E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

domingo, 23 de setembro de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 32


O sorriso de Matsumoto Jun estava ainda mais radiante do que de costume. O fotógrafo e todos os assistentes e funcionários do estúdio olharam para ele, sentado naquele sofá para a primeira foto, e não conseguiram conter um sorriso em resposta.
Realmente, ele não conseguia não sorrir, e mesmo quando teve que fazer uma cara séria, acabava sorrindo e antes de bater a foto, o fotógrafo disse mais de uma vez para ele não flexionar os lábios, deixa-los simplesmente naturais. Jun demorou mais que o normal para conseguir fazer essas fotos mais sérias a contento. Alguém perguntou:
- Matsumoto-san, se me permite a ousadia, aconteceu algo bom? O senhor está com uma aura muito alegre e não para de sorrir.
- Não aconteceu nada – ele respondeu, tentando parecer irritado com a pergunta, mas não deu muito certo e, no fim, seu bom humor venceu outra vez.
- Gomen. – o homem se curvou – Bem, vamos continuar?

***

- Eu dormi no apartamento do Jun. – Carol seguiu até o interruptor e ligou a luz do quarto, enquanto a amiga permanecia sentada imóvel na cama, olhando para ela com a cara toda amassada de sono.
Caroline respondeu com naturalidade. Toda a timidez que tinha na frente das pessoas em geral, toda a sua introspecção sumia quando falava com Débora. As duas eram amigas desde os tempos de colégio, e mesmo com alguma diferença de idade – Débora era quase três anos mais velha que ela – elas se davam muito bem. Conheciam cada segredo uma da outra e nunca escondiam nada.
Mesmo assim, evidentemente, Carol notou que Dé já estava tendo pensamentos equivocados e sabia que com aquela sua resposta muito direta de onde tinha passado a noite só fez crescer a imaginação dela.
- Uhm… no apartamento do Jun... e que sorrisinho é esse no seu rosto? – ainda parcialmente embaixo do cobertor, ela fez sinal para que Carol se sentasse a seu lado.
- Sorrisinho? – sentendo-se perto da outra.
- A-ha!! Então a noite foi boa?
- Que noite? – Carol passou a mão pelos cabelos e olhou para o lado, se fazendo de desentendida, mas já sabia muito bem aonde Dé queria chegar. Deu um leve sorriso.
- Como “que noite”?! Essa noite QUE VOCÊ DORMIU COM O MATSUMOTO JUN!!!
- Silêncio! Quer que todo o hotel te escute? – tapando a boca de Débora com a mão.
- Então me conte. Foi bom? – tirando a mão de sobre sua boca.
- Muito – Carol sorriu abertamente.
- Agora que você vai ter que me contar! – Débora ficou em pé de um pulo, colocando-se em frente da amiga e lhe segurando os ombros. – Sem enrolação. Quero saber tudo. Tu-do.
- Ah, Dé, a gente se beijou!
- isso?
- Como assim só? Pra mim isso é muito, fiquei bastante feliz. Mas enfim... também dormi no colo dele enquanto ele assobiava uma bela canção.
- E...?
- E não tem mais nada. E dormi na cama dele, ele me levou para o quarto...
- Você dormiu na cama dele? – Débora interrompeu; voltou a se sentar.
- Sim. Mas ele dormiu no sofá.
- So ka… Nani?? No sofá?!
- Hai.
- Peraí… ele dormiu na sala, você dormiu no quarto. E então, onde aconteceu?
- Não aconteceu nada, tá legal? – Carol mostrou a ponta da língua para Débora e sacudiu levemente a cabeça.
- Majide?! Nadinha, nadinha?
- Nós nos beijamos, isso não é nada? Não quer saber como isso aconteceu?
- Sim, um beijo é muita coisa. Só pensei que, pra você ter passado à noite fora... – Débora voltou os olhos pela primeira vez para a calça e a blusa que Caroline segurava – De onde são essas roupas?
- O Jun me emprestou hoje cedo, porque o vestido estava todo amassado. São de Uemura Yui. 
- Como?
- Isso mesmo que você ouviu. Ele me emprestou. Disse que Yui foi viajar. Sinceramente, me sinto um pouco mal, acho que realmente prejudiquei o namoro deles. Mas to tão feliz que não consigo pensar muito nisso.
- Então me conta direitinho. O que vocês fizeram antes, durante e depois do jantar? Por que acabaram se beijando? Vocês se declararam ou algo assim? Por que Uemura Yui foi viajar? Eles terminaram o namoro? E por que você dormiu lá?
- Calma, Dé. Vou contar tudinho. Mas que tal você lavar ao menos o rosto primeiro? Seus olhos estão cheios de remela.
- Eca! – Débora passou a mão nos olhos, por reflexo, e seguiu em direção ao banheiro – Não fale assim, sua nojenta!
As duas riram.
Quando Débora saiu do banheiro 20 minutos depois, de banho tomado, trocada, cabelos penteados e totalmente acordada, Carol sorriu para a amiga, deu um tapinha no colchão e disse:
- Yosh! – começando a relatar todo o acontecido para sua melhor amiga.  

***

Logo depois do almoço, os cinco se reuniram pela primeira vez aquele dia, no prédio da JE. Durante a manhã, cada um tinha cuidado de seus compromissos pessoais e não se viram.
Na sala do Arashi, todos se acomodaram logo. Dessa vez, quem ficou na poltrona foi o Nino, logo sacando seu DS do bolso.
Ohno levantou calmamente do sofá, foi até o mais novo e tomou-lhe o game das mãos, voltando a se sentar em seguida. Guardou o DS no bolso da jaqueta.
- O que está fazendo Oh-chan? Deixe-me jogar!
- Kazu-chan, agora você não vai jogar. Quero que nos conte como foi ontem?
- Ah, isso! Mas eu não posso terminar o jogo primeiro?
- Não! – responderam os quatro em uníssono.
Todos sabiam que se Nino ficasse com o game, facilmente ele se distrairia. E todos sabiam que coisas muito importantes para a vida dele tinham sido decididas no dia anterior, mas ele não quis comentar muito antes de falar com a noiva.
Ninomiya Kazunari olhou para os amigos que o encaravam, suspirou e comentou:
- Aiai, o que vocês querem saber? O Jun-pon aqui também tem coisas para contar, acho. – ele olhou para o outro, que estava confortavelmente deitado em um puff.
- Oe oe oe. O que tem eu? – mais uma vez naquele dia, Matsumoto Jun tentou disfarçar o humor.
- Nem vem fingir que ta bravo, que eu te conheço – prosseguiu Nino – Olha só a tua cara de bobo-alegre.
Nesse momento, os outros três, que ainda olhavam para Nino, viraram a cabeça para Jun. Ohno sorriu e disse:
- É né, acho que o Kazu-chan tem razão. Você está mesmo com cara de bobo, Matsujun.
- Até tu Brutus?! [*alusão ao assassinato de Júlio César, ditador de Roma]
Todos riram, até Jun, que não conseguiu mais esconder o sorriso, nem apagar o brilho do olhar.
- Tudo bem, eu conto vai.
- Então tem mesmo o que contar? – Sho pisca os olhos, interessado.
- Hai. Ontem, eu e a Karoru-chan nos beijamos. Ela dormiu no meu apartamento.
- Majide?! – os quatro agora arregalaram ainda mais os olhos, tendo a mesma ideia que Débora tivera horas antes.
- Não aconteceu nada. Ela... nós... só dormimos, ta legal? Ela não é desse tipo.
- Que tipo? O seu, você quer dizer, hahaha – Aiba lançou.
- Ah, fica quieto Aibaka e deixa-me contar as coisas direitinho que vocês vão entender!
Matsumoto Jun começou a relatar para os amigos tudo o que se passara com ele e Caroline na noite anterior.

***

Enquanto ouvia a voz compassada, porém cheia de emoção e alegria, do amigo, Ninomiya Kazunari refletia sobre sua própria sorte.
A reunião da manhã de ontem com Johnny Kitagawa não saía de sua cabeça desde que o senhor de mais de 80 anos fora tão taxativo ao dizer as palavras: “Escute bem, Ninomiya-kun, se o senhor levar adiante essa história de casamento no estrangeiro, saiba que nosso contrato será cancelado imediatamente e o Arashi acaba pra você no mesmo instante”.
Quando o BIG BOSS disse isso, ele pensou realmente em desafiá-lo, mas quando ia abrir a boca para dizer que estava determinado a se casar no Brasil, Johnny-san prosseguiu: “pense muito bem nisso. Você acha mesmo que, depois de todo esse tempo, o Arashi vai conseguir existir sem você? E o seu compromisso com os outros, comigo, com os fãs?”. Então, nitidamente, veio a ele a lembrança de uma coisa que dissera no pub, depois do show, na semana passada: não se preocupem, eu NUNCA vou deixar vocês! O Arashi faz parte de mim. E vocês são meus melhores amigos.
Ele dissera aquelas palavras olhando os amigos nos olhos. Quando disse, confiou plenamente e quis passar essa confiança, de que NUNCA deixaria o Arashi. Não podia decepcionar seus melhores amigos, né? Nem os fãs.
Lembrou então que primeiramente a moça que era sua noiva era apenas uma fã. Como ela, e tantas outras, ficariam se o Arashi acabasse? Porque, ele sabia, realmente a “tempestade” chegaria ao fim se ele, ou qualquer um dos cinco, deixasse o grupo. Isso era indiscutível. E com certeza ninguém, muito menos Débora, ficaria feliz com o fim do grupo.
Quando relatou essa parte da conversa que teve com o Johnny-san, ela realmente ameaçou terminar o noivado se ele pensasse mesmo em deixar o Arashi por causa dela. Ele, então, pediu desculpas por ter sido tão imprudente e ter feito uma promessa que não ia poder cumprir. Também se desculpou por ter sido tão egoísta e querer que ela largasse tudo para ficar ali no Nihon, com ele. As lágrimas estavam prontas para romper a barreira de suas pálpebras quando Débora levantou-se de sua cadeira, foi até ele e o abraçou.
- Deixa de ser bobo. Não precisa se desculpar, eu não to casando obrigada – beijando o alto de sua cabeça, enquanto ele permanecia sentado. – Já disse que me casarei com você, não importa o país, porque te amo.
Nino a abraçou por trás e ela voltou ao seu lugar em seguida. Foi então que, para “quebrar” o clima tenso, ela falou dos avôs e dos amigos que queria que viessem para o casamento. Falou daquele Fábio de uma maneira simpáica demais, mas quando ele estranhou, ela logo mudou de assunto.
O resto da noite seguiu tranquilo. Eles saíram do restaurante ainda não era 10h da noite, e foram até uma praça para namorarem um pouco. Quando Débora começou a bocejar, ele decidiu levá-la de volta para o hotel. Na volta para seu apartamento, só pensava em como ele era sortudo de ter encontrado uma mulher como Débora Fonseca...
- Nino. – chamou Sho, mas ele não ouviu.
... Ela era realmente especial. Não era qualquer uma que ia...
- Kazu-chan! – chamou Ohno, mas novamente ele não escutou.
... aceitar se casar assim, tendo que abrir mão de...
- NINOMIYA KAZUNARI!!! – Matsumoto Jun gritou, indignado.
- Oi? Falou comigo? – ele olhou para os quatro, que novamente encaravam-no.
- O senhor não ouviu NADA do que eu disse, não é?? – ser ignorado irritava Jun ao extremo. Ele olhava para Nino de um jeito totalmente DoS; seu bom humor tinha sumido.
- Ah, gomen ne, Matsujun! Não ouvi.
- Como assim não ouviu? Você foi o primeiro a me mandar falar, para evitar que nós te perguntássemos sobre ontem. E ainda não ouviu...
- Gomen, gomen, hontou ni gomen.
- Daijoubu. Eu conto de novo, mas depois. Agora... é você que vai falar. O que tá pegando?
Jun não conseguia ficar irritado por muito tempo, não naquele dia. Então ele simplesmente abriu um sorriso e, juntamente com os outros, ouviu o relato de Nino.

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