dormia! Tinha um sorriso nos lábios e só de olhar para ele, soube que era sincero. Sorriu também, pensando no tamanho da sua felicidade.
Sentir-se assim era egoísmo, ele sabia. No fundo de suas lembranças, ainda enxergava a amargura nos olhos de Yui no domingo pela manhã, quando foi abordado por ela antes de ir para o hotel.  E, em seus ouvidos, as palavras que lera no bilhete dela na segunda ainda falavam alto. Mas Matsumoto Jun não conseguia ignorar o que sentia naquele momento. Vendo a moça que conhecera tão bem por cartas e por quem se apaixonara perdidamente naqueles poucos dias de convívio, dormindo serenamente em seu colo, ele não conseguia pensar friamente na obrigação que tinha de ficar com Yui ou em suas responsabilidades. Quando pensava assim, sentia que seu egoísmo era correto e aceitável.
Olhou no relógio de pulso. Era quase 1h e ele tinha que acordar cedo na manhã seguinte, pois tinha uma seção de fotos para uma reportagem especial de uma revista às 8h da manhã do dia seguinte. Teria ainda que passar no hotel para deixar Caroline, do outro lado da cidade. Então, afagou mais um pouco a cabeça dela e gentilmente, com todo o cuidado, a pousou sobre o sofá e se levantou.
Foi até o quarto arrumar a cama, colocar lençóis limpos e um cobertor. Depois pegou uma troca de roupa de cama para colocar no sofá, para si, e trocou de roupa, vestindo-se para dormir. Fez sua higiene pessoal e voltou para a sala onde Carol ainda dormia profundamente.
Novamente, parou para admirá-la por um momento e refletiu o quanto era sortudo. Então, jogou por cima dos braços nus o blazer que ela deixara na guarda do sofá e a pegou no colo, tendo o cuidado para não deixar que suas pernas fossem descobertas, segurando o vestido dela. Carol abriu um pouco os olhos e abraçou o pescoço de Jun, segurando-se, deu um sorriso sonolento e voltou a dormir.
Ele a soltou na cama e a cobriu com o sobrelençol e o cobertor. Deixara outro dobrado aos pés da cama, para o caso dela acordar no meio da noite com frio. Beijou sua testa e voltou para a sala, sentindo então o peso do sono.
Jun confirmou se a porta do apartamento estava trancada e foi deitar-se. Ele nunca dormira no sofá antes, aquela seria a primeira vez. Nas vezes que Yui ia passar a noite lá, eles dividiam a cama. Ainda bem que aquele sofá era confortável e espaçoso. Acomodou-se da melhor forma possível e dentro de dez minutos, estava dormindo.

***

Na manhã seguinte, seu despertador tocaria às 6h30, mas quando os primeiros raios de sol invadiram a sala, Jun já acordou e o máximo que conseguiu foi dar uns cochilos até que ele gritasse alto.
Tinha separado uma troca de roupa para si, que estava sobre a mesinha de centro, e ele se trocou em cinco minutos e foi para a cozinha preparar o café da manhã. Não tinha muita coisa, no meio da semana sua geladeira sempre ficava meio vazia, mas ele fez o que pôde, e às 7h, foi acordar Caroline.
Ela estava ainda completamente adormecida e ele deu-lhe um beijo na face, chamando-a suavemente, ao que Carol se remexeu na cama e abriu um dos olhos. Ao identificá-lo, rapidamente se lembrou dos acontecimentos da noite anterior e virou o rosto, para que ele beijasse seus lábios.
Jun então se desequilibrou, encurvado como estava, e caiu sobre ela, que riu alto. Ele também riu, se ajeitando na cama ao seu lado, ele por cima e ela por baixo do cobertor, e eles se abraçaram e beijaram novamente. Ficaram assim por dez minutos, até que ele disse, enquanto brincava com uma mecha de cabelo dela:
- Eu já preparei o desjejum. Vamos logo, que eu tenho que estar no estúdio para tirar fotos às 8h.
- Que horas são agora? – Carol se sentou no colchão.
- Quase 7h15.
- Certo. Eu vou só... err... eu ainda estou com a roupa de ontem. – olhando-se. – Ela está toda amassada da noite.
- Uhm... não se preocupe. Tem uma troca de roupa de Yui aqui, pode usá-la. – ele se levantou e pegou uma calça jeans e uma blusa de linha no guarda-roupa.
- Tem certeza? Ela não ficará brava?
- Iie. Demo... hoje ou amanhã eu pego no hotel com você, está bem?
- Hai!
- Se quiser tomar uma ducha, fique à vontade. Eu pego uma toalha para você.
- Deixa, eu faço isso quando chegar no hotel. Não quero te atrasar. – se dirigindo ao banheiro – Vou só lavar o rosto e escovar os dentes... demo... – olhando para ele com o olhar de quem está precisando de algo, mas não quer pedir.
- Hahaha! – Jun riu – Na primeira gaveta do armário no banheiro tem uma escova ainda fechada, que não foi usada por ninguém. Estarei na cozinha te esperando.
Ele voltou para a cozinha, enquanto ela fechava a porta do banheiro.

***

Débora queria poder conversar com a amiga quando voltou para o hotel às 11h da noite de terça-feira, mas Carol não estava lá. Talvez ainda não tivesse voltado do jantar e ela foi tomar banho, enquantos breves insights de sua conversa com Ninomiya Kazunari surgiam em sua mente e retumbavam em seus ouvidos.
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Pequeno flashback [7]

- Deb... ano... como posso dizer? – Kazunari passou a mão pelos cabelos, ansioso, depois que ambos tinham terminado a refeição e o garçom viera retirar os pratos.
- Kazu, que tal... se você começasse do princípio? – Débora atravessou o braço sobre a mesa e tocou carinhosamente a mão dele. – Não precisa ficar tão nervoso. Já disse que vou me casar com você, não importa como nem onde. Mas se tiver que ser realmente aqui no Nihon, eu preciso falar novamente com meus pais e também, tem a passagem que eu preciso suspender.
Ele não quis falar sobre a conversa de logo mais cedo enquanto os dois comiam. Então, durante todo o jantar, mesmo ela tentando arrancar alguma coisa dele, algum parecer que Johnny Kitagawa dera, ele ficou irredutível. Agora, finalmente, abrira a boca e ela estava aliviada, pois durante todo o tempo desde que saíram do hotel, ela notou que ele estava triste e preocupado, mas quando ela soubesse de fato o que tinha acontecido, entenderia o porquê dele estar assim e poderia, talvez, consolá-lo, se ela mesma não precisasse ser consolada.
- Hai, hai – ele disse, segurando a mão dela com as pontas dos dedos. – Do começo. Acho melhor ir direto ao ponto, né?
Ela somente concordou com a cabeça e deu um sorriso leve, encorajador.
- Etto ne, o Kitagawa-san não permitirá que nos casemos no Brasil. – com uma mão, segurava a dela sobre a mesa, a outra caía sobre o colo, e ele começou a bater levemente a ponta do pé no chão. – Ele disse que já está sendo muito complacente permitindo nossa união, mas um casamento em outro país, outro continente, ele jamais vai aceitar.
Os olhos dele estavam cheio de lágrimas, mas ele não permitiu que nenhuma delas caísse. Débora sentiu o coração apertar ao vê-lo assim.
- Você deve estar me odiando. Eu prometi que íamos casar no Brasil.
- Daijoubu – ela sorriu novamente, querendo passar-lhe confiança. – Isso não faz diferença alguma, você já sabe – apertando a mão que segurava a sua.
Por mais que ela já soubesse daquilo, pois ele a avisara assim que saiu da reunião, Débora ficou surpresa, não podia negar. Ele estava naquele estado por causa do chefe, mas não ficara nem um pouco abalado quando foi seu pai que se opôs ao casamento no exterior. É, realmente Johnny Kitagawa exercia grande poder sobre os telentos liderados por ele. Sua fama no ocidente não era tão exagerada assim.
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Quando saiu do banho, Carol ainda não havia chegado. Débora estava casada, e tudo que ela queria era poder conversar direito com a amiga logo para poder dormir. Já era meia noite e ela não ia aguentar esperar por muito tempo. Decidiu que ia secar o cabelo com o secador, não aguentava nem esperá-lo secar. Voltou ao banheiro.
Enquanto o ar quente do aparelho esquentava sua cabeça, ela continuou lembrando.
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Pequeno flashback [8]

- Quer dizer que devo ligar para meus pais? – ela perguntou, depois de quase meia hora com Kazunari relatando palavra por palavra a reunião.
- Ano... eu acredito que sim.
- Fico preocupada em como dizer para eles que de uma hora para outra eles terão que fazer uma viagem tão longa e tão cara.
- Eu... falei sobre isso com o Johnny-san. Não podíamos pedir que seus pais se virassem para vir para cá. 
- E o que ele disse? – Débora não esperava que ele tivesse se adiantado tanto e já falado com o BIG BOSS sobre isso, nem que ele fosse se preocupar tanto assim com a família dela. Afinal, ele não se preocupava com a dele, e nem entrara em detalhes com ela nem ela perguntou.
- Ele disse... – Nino segurou novamente a mão dela sobre a mesa. – Que vamos... que a agência vai pagar as passagens.
- Majide!?
- Hai.
- Demo... nande? – ela ficara verdadeiramente surpresa dessa vez e não entendia nada. Qual o motivo dele querer pagar?, ela pensou,O que ele ganha com isso? Eu não sou ninguém para Johnny Kitagawa, né?
- Não sei, quando eu perguntei, ele simplesmente encerrou a reunião, dizendo que tinha compromissos. Demo... eu acho, pelo jeito que ele disse isso, que o Kitagawa-san quis prevenir que não teimássemos em casar no Brasil, mesmo contra sua vontade, por seus pais não terem, porventura, condições de vir para o Japão.
- So desu... – ela ficou pensativa por alguns segundos – Mas além dos meus pais, queria que ao menos meus avós, os pais da minha mãe que ainda são vivos, pudessem vir, e a Marcela e o Fábio.
- Quem são esses?
- Amigos meus e da Carol. A Marcela tem a idade da Carol e o Fábio a minha. Eu e ele estudamos juntos na faculdade.
- Ano... – ele a olhou, de repente com o olhar preocupado novamente – Você e esse rapaz... são apenas amigos, né?
Ela riu do ciúme dele, inesperado, mas que a fez se sentir bem.
- Hai! Somos amigos. To-mo-da-chi. Apenas isso. Apesar de... – ela se deu conta de que ia falar algo desnecessário e calou.
- Apesar...? – ele insistiu que ela prosseguisse.
- Nandemonai.
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Olhando para o espelho enquanto secava os cabelos, Débora riu novamente. Aquele bobinho lindo sentiu ciúme dela.
Desligou o secador e o pendurou novamente no gancho na parede. Saiu do banheiro e, como já passava da meia noite e nem sinal de Carol, ela resolveu ligar pra a amiga. Discou para o celular dela, mas chamou até cair na caixa postal. Tentou novamente, mas não obteve sucesso. Como não sabia os números do telefone de Jun ou de seu celular, ela decidiu esperar mais quinze minutos. Mas quando os minutos passaram e Caroline não chegou, ela cansou de esperar, seus olhos já fechavam sozinhos.
No dia seguinte, logo pela manhã, ligaria para a companhia aérea para ver o que faria com sua passagem comprada para sábado, já que não voltaria. Tentaria transferi-la para o nome de Carol, para que, quando ela tivesse que voltar para o casório, já tivesse como vir. E à noite ligaria para seus pais. Possivelmente eles não aceitariam numa boa que o casamento não seria mais no Brasil e eles teriam que viajar, mas algo lhe dizia que, mesmo que eles ficassem de mal-humor, ainda assim não se oporiam.

***

Quando ela acordou quinta-feira, ouviu barulho de água corrente vindo do banheiro. Sentou-se na cama, ligou o abajur e viu a bolsa de Caroline e o vestido preto jogado em cima da cama desta, que evidentemente não fora sequer mexida desde o dia anterior, o que provava que ela passara a noite fora do hotel.
Débora sorriu. Carol danadinha, pensou. Ouviu quando a amiga desligou o chuveiro e em cinco minutos ela saía com a toalha enrolada no corpo. Olhou o relógio sobre o criado-mudo: 8h20.
- Muito bem dona Caroline! Me conte tudo. Que história é essa de dormir fora, hein?? – sorrindo marota para amiga, com olhar cúmplice.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 30


Assim que Carol desligou o celular, Ninomiya entrou no saguão. Vestia uma calça de moleton preta, uma camiseta cinza com alguns desenhos abstratos na frente, um casaco de moleton também cinza, com um capuz cobrindo parcialmente seu rosto, e um par de sapatenis brancos. Tinha o olhar meio perdido e ela pôde perceber o quão desanimado ele estava.
Débora, ao vê-lo entrando, seguiu até ele e o abraçou, não com a euforia habitual, mas com calma e resignação, e ele retribuiu o abraço e deu um selinho nos lábios dela. Os dois caminharam calmamente, de mãos dadas, até o sofá onde Carol estava sentada.
Eles assim, caminhando lado a lado, realmente pareciam um casal de namorados que se amavam muito. Qualquer dúvida que ela tinha a respeito disto sumiu nesse momento. Os dois estavam tão bonitos juntos que Carol sentiu dentro do peito uma felicidade tão grande ao ver como a amiga estava feliz e encontrar o homem de sua vida tão rapidamente! Mesmo com a pequena diferença de altura – com o salto, Débora ficou um pouco mais alta que Nino – eles eram perfeitos juntos.
- Konbanwa, Karorine-san.
- Carol, Nino. Você nunca vai se acostumar né?
- Ok. Karoru.
- Assim está melhor! Konbanwa – Carol ficou de pé, curvou levemente a cabeça e apertou a mão que ele lhe estendia. Depois do aperto de mão, ele se adiantou e beijou-lhe a face.
- Vai sair também?
- Ela vai jantar com o Matsujun – Débora deu uma piscadela para a amiga.
- Boba. Isso mesmo Kazu-chan. Ele deve estar chegando, disse que demorava uns dez minutos.
- Tá bonita, Karoru. Apesar de eu não ser fã de vestidos. Ainda bem que minha namorada é a Deb, hahaha.
Débora olhou fingindo estar brava com Nino e mostrou a língua, dando um sorrisinho em seguida. Ela também não era fã de vestidos, preferia calças, mas tinha um ou dois.
Nino sorriu de volta e levou sua mão aos lábios, beijando-a.
- Arigatou. – Carol ficou um pouco envergonhada e baixou a cabeça.
Ela vestia um vestido preto simples, frente única, com uma bolsinha bege com detalhes em dourado atravessada sobre o corpo.  Usava sandálias não muito altas, também pretas, com detalhes no mesmo tom da bolsa. Sua maquiagem era mais suave que a de Débora, como sempre, somente lápis preto nos olhos e batom marron mel.  O coração, obviemente, pendia sobre o peito, dando um charme todo especial.
Nino reparou pela primeira vez naquela corrente que Sho e Ohno já haviam notado. Mas foi discreto, para não dar na cara que estava observando.
- Vamos então? – Débora se virou para ele e perguntou.
- Hai! Não faz mal a gente ir já, Karoru?
- Iie. – ela balançu a mão no ar, negativamente – Podem ir.
- Etto... ikimasho ka?
- Ikimasho! – Débora soltou a mão do noivo e se aproximou para se despedir com um beijinho no rosto. – Mata ne, Carol.
- Mata! – Nino acenou com a mão e, com a outra, pegou novamente a mão de Débora e ambos seguiram para a porta.
Dali a cinco minutinhos Jun estava entrando no saguão. 
Konbanwa Karoru-chan! – Jun cumprimentou encurvando-se, não sem antes observar que o coração estava no pescoço dela como estivera desde o primeiro dia.
Konbanwa!
Caroline se levantou do sofá onde voltara a sentar-se e cumprimentou Jun com uma leve inclinação da cabeça. Ela não se dava muito bem com o jeito japonês de cumprimentar nem se sentia à vontade de dar beijinhos no rosto de Jun à moda brasileira.
Ambos se sentiam um pouco desconfortáveis na presença um do outro. Não tinham se visto ainda depois da conversa de domingo de manhã.
Ikimasho ka? - Jun perguntou, já se dirigindo à porta. Ele não sabia se devia falar mais alguma coisa e preferiu ir embora logo.
Ikemasho. – Carol disse e o seguiu.
Foram jantar no mesmo restaurante que ele o os outros levaram ela e Débora pra almoçar naquele primeiro dia no Nihon.
Durante a refeição, conversaram somente sobre amenidades. O tempo, as estações, os pontos turísticos de Tóquio que ainda faltavam para as meninas conhecerem, como por exemplo a Tokyo Tower. Falaram do Brasil, das belezas que Carol já vira, das praias e das florestas, os belos lugares, as festas populares de sua cidade que não era cidade grande. Nenhum dos dois queria tocar em algum assunto comprometedor por hora, e ambos não sabiam ao certo até que ponto podiam ir com as palavras, para não comprometer a amizade deles.
Carol não parava de pensar no que acontecera com Jun e Yui e que ela era a causa da desavença. Ao mesmo tempo, não conseguia parar de admirá-lo e sentia que, observando-o assim de perto, cada vez se apaixonava mais, era algo fora de seu controle.
Matsumoto Jun era tão lindo! E estava perfeito naquelas roupas: calça jeans escura, uma camisa branca para fora da calça, blazer e chapéu no mesmo tom e sapatos sociais tão pretos que brilhavam, e ela desconfiou que fosse couro legítimo lustrado. Sem contar o maravilhoso perfume que exalava dele, só de estar a alguns centímetros no carro ao seu lado no banco do passageiro, ela pôde sentir a fragância deliciosa que vinha de Jun.
Jun também a observava discretamente enquanto conversavam amigavelmente e terminavam a refeição. Ela estava deslumbrante aos seus olhos, como não estivera em nenhum dia antes. Aquele vestido caia perfeitamente bem em seu corpo e era um longuete que deixava à mostra apenas os tornozelos.
- Pronto - Jun guardou de volta o cartão de crédito na carteira e colocou-se em pé – Vamos para meu apartamento agora?
Ele pensara muito antes de fazer o convite. Não ia atacá-la nem nada parecido, não era essa sua ideia, mas queria ter a chance, o quanto antes, de mostrar para ela o que verdadeiramente estava sentindo. Pesou os prós e os contras e finalmente chegou à conclusão de que o melhor seria confessar seu amor, mesmo que ela não o correspondesse, pois seria melhor ele ser sincero consigo e com Caroline e pôr logo as cartas na mesa, para evitar sofrimento desnecessário.
Mas se ela o aceitasse, então ambos juntos pensariam numa solução para a separação eminente, dentro de apenas alguns dias, quando ela tivesse que ir embora.  Com certeza, se o amor de Jun fosse correspondido, ele seria o homem mais feliz do mundo e teria toda a força e determinação necessária para enfrentar nem que fosse o diabo para que eles pudessem ficar juntos.
- E então? – ele insistiu, quando Caroline hesitou e não conseguiu falar nada por alguns segundos, que para ele pareceram minutos, ou até mesmo horas.
- Ano... não sei. Seu apartamento? Demo ne... eu nunca fui no seu apartamento.
- Irá hoje. Qual é o problema?
- Jun...
Eles haviam saído do restaurante e a noite estava um pouco gélida. Carol sentiu repentinamente um arrepio enquanto caminhavam lado à lado em direção ao estacionamento e passou as mãos pelos braços, dando um abraço em si mesma. Nesse momento, Jun tirou o blazer e colocou sobre os ombros dela. O perfume dele invadiu seu nariz e sua consciência. Era realmente a melhor fragrância que ela já sentira.
- Você vai pegar um resfriado, Karoru-chan. Está frio e mesmo assim você saiu apenas com esse vestido, sem casaco algum.
- Não precisa. Assim, quem vai sentir frio é você.
- Iie. Demo... ikimasho ka? Para meu apartamento?
Caroline foi pega de surpresa quando novamente ele pergunou aquilo. Não esperava por isto nem sabia como reagir. De repente suas pernas bambearam e ela teve que parar de andar para retomar a concentração. Jun parou a seu lado.
- Doushita no? Algum problema? – a amparando pelas costas.
- Nandemonai.
- Tem certeza?
- Hai. Ano... Matsujun... por que quer que eu vá até sua casa? – voltando a andar lentamente; Jun a acompanhou.
Alcançaram o carro e, antes de ele entrar, abriu a porta para ela, esperou que ela entrasse e depois a fechou, como um cavalheiro. Carol gostava desses modos que apenas gentleman’s genuínos ainda mantinham nos dias atuais. Homens que traziam, desde o berço, uma educação bem direcionada e maneiras refinadas. Homens que sabiam lidar com uma mulher.
Matsumoto Jun não só abriu a porta do carro para ela ali no estacionamento do restaurante, como também ao saírem do hotel, e no restaurante puxou sua cadeira. Sim, ele era um cavalheiro autêntico e isso fez com que ela se apaixonasse ainda mais.
Quando ele entrou e se sentou atrás do volante, respondeu, encarando-a com o maior dos sorrisos, que a fez querer acompanhá-lo para qualquer lugar:
- Porque eu quero ficar um pouquinho a sós com você. Quero conversar com você. Tenho coisas a te dizer e tem algo que quero te mostrar.
- Mostrar a mim?
- Hai! – dando a partida no carro.
- Err... ano...
- Você está... com medo de mim?
- Medo? – ela o olhou espantada, enquanto ele manobrava o carro para sair do estacionamento.
- É. Não precisa ter medo, Karoru-chan.
- Não tenho. Por que estaria com medo de você?
- Não sei. – ele aproveitou que o sinal estava fechado e a olhou, com um belo sorriso – Poderia pensar que sou algum maníaco sexual ou algo assim – completou, com tom de voz maroto, e deu uma risada.
Caroline riu também, mas a verdade é que estava nervosa. Não sabia se devia ou não aceitar o convite dele. Mas ele estava tão sublime naquela noite, tão encantador, e quando ele olhava para ela daquele jeito, seu coração parecia que ia saltar do peito. Por fim, ela disse:
- Daijoubu. Iremos... para seu apartamento.
Durante o restante do percurso, de uns dez minutos, ambos ficaram em silêncio. Jun exultava de felicidade e sentia-se ansioso, pois não sabia ao certo o que falaria e como agiria. Carol, por sua vez, sentiu-se um pouco desconfortável e tinha certo receio do que poderia acontecer. De repente, sentiu medo. Não de Jun, lógico que não. Medo dela própria.
Jun entrou na garagem e se dirigiu ao elevador, e Caroline o seguia em silêncio. Ela sabia que Yui era sua vizinha e, de certa forma, mesmo ela não estando ali, Carol se sentiu invadindo o território inimigo quando passaram na frente do apartamento dela e Jun o indicou com a mão, e pegou a chave de seu próprio apartamento.
- Karoru-chan, pode entrar – ele avançou e novamente ela o seguiu.
Matsumoto Jun tirou o chapéu e o penturou numa chapeleira pregada na parede e descalçou os sapatos, colocando os chinelos. Na mesma prateleira de onde os pegou, tinha um par de chinelos cor-de-rosa.
- Use estes. São de Yui.
- Posso mesmo? – ela já tirava as sandálias.
- Claro! Agora, sente-se ali no sofá que vou preparar um chá para nós. Se quiser, pode ligar a televisão.
Caroline fez um gesto afirmativo com a cabeça e foi se sentar, enquanto ele foi para a cozinha. Não quis ligar a TV. Pegou um mangá que estava solto sobre o sofá e começou a folheá-lo. Era o quinto volume de One Piece, uma história de anos atrás, que fez muito sucesso no Brasil, mas com o tempo foi sendo suplantado por quadrinhos mais atuais.
Ela começou a ler e acabou se distraindo, nem notando que Jun voltara e estava sentadas na outra ponta do sofá, com as duas xícaras na mão, de onde saía fumaça. Quando ergueu os olhos para afastar um fio rebelde de cabelo da testa, o enxergou e instantaneamente fechou o mangá.
- Pode continuar a leitura.
- É melhor não – ela se aproximou um pouco dele – O chá vai esfriar.
Carol esticou a mão e pegou uma xícara, soprando de leve e levando-a à boca. Jun fez o mesmo. Eles ficaram em silêncio por uns quinze minutos, enquanto bebiam calmamente o chá, olhando um para o outro e, esporadicamente, seus olhares se encontravam e eles sorriam.
Finalmente, quando a bebida terminou, Carol soltou o copo sobre a mesinha de centro, respirou fundo e abriu a boca para falar. Alguém tinha que quebrar aquela quietude constrangedora, onde só se ouvia os barulhos dos carros lá embaixo na rua. Ela disse:
- Ano... Matsujun...
- Nani? – ele também soltou sua xícara e olhou para ela.
- Err... o que você queria falar comigo?
Jun sabia que uma hora ou outra teria que dizer alguma coisa, mas a verdade é que ele estava sem coragem. Sentiu seu coração bater forte e, sem responder, apenas se levantou e caminhou devagar até seu quarto. Acendeu a luz, abriu a gaveta e tirou de lá o pingente de chave, e para não deixar que Caroline visse, escondeu dentro da mão e apertou os dedos. Voltou para a sala.
Carol o observou atentamente. Não entendeu o que ele foi fazer no quarto, nem conseguiu ver se ele tinha realmente feito algo, já que não dava para ver nada além da porta de onde ela estava sentada. Viu-o se aproximando novamente, com a mão esquerda fechada em punho. Era evidente que ele trazia algo dentro dela, mas ela não sabia o que era.
Dessa vez, ele se sentou mais perto de Carol no sofá e a encarou. Ela ainda estava com o blazer dele e de repente, vendo-o tão perto, sentiu calor, devido ao nervosismo, e tirou o casaco, deixando-o sobre o encosto do sofá. Nesse instante, quando ela se virou e novamente olhou para Jun, ele abriu a palma e nela estava a chave que Carol mandara para ele em 2011.
- Jun, o que...
- Shhhh... – ele levou o dedo em riste sobre os lábios dela.
Com o toque, aquele mínimo toque, ela sentiu que seu coração ia parar de bater.
- Esta chave – Jun tirou o dedo dos lábios dela e novamente a encarou, segurando firmemente a chave entre os dedos. – é desse coração, né?
Automaticamente, a mão dela, que pendia no colo, ergueu-se e os dedos se fecharam em volta do pingente em seu pescoço. De olhos fechados e cabeça baixa, Carol concordou com a cabeça.
- Eu sabia! Por que me mandou essa chave, Karoru-chan?
- Eu... eu... – ela gaguejou – eu não tenho certeza.
- Você... sente algo por mim?
Ela pensou em mentir. Negar aquilo tudo. Mas quando ia responder negativamente, o som não saiu e ela se sentiu completamente impotente diante de Matsumoto Jun. Então, simplesmente concordou, ainda de cabeça baixa.
- Você... sente o que por mim, Karoru-chan?
- Ano... – ela disse, mas quase não saiu voz. Não esperava por aquilo. Calou.
- Diz pra mim.
- Eu... – ela começou a falar com a voz normal e foi baixando gradativamente – Eu... estou apaixonada por você.
- Nani? Fale um pouquinho mais alto, onegai. Eu não consegui ouvir.
- Eu... estou apaixonada por você.
Ela falou um pouquinho mais alto e ele entendeu, mas queria ouvi-la mais uma vez. Então fez um gesto para que ela falasse novamente, fingindo que ainda não tinha escutado.
- Eu gosto de você. – dessa vez ela falou a frase inteira em tom constante e audível.
Caroline já sentia seus olhos inundarem de lágrimas. Não sabia por que, mas sentiu uma vontade incontrolável de chorar. Não esperava ser interrogada dessa forma, não esperava ter que confessar isso. Com certeza, agora o Matsujun devia estar com raiva dela ou algo parecido. Ia mandá-la embora dali e não quereria mais vê-la até o dia de sua viagem. Esses pensamentos fizeram com que as lágrimas ainda suspensas no olhar rolassem por sua face.
Jun a viu chorar assim baixinho, com a cabeça baixa, e sentiu uma ternura imensa. Não continha a felicidade de saber que ela também gostava dele, mas as lágrimas dela o surpreenderam e ele foi impulsionado a fazer alguma coisa.
Sem nenhum aviso prévio, ele soltou a chave no colo, segurou o rosto de Carol entre suas mãos e a beijou suavemente. A princípio, ela não retribuiu o beijo, assustada, mas lentamente foi abrindo os lábios. A água salgada em sua face invadia a boca de ambos, mas nenhum dos dois se importava.
Depois de alguns minutos, ambos pararam para respirar. Ele então beijou todo o rosto de Caroline, secando-lhe as lágrimas. Ela ainda chorava, mas já não tinha certeza se era de tristeza ou alegria. Jun era o melhor homem que existia na face da terra, Carol não tinha nenhuma dúvida.
- Karoru-chan... – ele falou enquanto a beijava delicadamente – Ore mo. Daisuki dayo.
- Hontou? – ela lentamente deixou um sorriso aflorar, que iluminou o ambiente.
- Hai!
Impulsivamente, ela abraçou-o com força e chorou sobre seu ombro. Jun retribuiu o abraço e, com a mão, alisava seus cabelos. Ficaram assim por alguns minutos, em silêncio, somente ouvindo a respiração de ambos, sem pensar em nada além da felicidade que ambos sentiam.