Matsumoto
Jun ligou várias vezes, até mais de onze horas, mas Caroline não atendeu. Pensou
em ir até o hotel, mas por fim achou melhor não ir. Então, depois de mais de
dez tentativas frustradas, ele resolveu tomar uma ducha e dormir, pois no dia
seguinte, pretendia madrugar e ir ao hotel falar com Caroline. Queria encontrá-la,
acertar-se com ela para poder sorrir sinceramente ante à câmera na manhã
seguinte.
Durante
toda a noite, acordou de meia em meia hora para mandar uma nova mensagem, que
ela também não respondeu. Jun não conseguia entender. Ela deve estar brava comigo porque eu desmarquei o jantar. Pior ainda,
ela deve pensar que eu voltei com a Yui!
Além
do mais, ele estava preocupado, afinal ela partiria no dia seguinte. Eles
precisavam se acertar antes disso! Mas ela se recusava a retornar, nem que
fosse para mandá-lo calar.
Sem
conseguir descansar direito, às 5h da madrugada ele se sentou na cama com os
olhos bem abertos. Precisava urgentemente falar com Caroline, queria acertar
tudo com ela antes de se separarem logo mais tarde, queria que ela voltasse ao
Brasil como sua namorada.
Levantou-se
da cama e foi até a gaveta onde guardava seus acessários, torcendo para que
dentre todos os seus colares e correntes, houvesse uma que pudesse usar com a
chave. Por fim, depois de revirar tudo, ele achou uma corrente meio grossa
prateada, onde estava um pingente antigo de anjo que há tempos ele não usava.
Tirou o anjo, o largou sobre a cômoda e pegou a chave, que permanecia dentro do
bolso da calça que usara no dia anterior.
Com
um plano em mente – iria até o hotel antes da sessão de fotos que ele tinha às
9h (só esperava que ninguém o xingasse por ser muito cedo) – Jun trocou de
roupa, colocou a corrente com a chave no pescoço e foi preparar seu desjejum.
***
Uemura
Yui, desde que se trancara no quarto na noite anterior, não quis falar com
Ryuchi. Este dormira na sala tendo apenas sua blusa de moletom e seu casaco
para se proteger do frio que se intensificou durante a madrugada.
Matsumoto
Jun dissera que ele precisava consolar Yui, e era isso que ele queria poder
fazer, não para obedecer a uma ordem daquele que era conhecido como DoS King do Arashi, mas porque sabia que
ela estava triste, era uma mulher frágil que precisava ser consolada e ele a
amava. Não queria que, com isso, ela pensasse que ele estava se aproveitando ou
algo assim, mas simplesmente não podia ficar parado, queria poder
confortá-la. Mas, todas as vezes que ele
bateu na porta do quarto, ela dizia que queria ficar sozinha ou simplesmente o
ignorava.
Naqueles
dias que Yui passara com ele, Ryu realmente acreditou que ela já não gostava
tanto de Jun ou, ao menos, não sofreria tanto se eles se separessem. Contudo,
provou-se o contrário na discussão toda com ele, na completa alteração dela, em
sua repentina histeria, e Ryu também notou profunda tristeza.
Ele
sofria ao vê-la assim. Queria poder pelo menos fazer alguma coisa mais
concreta, tiraria Yui de Tóquio se pudesse, a faria se esquecer do ex-namorado.
Pensando numa maneira de amenizar a dor dela e curá-la, Ryu foi tomar uma
ducha. Pretendia começar a pôr em prática seu plano de ajudar sua amiga de
infância preparando seu café da manhã antes dela ir trabalhar.
***
Caroline
estava acordada, fitando o teto. Os raios solares invadiam o quarto,
clareando-o um pouco. Era cedo ainda, nem 6h30. Não dormira nada aquela noite e
tinha um pressentimento de que aquela sábado, dia de sua despedida do Nihon, ia ser ainda pior que a noite.
Aliás, seria quase insuportável.
Lera
todas as mensagens que Jun lhe mandara durante toda a madrugada e quase atendeu
o celular mais de uma vez, mas se manteve firme em seu propósito. Contudo,
aquela decisão vinha corroendo-a por dentro desde o momento que finalmente
optara por ela, no início da noite do dia anterior.
Carol
decidira deixar Jun, abandonar aquele amor inocente, mas ao mesmo tempo tão
inconveniente, e tocar sua vida no Brasil. Seria melhor para todo mundo. Ela
tinha seu emprego, a faculdade, suas obrigações, e não queria se prender a
alguém que em breve estaria tão distante dela, meio globo se interpondo entre
eles. Afinal, ela era jovem, fizera somente 24 anos, encontraria um homem que
viesse a amá-la ainda mais que Jun e que ela aprenderia a amar também.
Mais
que isso tudo que pensou sobre si mesmo, foi pensando nele e na vida dele que
ela se decidiu de vez. Sabia que Jun tinha uma carreira toda que ainda estava
florescendo e ela sabia que 15 anos é somente o início da vida de qualquer
banda ou qualquer ser humano. Não queria atrapalhar isso. Quando ele disse que
Yui tinha voltado, Caroline teve então um choque de realidade e compreendeu que
vivera uma utopia desde quarta-feira, ao se declarar. Um sonho lindo, mas
apenas isso: um sonho.
Pensar
assim estava fazendo seu coração sangrar insessantemente, mas não compartilhara
o que sentia nem com Débora, pois sabia que a amiga iria querer dissuadi-la de
sua decisão. Aquilo tudo, abrir mão assim de um amor, ia contra toda a
filosofia de vida que Carol sempre apregoara, ela sabia disso, e Dé também
sabia e usaria isso contra ela, para tentar fazê-la mudar de ideia. Mas Carol
não queria ouvir isso e saber que a amiga tinha razão, e mesmo assim ter que
manter-se firme e determinada a seguir.
Leu
mais uma vez a última mensagem de Jun, que ele mandara às 4h49:
“Karoru-chan, responde esse sms onegai shimasu. Eu terminei tudo com a
Yui, é verdade, por favor acredite! Nada mais pode nos atrapalhar. Se você me
ama, não me ignore desse jeito~ eu te amo. M. J.”
Lera
aquela última mensagem mais de dez vezes, e em todas elas as lágrimas encheram
seus olhos. Quis responder, dizer que também o amava e que acreditava nele, mas
não podia fazer isso. Se desse o braço a torcer naquele momento, toda a sua
determinação teria sido em vão.
Sentou-se
na cama e enxugou os olhos, se sentindo completamente indisposta e fraca, mas
estava decidida a sorrir novamente para Débora quando esta acordasse, como se
nada tivesse realmente acontecido.
Decidira
também que não ia voltar ao Nihon
para o casamento de sua melhor amiga, e não poderia ser sua madrinha. Não
conseguiria pisar naquele país novamente; uma vez que o deixasse que fosse
dinitivo. Possivelmente, Débora a odiaria por isso. Mas Carol realmente
esperava que ela compreendesse e aceitasse. Ainda não sabia se conversaria sobre
isso com ela antes do vôo, não queria manchar sua felicidade. Afinal, depois de
todos os contratempos que surgiram e mesmo que o pai de Nino ainda fosse contra
a união, eles estavam tão bem juntos que Carol acreditava que não tinha direito
de mudar isso.
Depois
de observar Dé por alguns minutos, que dormia profundamente (Nino foi embora
depois das 11h), Caroline se pôs em pé e, com um grande bocejo, se dirigiu ao
banheiro.
Quando
estava quase entrando, a campainha tocou. Ela olhou no relógio de pulso, ainda
faltavam vinte minutos para as 7h. Quem
será? Algum serviço de quarto há essa hora?
Ela
vestiu o hobby, foi até a porta e a abriu, sem ter o cuidado de espiar pelo
olho mágico. Quando viu quem a esperava do lado de fora, vestindo calça jeans, tênis, um suéter verde musgo, um
chapéu no mesmo tom da blusa e óculos escuros, deu instintivamente dois passos
atrás e fechou a porta do quarto com violêcia, fazendo barulho e acordando a
garota que pouco antes dormia como se tivesse se esquecido do mundo.
-
O que foi, Carol? – Dé sentou-se na cama, ainda com os olhos meio fechados,
assustada – Aconteceu alguma coisa?
Antes
que Caroline pudesse responder, ouviu-se um grito:
- Karoru-chan, abre a porta por favor!!!
-
É o Matsujun? – Débora levantou-se, indo até a amiga, e fez menção de abrir a
porta.
Caroline
não deixou que ela se aproximasse da maçaneta e apenas fez um gesto afirmativo
com a cabeça.
-
Nande? – a amiga a olhou desconfiada.
-
Karoru-chan, onegai shimasu! Por que você
está me ignorando assim?
Mais
uma vez, Débora fez menção de abrir a porta, mas Carol novamente a impediu.
Sussurrou:
-
Não, por favor, Dé. Não quero vê-lo. – e, aumentando o tom de voz, falando para
a porta fechada – Vá embora, Jun!
-
Apenas me explique o que está
acontecendo.
-
Não tenho que explicar nada. Vá embora, eu to pedindo.
-
Não vou.
-
Tudo bem então. Vai ficar aí fora, por que eu não vou abrir nem deixar a Débora
abrir.
- Por que está fazendo isso?
-
Não estou fazendo nada!
-
Abre logo essa porta, Karoru-chan!
Débora
olhava para Caroline sem entender nada. Ela queria abrir a porta, mas a mais
nova não deixava.
-
Não, eu já disse. Vá para casa, onegai!
- Vou ficar bem aqui até você abrir
a porta.
-
Então vai se cansar, porque não vou abrir. Bye-bye, Matsujun! – Carol virou-se
novamente para a amiga que ainda olhava perplexa e encostou o dedo entre seus
seios – E você, não abra a porta.
-
Nande?
-
Por favor, Dé, eu to te pedindo.
-
Você vai ter que me dar um bom motivo.
-
Venha, eu vou te explicar. – e as duas seguiram até a cama.
***
Do
lado de fora, Jun não ouviu mais a voz de Caroline, mas sabia que havia
sussurros dentro do quarto. Não conseguia entender o que diziam, pois as vozes
eram baixas e, ao que pôde notar, falavam em português.
Estava
decidido a esperar ali, até que Caroline abrisse a porta e deixasse-o entrar.
Não
entendia essa relutância dela em falar com ele, nem por que ela o estava
igorando. Disse nas mensagens que terminara o namoro e que ficaria com ela, mas
parece que isso não causou efeito algum.
Sentia
os olhos arderem de cançaso. Por não ter dormido nada à noite, estava caindo de
sono, mas o trabalho seguiria sem pausas até o meio da tarde, com mais uma sessão
de fotos, depois gravações de um novo comercial e depois, mais uma reunião com
Watanabe-san. Olhou no relógio: eram ainda 6h50. Sentou-se no chão, ao lado da
porta do quarto das duas garotas, e pôs-se a esperar. Segurou firmemente o
pingente de chave que estava sob a blusa.
***
-
Uhm, Carol? – Débora abriu a boca pela primeira vez depois de meia hora – Não
vejo lógica nenhuma nisso.
Durante
aquele tempo, Caroline contou para ela tudo o que pensara e finalmente decidira
desde o dia anterior. Disse que aquele telefonema do Jun cancelando o jantar
porque a Yui voltara a trouxera de volta para a realidade. Chorou em algumas
partes do monólogo, principalmente quando falou sobre as mensagens que chegaram
de madrugada. Vendo-a tão fragilizada, Débora a abraçou por alguns minutos sem
dizer nada, enquanto ela soluçava em seus ombros. Depois, o relato prosseguiu
até o momento que Carol bateu a porta na cara de Jun naquela manhã.
-
Eu também não vejo tanta lógica, Dé, mas sei que o que to fazendo é o certo.
-
Onde isso – apontando pra a porta – é
certo? Carol, você enlouqueceu? Ele terminou com a Yui, o que mais você quer?!
Débora
estava em pé e tinha as duas mãos na cintura, falando num tom meio agressivo,
indignada. Ela batia a ponta do pé esquerdo insistentemente no chão.
-
Não, isso NÃO É nem um pouco certo.
-
Dé, não grita comigo, por favor – e Carol começou a chorar novamente.
-
Ok, não vou mais gritar. – sentando-se ao lado de Carol – Me desculpe. Mas juro
que não consigo entender.
-
Dé, por favor... vai ser melhor assim, eu sei. Logo ele me esquece e volta com
a Yui. Maldita hora que vim para o Nihon!
Maldita hora que escrevi aquela carta!
-
Não diz isso! Carol, se não fosse você, provavelmente eu não estaria tão feliz.
Encontrei o amor da minha vida e...
-
Desculpa, Dé! – abraçando a amiga, ainda chorando.
Caroline
logo se recompôs e endireitou o corpo, soltando-se do abraço. Respirou fundo,
recuperou o fôlego e tentou dizer, sem deixar que a voz fraquejace:
-
Pensando bem, foi bom eu ter vindo, bom eu ter conhecido o Jun. É o sonho de
toda fã, né?
-
Carol... – Débora a olhou complacente – O Jun não somente um ícone, né? Pelo
menos, para você, ele não é mais.
-
Voltará a ser. Voltarei a ser somente uma fã do Arashi como outra qualquer.
-
Não fala assim. Você o ama, e ele te ama.
-
Mas eu tentarei esquecê-lo, e quero que ele me esqueça também.
-
Na verdade, você não quer isso, e sabe muito bem que está somente mentindo para
si mesma.
-
Se é uma mentira – e não é – eu só quero tornar as coisas mais fáceis para mim
e para ele.
Débora
olhou no relógio, ainda 7h30. Talvez ele ainda estivesse esperando.
-
Posso abrir a porta agora?
Caroline
ficou em silêncio por um ou dois minutos refletindo e disse:
-
Pode abrir. Se ele ainda estiver aí, pede para ele ir embora. Eu estarei no
banheiro – marchando em direção ao cômodo.
-
Espe... – mas ela já fechara a porta.
Débora
foi até a porta do quarto e a abriu. Olhou por todos os lados, mas Jun não estava
mais lá.
Segundos
depois, seu celular tocou.
***
- Moshi-moshi.
– ela atendeu no segundo toque.
- Débora-san?
Matsumoto Jun desu. Genki desu?
-
Uhm, hai. Olá Matsujun! A que devo a
honra de sua ligação?
- Você está com a
Karoru-chan agora né?
-
Não. Ela está no banheiro. E você, o que vai fazer? Eu... acho que ela não vai querer
te ver antes de partir. Matsujun, você precisa fazer alguma coisa para que essa
cabeça-dura mude de ideia.
- Eu estou aqui na praça perto do
hotel. Preciso ir trabalhar às 8h30, tenho uma sessão fotográfica às 9h, mas
antes eu tenho que
falar com ela. Estou morto de cansaço, não dormi nada essa noite, ligando e
mandando mensagens para Karoru-chan.
Mas meu cansaço não importa, o que importa é que eu preciso saber dela o que
está acontecendo.
-
So desu… ela não atendeu nem
respondeu, né?
- Débora-san, por favor me diga. Eu
preciso saber. O que está acontecendo?
-
Matsujun... acho melhor você mesmo perguntar a ela. Não entendo muito bem o que
ela está fazendo, e sei que aconteceram muitas coisas desde ontem. Manda outro
sms, liga de novo, vou tentar fazê-la sair também.
- Você faria isso por mim?
-
Eu prometo que vou tentar, Matsujun. Mas ela está tão irrudutível...
-
Ok. Estarei esperando. Se der 8h20 e ela não aparecer, volto a te ligar.
***
-
Você terminou com a Yui?! De verdade
agora, né Matsujun? Espero que sim.
-
Hai! De verdade, Riida.
Enquanto
esperava ansiosamente por Carol, Jun ligou para Ohno. Eram quase 8h e o mais
velho já estava de pé.
-
Demo...
- Lá vem você outra vez, Matsujun!
Hahaha.
-
Eu tenho culpa? – Esboçando um sorriso amarelo, que o amigo não podia ver do
outro lado da linha – É sério, desde ontem, tenho tentado falar com a Karoru-chan, mas ela tem me ignorado.
Agora mesmo estou aqui na praça, pertro do hotel.
- Por que ela tá te ignorando?
-
Não sei. – esticando as pernas na calçada, sentado em um banco – Todas as vezes
que liguei ontem, depois que conversei com a Yui, ela não atendeu. Eu liguei
mais de dez vezes e nada. E também não respondeu minhas mensagens.
- Uhm. O que você vai fazer?
-
A Débora-san disse que vai tentar convencê-la a vir me encontrar. Se ela não
vier, vou ao hotel novamente.
- Novamente? Você já foi lá hoje?
- Hai.
Mas a Karorine não quis me ver.
Satoshi?
-
Oi?
-
Faz um favor pra mim? Se eu me atrasar, você me dá cobertura?
- Como vou te dar cobertura,
Matsujun? Não participarei da sessão com você.
-
Mas os estúdios onde eu preciso estar, e você, são no mesmo prédio. Por favor,
faz isso por mim??!
Ohno
pareceu refletir por alguns minutos e por fim disse:
-
Ok, eu faço.
Jun
abriu um sorriso de gratidão. Pensou no que seria dele sem aqueles amigos tão
maravilhosos.
-
Arigatou, Riida.
***
Depois
que Débora recebeu a ligação do Jun e estava pronta para entrar no banheiro,
brigar com Caroline, se preciso fosse, e fazê-la ir encontrá-lo, Carol a chamou
pela fresta da porta. Pelo jeito, não ia tomar banho, o banheiro foi somente
uma desculpa, outra vez.
-
Tenho que te contar uma coisa – ela disse, e Débora sentiu aumentar a tensão em
sua voz. Caminhou até ela e ambas se sentaram lado a lado, de pernas cruzadas,
no centro do cômodo.
-
O que foi agora, Carol? – revirando os olhos.
-
É melhor eu falar logo. Dé, eu não virei.
-
Não virá aonde, hein?
-
Não virei... no casamento... me desculpe – os olhos de Caroline se encheram de
lágrimas.
Débora
não pôde acreditar. Gritou, ficou brava, mas não conseguiu sentir raiva da
melhor amiga por muito tempo, nem resistiu às lágrimas grossas que caiam dos
olhos dela. Mesmo depois de teê-la chamado de cabeça dura e reclamado muito,
ela viu que Carol permanecia irredutível. Por fim, apenas abraçou-a e chorou
com ela.
Depois
de quase vinte minutos, ela se lembrou que Jun estava na praça esperando. Ficou
em pé, tendo uma ideia que não ia falhar, conhecendo Carol tão bem como
conhecia. Disse:
-
Carol. Você acabou de me informar, na maior cara lavada, que não vira para o meu casamento. Ok, eu te perdoo. Como
poderia não perdoar minha melhor amiga, né? Mas em troca, vou te pedir uma
coisa. Por favor, você poderia descer e ir até a pracinha aqui do lado? O
Matsujun está esperando por você lá.
-
Não vou.
-
Por favor, Carol! Estou te pedindo. Você não pode ir embora sem antes conversar
com ele, pelo menos.
Caroline
ficou em silêncio por alguns minutos, olhando para o chão. Quando ela ficou em
pé e olhou para Débora, pelo seu olhar já dava pra saber que ela cedera um
pouco e, por fim, decidira ir se encontrar com Jun. Afinal, Débora sabia que, mesmo
firme de que não iria falar com ele, nada melhor que uma chantagenzinha
inofensiva para fazer a amiga mudar de ideia. Mas não deu o braço a torcer tão
facilmente.
-
Não sei Dé, não acho uma boa ideia. Preciso ordenar os pensamentos um pouco.
Você me deixaria sozinha um instante?
-
Sim. – Dé se encaminhou à porta e, quando estava fechando-a, completou: - Só
não se demore muito. Afinal, já são 8h10 e ela precisa sair 8h30 para um
compromisso.
***
Sozinha
no banheiro, Carol espalmou as mãos na pia e se encarou no espelho. “O que você
vai fazer agora, dona Caroline?”, perguntou em voz alta para si mesma. E, como
resposta à sua pergunta, seu celular vibrou acusando o recebimento de uma
mensagem. Mais uma mensagem de Matsumoto Jun.
“Karoru-chan, não sei o que houve nem
porque você está assim, mas seu distanciamento não muda o que sinto por você.
Precisamos conversar. Por favor, venha me encontrar.”
No
instante em que leu, tomou uma decisão. Realmente, era melhor eles conversarem
e darem um fim naquilo, para ela não ter que voltar para o Brasil carregando o
fardo de um assunto mal-resolvido. Respondeu o sms:
“Matsumoto
Jun, eu aceito falar com você desta vez. Estarei aí em dez minutos.”
Depois
que a mensagem foi enviada, ela saiu do banheiro e encontrou Débora sentada na
cama.
-
E então? – ela lançou.
-
Eu irei vê-lo.
- É assim que se fala, Caroline! – Débora exclamou,
levantando-se e indo até a amiga, dando-lhe em tapinha de leve na cabeça. – Vou
descer então, para fazer o desjejum. Tira esse pijama, veste uma roupa legal, e
vê se não deixa o Matsujun esperando por muito tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário