Débora
fez menção de ir atrás da amiga, mas Ninomiya se aproximou dela e colocou
gentilmente a mão em seu ombro e sussurrou em seu ouvido: “Fique, amor. Temos
os nossos convidados e tenho certeza que o Jun-pon vai cuidar dela”. Ela ficou
em dúvida por uns cinco segundos e por fim, deu um meio sorriso e concordou com
o marido.
Em
contra-partida, Jun também quis ir atrás de Caroline, mas Johnny Kitagawa o
impediu.
-
Matsumoto-san, eu quero que você me explique direitinho o que houve aqui e que
raios de garota é essa. – indicando com a cabeça Carol, que já saíra pela
porta.
Matsumoto
Jun puxou o braço que Kitagawa segurava, a fim de seguir Carol, mas este
pressionou os dedos, o mantendo ali.
-
O senhor não vai a lugar algum antes de dizer o que quero saber, Matsumoto!
-
Ok. – voltando-se e olhando o chefe nos olhos. – O que o senhor quer saber?
-
Quem é essa garota? É gaijin, como a
esposa do Ninomiya, e muito próxima de você também, como ficou evidente, já que
a Uemura Yui chegou ao ponto de fazer esse escândalo na festa de casamento.
Quem é ela?
-
Ano... – Jun hesitou um pouco, mas ao
ouvir em sua mente as últimas palavras de Caroline antes de sair, “Ele vai
contar ao senhor quem sou eu. E se não contar, é porque eu não sou ninguém
importante”, ele falou, convicto: - Ela é Karorine,
melhor amiga de Débora, esposa do Nino aqui. – olhando para o amigo, que sorriu
e olhou para ele de volta, incentivando-o - Além disso, é a mulher que eu amo e
não posso deixá-la assim. Agora, solte meu braço, onegai – puxando novamente o braço que Kitagawa segurava – Shitsurei shimasu.
Quando
ele saía, Fábio e Marcela se aproximavam querendo saber o que tinha acontecido,
mas ele não viu os dois.
Jun
deu um leve cumprimento de cabeça e saiu correndo. Logo estava pedindo
desesperadamente um táxi, pois Caroline já sumira de vista, mas então se
lembrou que fora de carro e correu até o fim da rua, onde o deixara
estacionado. Onde será que ela foi?,
pensou, pegando o celular no bolso da calça e discando o número dela enquanto
ia até o carro. Mas chamou várias vezes até cair e ela não atendeu. Ele deu a
partida e saiu em direção ao hotel onde ela estava hospedada.
***
Caroline
não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Não bastava aquela Yui ter
feito o que fez, o Johnny Kitagawa ainda veio querer encrencar com ela bem naquela noite e o Matsumoto Jun não
disse nada para defendê-la! Isso era o cúmulo. Seu coração batia descompassado
e as lágrimas corriam por seus olhos enquanto ela se dirigia de volta ao hotel
num táxi.
Assim
que chegou, pegou um punhado de notas, sem nem olhar o valor, e deu na mão do
motorista, e saiu do veículo em seguida.
-
Ojyou-san, o troco! – o motorista
gritou, mas como sua cliente sumiu de vista dentro do hotel, ele esperou uns
cinco minutos e então, vendo que ela não voltaria, foi embora.
Assim
que Carol entrou em seu quarto, ela se lançou na cama, aos prantos, chutando
longe os sapatos.
Se
o problema tivesse sido apenas Uemura Yui, ela nem teria se indignado tanto.
Mas, quando foi abordada por Kitagawa, sentiu o peso da solidão ao ver que Jun nada
tinha feito para ficar ao seu favor. Mesmo que sua melhor amiga estivesse do
seu lado, mesmo que ela tivesse no Brasil uma família que a amava, mesmo tendo
um trabalho, sendo estudante, enfim... mesmo sabendo de tudo isso, ela se
sentiu completamente sozinha.
Olhou
para trás mais de uma vez, ao sair da festa, enquanto pedia desesperadamente
por um táxi, a caminho do hotel, mas nem sinal dele. Ela esperava que Jun ao
menos tivesse ido atrás dela, mas ao que parecia, nem mesmo isso ele fizera. É,
infelizmente o medo de BIG BOSS ainda regia MUITO a vida dele! Até quando eles
iam se deixar dominar pelas decisões de um senhor de idade totalmente avançada,
já beirando os noventa anos, ao invés de tomarem suas próprias decisões?
Sortuda foi Débora, que achou um cara como o Kazunari, que foi determinado ao
falar dela para o chefe.
Quando
ela recebeu o presente de Jun quase um mês antes, Carol realmente acreditou que
o melhor a fazer era ficar com ele, que antes ela estava redondamente enganada
ao abandoná-lo. O amor que ardia em sua peito, mas que estava enjaulado, foi
enfim liberado e ela decidiu que queria ficar com ele de qualquer jeito.
Contudo, a falta de atitude dele aquela noite foi a pior decepção que poderia
ter tido.
Falara
para ele que teria que voltar ao Brasil para concluir a faculdade, e não podia
simplesmente deixar os pais na mão sem mais nem menos. Jun concordara com isso.
A distância não representou impedimento a nenhum deles, e ambos sentiam que
estavam realmente destinados a ficar juntos, independente de todos os
quilômetros que os separassem. Claro que essa separação iria doer em ambos, mas
a saudade serviria para fortalecer ainda mais os laços que os unia, até o dia
em que pudessem finalmente ficar sempre juntos. Depois de todos esses planos,
Carol se sentiu desmoronar quando saiu da festa de casamento e Jun não a
seguiu.
-
Por quê? – ela chorava e dava socos no travesseiro – Por que você ficou quieto?
Por que você não retrucou quando ele
te perguntou quem eu sou? Droga, Jun, eu te amo tanto... Por que você fez isso?
Nesse
momento, ela ouviu algumas batidas fortes na porta e uma voz chamando por ela:
-
Karoru-chan, você está aí dentro, né?-
ela reconheceu a voz dele – Abra a porta!
Quero entrar, preciso entrar!
-
Sai daqui. – ela disse entre soluços, com a voz meio alta – Onegai.
Ele
estava ali, afinal. Ele foi atrás dela, não a deixou sozinha. Carol não estava
mais só. Mas... bom, ela também, como qualquer ser humano, tinha sua dose de
orgulho, que não permitia que ela simplesmente se levantasse para abrir a
porta, embora seu coração gritasse por isso.
-
Precisamos conversar! Eu sei que você
está brava, que a Yui...
-
Não é a Yui!
- É o Johnny-san, Karoru-chan? Esqueça… me deixe entrar!
-
Esquecer que você nem sequer me defendeu para o seu querido chefe? Ah, Jun, por favor, vá EMBORA!!
-
YADA! Não saio daqui até você me deixar
entrar.
***
Johnny
Kitagawa olhava atônito em direção à saída do salão, por onde Matsumoto Jun
acabara de passar.
-
Alguém, por favor – voltando-se para trás e olhando para Nino – quer me
explicar melhor quem é essa garota que causou essa confusão toda?
-
Ano... quem causou a confusão foi a
Uemura-san, senhor – disse Débora.
-
Isso não importa – fazendo um gesto de pouco caso com a mão – Quero saber quem
é aquela mulher de quem o Matsumoto Jun foi atrás, e exijo uma resposta melhor
que “é a mulher que eu amo”, Ninomiya-san!
Marcela
cutucou o braço de Débora e sussurrou em seu ouvido:
-
Quem é esse velho?
-
É o poderoso Johnny Kitagawa. É uma espécie de empresário do Arashi e dos
outros grupos que trabalham para ele.
-
Ah! Entendi. – Marcela coçou a cabeça, ainda cochichando – E o que ele disse
pra Carol sair daquele jeito?
-
Na verdade, acho que o problema não foi ele ter dito algo, mas o Matsu...
-
Shhh, meninas! – fez Fábio – O marido da Débora tá falando... a Dé precisa
ouvir pra traduzir pra gente, né? – piscando de um jeito cúmplice.
Nem
Nino nem Johnny ouviram ou prestaram atenção aos cochichos. De qualquer forma,
nada teriam entendido do português falado, a não ser uma ou outra palavra.
Respondendo ao chefe, Nino respondeu:
-
Senhor, ela se chama Karorine Berazu
e é a melhor amiga de Débora, também burajirujin.
E... ela é amiga do Matsujun há anos já.
-
Anos?? Que história é essa? Ele é uma gaijin...
como pode ser amiga do Matsumoto há anos?
-
Bom, isso quem tem que te contar é o próprio Matsumoto Jun senhor. Ela é a
melhor amiga da minha Débora aqui – olhou para a esposa e esta caminhou
calmamente até ele, sendo envolvida na cintura pelo abraço de Kazunari – Na
mesma época que eu conheci a mulher com quem casei hoje, o Jun conheceu a Karorine e...
-
Demo... você não disse que essa moça
e o Matsumoto são amigos há anos?
-
Hai. De qualquer forma, eles só se
conheceram de verdade quando ela e Débora vieram fazer uma viagem turística
aqui ao Nihon. E... os dois se
apaixonaram, Kitagawa-san.
-
Foi por ela que ele deixou de namorar a jornalista Uemura Yui?
-
Hai!
-
Por isso que a Uemura-san invadiu desse jeito a festa, toda bêbada, e deu
aquele vexame?
-
Sim, senhor!
-
Eu acho que... – Johnny coçou o queixo, puxando uma cadeira e sentando-se à
mesa - ... eu preciso conversar com Matsumoto-san.
***
-
Deixa-me entrar, Karoru! – Jun disse
de novo, para a porta do quarto do hotel, depois de cinco minutos esperando;
para ele, esses minutos pareceram horas.
Não
suportava a ideia de ser ignorado novamente pela pessoa que amava, nem queria
que houvesse mal-entendidos entre eles, mas ela nem ao menos o deixava entrar
para explicar. Se eles conversassem, logo ela entenderia que aquela confusão
toda não tivera importância alguma para ele.
Por
alguns minutos, ela não respondeu nada. Quando Jun já estava pronto para chamar
por Caroline outra vez, ela abriu a porta. Simplesmente a abriu, sem dizer
nada, e voltou para dentro do quarto. Ele achou que fosse para seguí-la e
entrou depois dela, fechando a porta atrás de si. Quando chegou ao centro do
cômodo, a viu sentada no meio da cama, com as pernas encolhidas, abraçando os
joelhos e olhando para baixo. Devagar, se aproximou da cama e se sentou na
borda.
-
Ano... Karoru-chan, precisamos conversar. – ele disse, olhando para ela,
que permaneceu imóvel - Por que você saiu daquele jeito da festa?
Depois
de alguns segundos, Caroline levantou os olhos e, já sem chorar, mas com a voz
rouca e olhos inchados, respondeu:
-
Dakara... dakara... oras, é simples. Eu fui empurrada ao chão por uma
lunática que apareceu do nada, mas que VOCÊ tinha me dito que tinha ido embora...
-
Ela realmente foi embora, mas em nenhum momento eu disse que ela tinha ido
embora da cidade. Ela só sumiu de vista, saiu do prédio, desde que terminamos
nunca mais a vi.
Caroline
não soube o que dizer. Ficou pensando por alguns segundos. Realmente, no vídeo
Jun não dissera que Yui saíra da cidade ou algo assim. Mas, de qualquer forma,
ela aparecera no casamento de surpresa, era evidente que estava bêbada e fora
agressiva, proferindo ofensas a torto e a direito.
-
Demo... – ela disse, por fim - ...
como você acha que eu me senti com ela dizendo todas aquelas coisas sobre mim?
-
Bem...
-
E depois, quando os seguranças tiraram-na de lá e eu estava bem abalada, quem
me amparou foi a Dé e...
-
Karoru, foi você quem não me deixou
ajudá-la a se levantar.
Isso
era verdade, mas quando Yui a empurrou ao chão, ela ficou surpresa por ela
estar ali e, por algum motivo, ficara um pouco irritada com Jun também. Como se
ele tivesse alguma culpa no cartório por aquilo ter acontecido. Então, quando
ele estendeu a mão para ajudá-la a se levantar, ela recusou a ajuda dele e
ficou em pé sozinha.
-
... e ainda... bem, você não respondeu nada quando o Kitagawa-san...
-
Minha linda – se aproximando mais um pouco dela, mas sem tocá-la – você não
esperou para ouvir minha resposta.
-
... e você nem veio atrás de mim...
-
Eu queria ter saído correndo atrás de você, mas o Kitagawa-san me segurou e
perguntou pra mim quem é você. E sabe o que eu respondi?
Caroline
somente negou com a cabeça, com os olhos novamente cheios de água.
-
Eu disse “ele é a mulher que eu amo e não posso deixá-la assim”. Soltei-me dele
e vim atrás de você. Queria te alcançar, mas você já tinha sumido de vista.
Então, tentei ligar, mas você não atendeu, e eu resolvi vir aqui.
Ele
se aproximou um pouco mais e estendeu a mão para tocar o rosto de Carol, mas
ela afastou-se, não se dando por vencida. Embora seu coração tenha se
enternecido completamente quando ele falou como respondera ao Johnny Kitagawa e
estivesse gritando dentro do peito para ela deixar aquele orgulho idiota, que
mais parecia teimosia, ela resistiu.
-
Demo... – fez uma pausa para pensar
no que diria a seguir. Simplesmente ele acabara com todos os seus argumentos -
... como você sabia que eu estava aqui? – disse, por fim.
-
Karoru-chan, para com isso! – Jun
sorriu e pegou a mão dela que pendia no colchão – Você vai embora amanhã e não
temos tempo pra ficar implicando um com o outro.
Dessa
vez ela não resistiu ao toque suave dele ao segurar sua mão. As lágrimas caíram
das pálpebras e ela sorriu de volta para ele.
-
Não chore. Você fica melhor quando sorri. – Jun secou uma lágrima da bochecha
de Caroline, puxando-a para si num abraço.
-
Bobo... – ela se aconchegou no peito de Jun.
***
Na
manhã seguinte, Matsumoto Jun foi despertado pelo toque de seu celular. Ele
estendeu a mão para o criado-mudo do lado da cama e atendeu, ainda meio
dormindo:
-
Moshi-moshi.
- Ohayo
gozaimasu! – ele reconheceu a voz de
Caroline.
-
Ah, ohayo Karoru-chan!! – ele se sentou e esfregou os olhos, já mais desperto
- Como passou a noite?
-
Depois que você foi embora eu só dormi.
Dormi como uma pedra.
-
Que bom!
- Jun, você já viu que horas são?
-
Uhm... não – ele já procurava o relógio com os olhos e se espantou quando viu
que eram quase 11h. – Karoru, gomen. Eu já estou indo!
- Daijoubu – ela riu do outro lado da
linha – Não precisa ficar apavorado, afinal
o voo é só às 2h da tarde.
-
Mesmo assim... gomen, eu acho que
dormi demais, né?
-
Sem problemas, ontem já eram mais de 2h
quando você foi embora, é normal dormir um pouco mais.
-
É normal, mas você já está acordada. – Jun revirou os olhos, já em pé – Eu vou
tomar uma ducha... caí na cama do mesmo jeito que cheguei em casa, de smoking e tudo, nem os sapatos tirei.
- Hahaha.
-
Você ri, é? Agora vou desligar, até o meio dia to aí.
***
Débora ligou para Carol na noite
anterior, logo quepois que ela e Jun se acertaram.
- Hai.
- Carol? Onde você tá? – a voz da amiga era aflita.
- To no hotel, vim direto pra cá
depois que saí da festa.
- E como você tá?
- Eu to bem, não se preocupe. O Jun
veio aqui e...
- Ele foi até o hotel então? Que
bom! – ela suspirou, com algum alívio.
- Sim, ele veio, e ainda está aqui –
Caroline lançou um olhar carinhoso para ele, que estava deitado na cama.
- Mas vocês estão bem?
- Não se preocupe, estamos bem sim.
Agora, volte pra festa do seu casamento e aproveite!
- Você vai embora amanhã, né?
- Hai.
- Tudo bem mesmo?
- Uhum... vou desligar, Dé. Volte
para seu marido e não fique se preocupando comigo numa hora dessas! Beijo e até
mais!
Caroline desligou o celular antes
que Débora pudesse responder e voltou a deitar ao lado de Jun, enquanto era
abraçada por ele.
Lembrando se disso agora, enquanto
terminava de guardar suas coisas, para descer até a recepção, fazer check-out
e esperar por Jun, ela riu involuntariamente. Débora era mesmo uma figura!!!
Milagre que ela não quis saber os detalhes da noite anterior, já que ela sempre
queria saber tudo, mesmo quando não tinha nada pra saber. Mas, quem não deu oportunidade
para a pergunta foi a própria Carol, que desligou a ligação sem que a amiga
tivesse tempo para pensar. Afinal, era a festa do casamento dela, né? Débora
devia se importar somente com isso e com mais nada.
Quando tudo já estava pronto e ela
já esperava por Jun, sentada no sofá de sempre, meio dia em ponto ele chegou, e
dessa vez desceu do carro e foi até ela, já que estava com uma roupa casual e
com a cabeça coberta com o capuz do casaco.
***
Ao chegarem ao aeroporto, já eram
quase 12h30. Carol fizera o check-in pela internet, então eles tinham
algum tempo para passear por lá e aproveitarem a companhia um do outro enquanto
ainda tinham um tempo juntos. Nenhum dos dois ainda parara pra pensar nas reais
consequências de se separarem ali e agora, ou em quando se veriam de novo, ou
como de fato ficariam juntos. Contudo, ao se aproximar a hora de Caroline
partir, Jun começou a refletir um pouco e sentir uma certa ansiedade, um
egoísmo de quem não quer ficar longe do amor de sua vida tomando conta de si.
- Karoru-chan. - ele a
chamou, enquanto andavam de mãos dadas, e ela olhou e sorriu.
- Oi.
- Eu estou começando a ficar
angustiado.
- Doushita no? - parando de andar, fazendo com que Jun parasse
também.
- Ah, porque... nem sabemos quando
vamos nos ver de novo.
Caroline, que ficara atrás dele, foi
até sua frente e o abraçou.
- Não sei como também... mas aqui
dentro, ó... - ela se afastou um pouco e apontou para o próprio coração -... eu
sei que vamos nos ver outra vez e ficaremos juntos a vida toda. Já é um
milagre, - pegando novamente a mão dele e voltando a andar - um milagre, veja
bem, estarmos juntos aqui e agora. Eu tenho a chave do seu coração, esqueceu? Aí – ela colocou o dedo no peito dele,
onde ficava o coração de carne, e o pingente de coração balançou com o toque
dela – só entra quem tem a chave.
Ao se separarem e Caroline se
dirigir à sala de embarque, ela se lembrou:
- Ahhhh, hoje é aniversário do
Sho-chan!!! - dando um tapa na própria testa. - Jun, você pode dar parabéns a
ele por mim?
- Claro!
- Diz que ele é muito especial, que
eu o amo e...
- Oe oe oe! Que história é essa,
dona Karorine?? - Jun pôs as mãos na
cintura e completou, imitando a voz dela e fazendo careta: - "Diz que ele
é muito especial e eu o amo".
- Hahaha! Seu bobinho - ela ficou na
ponta dos pés e o abraçou pelo pescoço - É diferente. Eu sou fã do Arashi antes
mesmo de te conhecer, esqueceu? Amo todos vocês, como fã.
- Uhm - ele envolveu a cintura dela
com os braços - Sei. É bom ser só isso mesmo.
- E é.
***
Fazia uma semana que Caroline
voltara para o Brasil e os pais, parentes e amigos de Débora que vieram para o
casamento tinham vindo embora no dia anterior. Débora e Nino voltaram da
lua-de-mel e já tiveram que ir novamente ao aeroporto deixar todos lá para
pegar o avião às 7h da noite.
Matsumoto Jun recebera um telefonema
de Rirasawa Ryuchi alguns dias depois do casamento, se desculpando pelo
comportamento completamente inadequado e indesculpável de Yui.
- Como você conseguiu meu telefone?
- Jun se surpreendeu quando ele disse quem era - Aliás, como você soube do que
aconteceu??
- Calma, Matsumoto. Seu telefone
quem me deu foi a própria Yui, calma. Nós nos separamos e eu voltei para
Chiba...
- Você é de Chiba?
- Hai. Etto ne... eu
liguei lá onde ela trabalha e eles me disseram que ela não ia trabalhar já há
alguns dias. Daí eu liguei para a mãe dela e ela me contou o que aconteceu.
- Uhm. Entendi. Mas você não tem que
se desculpar.
- De qualquer forma, achei melhor
ligar. Bom, é só isso. Jya.
- Uhm... jya.
Ambos desligaram ao mesmo tempo.
Esse foi o único contato que Jun recebeu sobre o acontecido no dia do
casamento.
Ele foi convocado para uma reunião
com Johnny Kitagawa no dia seguinte à partida de Caroline, segunda-feira de
manhã. Ele sabia que isso ia acontecer, e já estava preparado para lidar com a
situação.
Quando ele o pressionou para saber
como ele conhecera aquela estrangeira, Jun contou a verdade ao BIG BOSS, na
verdade nem passou pela sua cabeça mentir. Amava Caroline e assumiria isso até
o último segundo de sua vida.
-
E o senhor, Matsumoto-san, com essa sua atitude, não achou que poderia estar
pondo todo o Arashi em risco de extinção? – Johnny falou de maneira ameaçadora.
Claro
que Matsumoto refletira sobre isso. Até mesmo foi procurar a opinião de Sakurai
Sho a respeito na noite anterior.
__________________________________________________
Pequeno flashback [10]
Sakurai Sho abriu a porta de seu
apartamento às 8h da noite para que Matsumoto Jun entrasse.
- Jun-chan! Olá! – Sho abriu um
sorriso.
- Olá! Otanjyoubi
omedetou, Sho-chan! Desculpe não poder
ter ido almoçar com vocês.
- Daijoubu, eu sei que você estava com a Karorine. Ela foi mesmo embora?
- Hai. Ela te desejou feliz aniversário antes de
ir.
- Ah, arigatou. Vem, vamos sentar.
Os dois foram até a sala e cada um
sentou em um dos sofás. Jun estendeu a sacola com o presente que comprara para
Sho. Um livro.
- Jun-chan, não precisava se
preocupar! Hontou ni arigatou! To querendo ler esse livro já faz tempo...
Jun olhava para o amigo meio
abatido, e Sho notou que algo o preocupava.
- Você não veio aqui só para me dar
os parabéns, né?
- Não. Gomen
ne, Sho-chan. Eu preciso ouvir alguém, e
ninguém melhor que você para dar bons conselhos, né?
- Hahaha! E o Oh-chan? Ele também é
muito bom nisso.
- Eu sei, mas queria vir te ver por
causa do seu aniversário, e aproveitei a viagem.
- Hahaha. – Sho jogou a cabeça para
trás, rindo. – Você é esperto, Matsujun.
- Eu sei.
- E humilde também – completou em
meio aos risos e Jun teve que rir também. – Mas me diz. Em que posso ser útil?
- É sobre a conversa que com
certeza amanhã ou depois terei com Kitagawa-san. Ele vai querer saber da Karoru,
sem dúvida.
- Ano... Matsujun... – Sho parou de rir e ficou
refletindo por alguns minutos antes de proferir qualquer palavra – Eu acho
que... o que exatamente te preocupa?
Jun relatou a ele o que acontecera
na festa e Sho disse que tanto ele quanto Aiba e Ohno tinham visto a confusão
se armar, mas não se meteram, para não aumentá-la ainda mais. Depois, quando
perguntou para Nino, ele explicou tudo que realmente acontecera. E quando Jun
disse das dúvidas sobre Johnny possivelmente proibir a relação dele com a
Caroline e tudo mais, o medo dele enfrenter o chefão e ele ameaçar acabar com o
grupo dos cinco, enfim, Sho soube exatamente o que dizer:
- Olhe, Matsujun, o Arashi é a
nossa vida, mas você não pode desistir agora, não depois de tanto sofrimento e
do amor de vocês ter sido posto à prova mais de uma vez. Eu disse uma vez e
repito, sem medo de mentir, que nós cinco somos amigos acima de tudo, mais que
companheiros de um grupo. E se... e isso é só uma hipótese muito remota, pois
todos sabemos que o Arashi é uma banda de sucesso mas do que qualquer outra na
atualidade... e se por acaso o Johhny-san nos derrubar, a gente não vai ficar
caído no chão. A gente vai se reerguer. Afinal, somos somente cinco seres
humanos, mas quem faz de nós pessoas especiais são os fãs. Com certeza eles vão
estender as mãos para nos ajudar a levantar. E lembre-se – ele fez uma pausa,
para causar impacto – a Karorine-san e a Débora-san são fãs antes de mais nada.
Com certeza elas
estenderão suas mãos também.
__________________________________________________
-
Eu sei... que existe essa possibilidade. Mas eu amo a Karorine e isso não vai mudar. – Jun respondeu para Johnny
Kitagawa. – Posso voltar ao trabalho agora?
Johnny
fez uma cara de insatisfação. Não esperava que Matsumoto fosse tão firme com
relação a essa estrangeira. Ele precisava pensar no que fazer. Ergueu os olhos
que encaravam as mãos sobre a mesa e fez um gesto afirmativo com a cabeça.
Agora,
já uma semana depois, Jun ainda não fora novamente contatado por Johnny
Kitagawa. Cada membro veio até ele e praticamente repetiu as palavras que Sho já
dissera. Eles eram amigos... o Arashi era realmente muito importante, mas se
eles queriam ter uma vida normal como qualquer ser humano, casar e ter filhos,
um dia ou outro teriam que ter coragem suficiente para enfrentar o chefão.
Ele
sentia falta de Caroline, muita. Seus dias passavam compromisso após
compromisso como sua rotina ordenava, e ele já não estava agindo “como um
robô”, mas seu coração chorava pela falta que ela fazia. Contudo, não era como
antes, quando ela fora embora pela primeira vez, que eles estavam... na
verdade, eles não estavam. Pelo menos
agora, ele sabia que tinha um compromisso com ela. O coração dele agora
pertencia a ela; só ela tinha a chave de acesso a ele.
Os
dois se correspondiam por email todos os dias, e a primeira carta dela chegou
no dia 13 de fevereiro e obvimente ele respondeu.
***
No
fim de duas semanas após o casamento, Jun foi novamente convocado por Johnny
Kitagawa.
-
Shitsurei shimasu – Jun deu alguns
passos dentro da sala.
-
Sente-se, Matsumoto-san. – indicando com a mão a cadeira que ficava a sua
frente, à mesa. – Vou direto ao ponto. Essa tal... Karorine Berrazu... ela já voltou para o país dela. Não sei como
vocês farão, só exijo uma coisa: discrição! O Arashi não pode acabar e eu não
vou admitir que vocês caiam na boca do povo e apareçam escândalos.
Jun
ficou em silêncio por um tempo, tentando processar o que acabara de ouvir.
Estava preparado para ouvir o Kitagawa-san esbravejando e proibindo que os dois
ficassem juntos, expulsando-o da JE e claro que se isso acontecesse, ele tinha
as palavras na ponta da língua para manter-se firme na decisão de ser fiel à Karoru-chan, mas o chefe não fez nada
disso. Ao contrário, por suas palavras Jun só podia crer que ele estava
disposto a aceitar o amor dos dois.
-
Ano... – coçando a cabeça –
Kitagawa-san, o senhor aceita que eu e a Karorine-san
fiquemos juntos?
-
Matsumoto-san, eu não tinha outra opção, tinha?
-
Na verdade, não senhor.
-
Você ficaria com ela de qualquer jeito, né? – Johnny ficou em pé. - Só peço...
melhor, e.xi.jo a mais absoluta
discrição de vocês. Siga o exemplo de Ninomiya, que soube ser discreto e casou
sem alarde, ok? Demo... você não está
se casando, está?
-
Não senhor.
-
Ótimo. Não seria bom para a imagem da empresa ou minha, ou do Arashi, que dois
membros se casassem tão repentinamente.
Johnny
fez um gesto com as mãos que indicava que a reunião estava encerrada e Jun se
dirigiu à porta.
***
Caroline
acordava cedo todos os dias para trabalhar, e à noite estudava. Todos os dias,
ela revia à noite antes de dormir o vídeo que Jun mandara para ela e todas as
manhãs, assim que acordava, mandava um email contanto como fora o dia anterior;
esse email, Jun respondia à tarde, à noite ou de madrugada, conforme sua agenda
permitia. Quando ficara sabendo que Johnny Kitagawa aprovara o namoro dos dois,
ela ficou verdadeiramente feliz.
A rotina de troca de cartas que se repetiu por
quatro anos prosseguiu, chegando uma carta dele todo mês, e ela enviava outra.
Depois de quatro meses assim, mantendo contato direto e administrando a saudade
e a distância da melhor forma possível, ela foi abordada por sua mãe, ao
receber mais uma carta:
-
Carol, o que está havendo? Desde que você voltou do Japão, você está diferente.
-
Diferente como, mãe? Não estou diferente. – Vamos,
Carol, até quando você pretende manter esse segredo?, ela refletiu.
-
Carol, por favor, não se faça de boba, minha filha, pois sei que você não é. Eu
tenho visto você chegar da faculdade, se trancar no quarto e muitas vezes eu vou
deitar e vejo que sua luz ainda está acessa. Além disso, muitas vezes eu te
peguei chorando por aí e você sempre inventa uma desculpa. Todos os meses
chegam cartas pra você e, a cada vez, você fica toda feliz ao recebê-las e seu
humor muda completamente nos dias que se seguem. Você fica toda sorrisos.
Chegou a hora,
Caroline pensou, de eu finalmente abrir o
jogo. Não podia esconder uma coisa dessas da minha mãe a vida toda, não é? Só
espero que ela compreenda e aceite.
-
Mãe – ela disse, depois de respirar fundo e contar até dez – Sabe o Arashi, né?
O Matsujun, enfim...
-
Claro que sei! Você trocou cartas com esse cara por anos! No início até achei
meio absurdo você se corresponder com alguém do outro lado do mundo que nem
conhecia...
-
Então... – silenciando, se perdendo nas palavras e sem conseguir dizer nada.
-
Então...?
-
Vamos sentar – Carol arrastou dona Marta até sua cama.
-
É tão grave assim? – dona Marta levou a mão a boca, assustada.
-
Não é grave, mas é uma longa história.
Então
Caroline contou tudo para sua mãe, tudo mesmo,
desde a ideia infantil de mandar o pingente de chave junto com a primeira carta,
até o momento em que recebeu pelo correio o DVD, o coração de pelúcia e a chave
que primeiramente mandara. Contou sobre as brigas com Yui, sobre todos os altos
e baixos, o momento em que se confessou, e sua mãe não interrompeu por um
momento sequer, embora sua expressão tivesse variado muito durante todo o
relatório e agora, por fim, ela tinha um olhar preocupado.
-
Carol... – dona Marta segurou as duas mãos da filha entre as suas.
-
Mamãe, eu não vou desistir dele, - puxando as mãos, mas a mãe as manteve firmes
entre as dela - mesmo se a senhora me pedir isso.
-
Não vou pedir. Disse há muito tempo, quando te dei a corrente com os dois
pingentes, que ia chegar o dia em que você saberia para quem entregar a chave
de seu coração, e parece que esse dia chegou, não é? Mas eu fico preocupada,
Carol...
-
Não precisa ficar mãe. – Carol, que já ficara na defensiva, relaxou um pouco.
-
Claro que preciso. Você decidiu que ama um astro japonês. Ouviu o que eu disse?
Ele mora no Japão. Como vocês vão fazer pra ficar juntos? Você ainda tem meio
ano de faculdade.
-
Eu sei.
-
Então filha... é com isso que me preocupo. Não vou tentar separar vocês ou
coisa assim. Só acho que é meio loucura isso tudo! Deus do céu... isso não é um
namoro à distância qualquer, é meio mundo e vários países que separam vocês
dois.
-
Mamãe, pode ter demorado um pouco, mas eu confio totalmente no amor dele.
Acredito nele.
-
E o que seu pai vai dizer sobre isso, hein?
-
Ele vai entender. E eu já tenho quase 25 anos, né? Não sou mais criança... e
você vai ficar do meu lado, não vai?
-
Claro que vou, minha linda – dona Marta a abraçou – Pra mim, você sempre será
uma criança, mas sei que você cresceu e já pode decidir sozinha sobre seus
sentimentos. Não acho que seu pai vá pegar no seu pé por isso. Mas acho sim que
ele ficará tão preocupado quanto eu. Afinal, você pretende o quê? Morar no
Japão? E se você vai pra lá e ele já arranjou outra namorada pra ocupar seu
lugar?
-
Mamãe, o Jun não é assim. Ele até terminou com a namorada dele para ficar
comigo.
-
Não sei. Ele está tão longe, né?
-
Mas mamãe, eu já disse. Eu acredito nele.
***
Já
fazia sete meses desde que Caroline partira para o Brasil e agora, Jun não
recebia mais os emails diários dela, mas as cartas continuavam a chegar
fielmente todos os meses. Ela explicou que, por esse ser o último ano da
faculdade, tudo ficara cada vez mais corrido e puxado e até escrever as cartas
ficava difícil, mas era questão de honra para ela escrevê-las sempre.
Débora
e Nino permaneciam felizes e se amavam como recém-casados que eram. Via-se no
semblante dele que o casamento estava lhe fazendo muito bem. Estava mais bem
humorado e tinha um ar mais jovial enquanto prosseguia fazendo seu trabalho dia
a dia.
Jun
chegara num ponto que era difícil manter o sorriso natural no rosto, e até seus
hábitos DoS estavam ficando fadados ao esquecimento. Não que ele estivesse triste,
não estava, mas a cada dia sentia a saudade – palavra que aprendera com
Caroline e descobrira que seu sigificado era muito mais profundo do que
simplesmente “sentir falta” – aumentar. Não mudara seu comportamento nem ficara
abatido, e tinha todo o gás necessário para fazer seu trabalho, gravar os CM’s,
programas de TV, doramas e tudo o mais e arrancar suspiros das fãs, mas sentia
o coração mais frágil e também estava mais sentimental. Sempre que passava o
dia sem que um email chegasse, seu coração apertava ainda mais.
Ela
contara da conversa que tivera com sua mãe, e posteriormente, com seu pai sobre
os dois, e que ambos aceitaram aquele relacionamento, mas ficaram preocupados
na mesma proporção devido à distância e tal. Mas ela fora firme ao dizer para
eles que confiava em Jun e sabia que de alguma forma eles iam ficar juntos,
pois eles estavam destinados um ao outro.
Quando
chegaram ao fim de novembro e só havia mais os dois shows em Nagoya para
concluírem a nova turnê, Ohno, que notava o estado de espírito do amigo – na verdade,
todos os quatro notaram, mas incubiram o mais velho da tarefa de falar com ele
-, resolveu ir à casa dele numa quinta-feira à noite.
-
Oh-chan, o que faz aqui? – perguntou o mais novo, abrindo a porta.
-
Nossa, Matsujun, isso é jeito de receber uma visita?
-
Gomen. – Jun deu um meio sorriso de
desculpas – Mas venha, vamos entrando. – puxando o outro pela mão.
Os
dois se sentaram no sofá e o mais velho deu dois tapinhas nas pernas e abriu a
boca para falar:
-
Matsujun, vou direto ao assunto: você está sentindo muita falta da Karorine-san, não é?
-
Saudade, Oh-chan.
-
Como?
-
O sentimento certo é saudade. É uma palavra em português, que quer dizer que
sentimos muita, mas muuuuita falta mesmo.
-
Tá certo. Demo... deixa eu falar...
Jun
concordou com a cabeça e ele prosseguiu:
-
Nós quatro, que te conhecemos tão bem, sabemos que essa... ano... saudade... está te corroendo por dentro.
-
É verdade. Vocês sempre sabem de tudo, né?
-
Embora a gente não perceba aquela mudança negativa em sua personalidade como no
fim do ano passado. Demo, o que quero
dizer... nós quatro conversamos. Johnny-san vai nos liberar por uma semana
depois do Natal. Vá, Matsujun!
-
Não estou entendendo, Oh-chan.
-
Então deixa eu explicar. Vá para o Burajiru.
Desde que ninguém fique sabendo de sua viagem... você pode conseguir que o
Johnny-san concorde com isso.
***
Já
era véspera de Natal e em sua última carta, enviada uma semana antes para Jun,
Caroline parabenizou Aiba e mandou para ele pelo correio alguns bichinhos de
pelúcia de espécies tipicamente brasileiras. Ela achava que essa carta ainda
não chegara, mas estava aproveitando que as aulas da faculdade já acabaram e
voltara a escrever emails diários, já que tinha mais tempo livre agora.
Ela
concluira a graduação com louvor e conseguira nota máxima na monografia. Seu
diploma já estava garantido. Agora, podia começar a pensar seriamente em como
faria para ficar junto de Jun. A única solução que conseguia enxergar seria ir
para o Japão, morar lá, como sua mãe sugerira há alguns meses.
Para
ela, estava sendo tão insuportável quanto para Jun. Às vezes, a saudade era
tanta que ela achava que não ia aguentar. Mas a cada carta, a cada email
recebido, sentia o coração ficar um pouquinho mais leve. Contudo, essa leveza
não durava mais que um dia.
Nessa
véspera de Natal, chegou uma carta dele. Carta esta datada de 14 de dezembro de
2015. Ela ficou eufórica como sempre, ainda mais porque ele mandara duas
revistas com reportagens e fotos dele e dos outros, que tinham sido lançadas em
edições comemorativas para o Natal.
Na
carta, Jun escrevera que tinha uma surpresa para ela, mas não deu nenhuma pista
de qual era essa surpresa.
O
Natal passou, e no dia 28 de dezembro, Carol estava fechada em seu quarto,
ouvindo o último CD do Arashi e vendo as fotos que Jun mandara para ela, quando
a campainha de sua casa tocou. Era novamente tempo de férias coletivas na
empresa onde ela trabalhava e ela estava sozinha em casa, seus pais tinham
saído para algum lugar.
Ouviu
somente no terceiro toque e ficou em pé às pressas. Quem será bem agora?, pensou, colocando os chinelos. Usava um
vestido florido, simples, que ela só usava para ficar em casa. Desceu as
escadas correndo, nem deu tempo de pausar a música. Quando estava alcançando a
porta, a campainha tocou uma quarta vez. Que
insistente!
-
Já vai! – gritou para a porta – Quem é?
Ninguém
respondeu e não tinha olho mágico na porta da casa que ela pudesse espiar.
Perguntou novamente:
-
Quem é?
Ninguém
respondeu outra vez, mas ela pôde ouvir o som da respiração meio ofegante de
uma pessoa do lado de fora. Por algum motivo que ela não sabia qual era, seu
coração disparou. Mais uma vez ela perguntou:
-
Quem é?
Como
novamente ninguém respondeu, ela achou que não deveria ser nada importante e já
ia se virando para voltar para seu quarto quando ouviu uma voz vinda lá de
fora:
- Karoru-chan!
Ela
se voltou bruscamente. Ouvira direito? Aquela voz só podia ser do... mas não é
possível! Ou é?
-
Karoru-chan!
Ela
destrancou a porta e a abriu violentamente. Seus olhos não acreditaram no que
viram: Matsumoto Jun, de tênis, jeans
e camisa pólo, com um boné, parado bem na sua frente, como um completo
desconhecido.
-
Eu. Não. Acredito. – ela disse, ainda em português.
No
peito dele, o pingente de coração brilhava, assim como no dela, repousava a
chave.
-
Nani? – ele perguntou, sem entender o
que ela dissera.
-
É você mesmo? – agora em japonês.
-
Hai! Eu vim te dar... meu presente de
Natal – estendendo um enorme buquê de rosas vermelhas que ele trazia escondido
atrás de si.
Sem
se importar com as rosas, Caroline somente deu um grito e pulou no colo de Jun,
que soltou o buquê no chão e a segurou.
-
Aishiteru yo.
-
Eu também te amo.
xxx
Fim