E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 36


Matsumoto Jun ligou várias vezes, até mais de onze horas, mas Caroline não atendeu. Pensou em ir até o hotel, mas por fim achou melhor não ir. Então, depois de mais de dez tentativas frustradas, ele resolveu tomar uma ducha e dormir, pois no dia seguinte, pretendia madrugar e ir ao hotel falar com Caroline. Queria encontrá-la, acertar-se com ela para poder sorrir sinceramente ante à câmera na manhã seguinte.
Durante toda a noite, acordou de meia em meia hora para mandar uma nova mensagem, que ela também não respondeu. Jun não conseguia entender. Ela deve estar brava comigo porque eu desmarquei o jantar. Pior ainda, ela deve pensar que eu voltei com a Yui!
Além do mais, ele estava preocupado, afinal ela partiria no dia seguinte. Eles precisavam se acertar antes disso! Mas ela se recusava a retornar, nem que fosse para mandá-lo calar.
Sem conseguir descansar direito, às 5h da madrugada ele se sentou na cama com os olhos bem abertos. Precisava urgentemente falar com Caroline, queria acertar tudo com ela antes de se separarem logo mais tarde, queria que ela voltasse ao Brasil como sua namorada.
Levantou-se da cama e foi até a gaveta onde guardava seus acessários, torcendo para que dentre todos os seus colares e correntes, houvesse uma que pudesse usar com a chave. Por fim, depois de revirar tudo, ele achou uma corrente meio grossa prateada, onde estava um pingente antigo de anjo que há tempos ele não usava. Tirou o anjo, o largou sobre a cômoda e pegou a chave, que permanecia dentro do bolso da calça que usara no dia anterior.
Com um plano em mente – iria até o hotel antes da sessão de fotos que ele tinha às 9h (só esperava que ninguém o xingasse por ser muito cedo) – Jun trocou de roupa, colocou a corrente com a chave no pescoço e foi preparar seu desjejum.

***

Uemura Yui, desde que se trancara no quarto na noite anterior, não quis falar com Ryuchi. Este dormira na sala tendo apenas sua blusa de moletom e seu casaco para se proteger do frio que se intensificou durante a madrugada.
Matsumoto Jun dissera que ele precisava consolar Yui, e era isso que ele queria poder fazer, não para obedecer a uma ordem daquele que era conhecido como DoS King do Arashi, mas porque sabia que ela estava triste, era uma mulher frágil que precisava ser consolada e ele a amava. Não queria que, com isso, ela pensasse que ele estava se aproveitando ou algo assim, mas simplesmente não podia ficar parado, queria poder confortá-la.  Mas, todas as vezes que ele bateu na porta do quarto, ela dizia que queria ficar sozinha ou simplesmente o ignorava.
Naqueles dias que Yui passara com ele, Ryu realmente acreditou que ela já não gostava tanto de Jun ou, ao menos, não sofreria tanto se eles se separessem. Contudo, provou-se o contrário na discussão toda com ele, na completa alteração dela, em sua repentina histeria, e Ryu também notou profunda tristeza.
Ele sofria ao vê-la assim. Queria poder pelo menos fazer alguma coisa mais concreta, tiraria Yui de Tóquio se pudesse, a faria se esquecer do ex-namorado. Pensando numa maneira de amenizar a dor dela e curá-la, Ryu foi tomar uma ducha. Pretendia começar a pôr em prática seu plano de ajudar sua amiga de infância preparando seu café da manhã antes dela ir trabalhar.

***

Caroline estava acordada, fitando o teto. Os raios solares invadiam o quarto, clareando-o um pouco. Era cedo ainda, nem 6h30. Não dormira nada aquela noite e tinha um pressentimento de que aquela sábado, dia de sua despedida do Nihon, ia ser ainda pior que a noite. Aliás, seria quase insuportável.
Lera todas as mensagens que Jun lhe mandara durante toda a madrugada e quase atendeu o celular mais de uma vez, mas se manteve firme em seu propósito. Contudo, aquela decisão vinha corroendo-a por dentro desde o momento que finalmente optara por ela, no início da noite do dia anterior.
Carol decidira deixar Jun, abandonar aquele amor inocente, mas ao mesmo tempo tão inconveniente, e tocar sua vida no Brasil. Seria melhor para todo mundo. Ela tinha seu emprego, a faculdade, suas obrigações, e não queria se prender a alguém que em breve estaria tão distante dela, meio globo se interpondo entre eles. Afinal, ela era jovem, fizera somente 24 anos, encontraria um homem que viesse a amá-la ainda mais que Jun e que ela aprenderia a amar também. 
Mais que isso tudo que pensou sobre si mesmo, foi pensando nele e na vida dele que ela se decidiu de vez. Sabia que Jun tinha uma carreira toda que ainda estava florescendo e ela sabia que 15 anos é somente o início da vida de qualquer banda ou qualquer ser humano. Não queria atrapalhar isso. Quando ele disse que Yui tinha voltado, Caroline teve então um choque de realidade e compreendeu que vivera uma utopia desde quarta-feira, ao se declarar. Um sonho lindo, mas apenas isso: um sonho.
Pensar assim estava fazendo seu coração sangrar insessantemente, mas não compartilhara o que sentia nem com Débora, pois sabia que a amiga iria querer dissuadi-la de sua decisão. Aquilo tudo, abrir mão assim de um amor, ia contra toda a filosofia de vida que Carol sempre apregoara, ela sabia disso, e Dé também sabia e usaria isso contra ela, para tentar fazê-la mudar de ideia. Mas Carol não queria ouvir isso e saber que a amiga tinha razão, e mesmo assim ter que manter-se firme e determinada a seguir.
Leu mais uma vez a última mensagem de Jun, que ele mandara às 4h49:
Karoru-chan, responde esse sms onegai shimasu. Eu terminei tudo com a Yui, é verdade, por favor acredite! Nada mais pode nos atrapalhar. Se você me ama, não me ignore desse jeito~ eu te amo. M. J.”
Lera aquela última mensagem mais de dez vezes, e em todas elas as lágrimas encheram seus olhos. Quis responder, dizer que também o amava e que acreditava nele, mas não podia fazer isso. Se desse o braço a torcer naquele momento, toda a sua determinação teria sido em vão.
Sentou-se na cama e enxugou os olhos, se sentindo completamente indisposta e fraca, mas estava decidida a sorrir novamente para Débora quando esta acordasse, como se nada tivesse realmente acontecido.
Decidira também que não ia voltar ao Nihon para o casamento de sua melhor amiga, e não poderia ser sua madrinha. Não conseguiria pisar naquele país novamente; uma vez que o deixasse que fosse dinitivo. Possivelmente, Débora a odiaria por isso. Mas Carol realmente esperava que ela compreendesse e aceitasse. Ainda não sabia se conversaria sobre isso com ela antes do vôo, não queria manchar sua felicidade. Afinal, depois de todos os contratempos que surgiram e mesmo que o pai de Nino ainda fosse contra a união, eles estavam tão bem juntos que Carol acreditava que não tinha direito de mudar isso.
Depois de observar Dé por alguns minutos, que dormia profundamente (Nino foi embora depois das 11h), Caroline se pôs em pé e, com um grande bocejo, se dirigiu ao banheiro.
Quando estava quase entrando, a campainha tocou. Ela olhou no relógio de pulso, ainda faltavam vinte minutos para as 7h. Quem será? Algum serviço de quarto há essa hora?
Ela vestiu o hobby, foi até a porta e a abriu, sem ter o cuidado de espiar pelo olho mágico. Quando viu quem a esperava do lado de fora, vestindo calça jeans, tênis, um suéter verde musgo, um chapéu no mesmo tom da blusa e óculos escuros, deu instintivamente dois passos atrás e fechou a porta do quarto com violêcia, fazendo barulho e acordando a garota que pouco antes dormia como se tivesse se esquecido do mundo.
- O que foi, Carol? – Dé sentou-se na cama, ainda com os olhos meio fechados, assustada – Aconteceu alguma coisa?
Antes que Caroline pudesse responder, ouviu-se um grito:
- Karoru-chan, abre a porta por favor!!!
- É o Matsujun? – Débora levantou-se, indo até a amiga, e fez menção de abrir a porta.
Caroline não deixou que ela se aproximasse da maçaneta e apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça.
- Nande? – a amiga a olhou desconfiada.
- Karoru-chan, onegai shimasu! Por que você está me ignorando assim?    
Mais uma vez, Débora fez menção de abrir a porta, mas Carol novamente a impediu. Sussurrou:
- Não, por favor, Dé. Não quero vê-lo. – e, aumentando o tom de voz, falando para a porta fechada – Vá embora, Jun!
- Apenas me explique o que está acontecendo.
- Não tenho que explicar nada. Vá embora, eu to pedindo.
- Não vou.
- Tudo bem então. Vai ficar aí fora, por que eu não vou abrir nem deixar a Débora abrir.
- Por que está fazendo isso?
- Não estou fazendo nada!
- Abre logo essa porta, Karoru-chan!
Débora olhava para Caroline sem entender nada. Ela queria abrir a porta, mas a mais nova não deixava.
- Não, eu já disse. Vá para casa, onegai!
- Vou ficar bem aqui até você abrir a porta.
- Então vai se cansar, porque não vou abrir. Bye-bye, Matsujun! – Carol virou-se novamente para a amiga que ainda olhava perplexa e encostou o dedo entre seus seios – E você, não abra a porta.
- Nande?
- Por favor, Dé, eu to te pedindo.
- Você vai ter que me dar um bom motivo.
- Venha, eu vou te explicar. – e as duas seguiram até a cama.

***

Do lado de fora, Jun não ouviu mais a voz de Caroline, mas sabia que havia sussurros dentro do quarto. Não conseguia entender o que diziam, pois as vozes eram baixas e, ao que pôde notar, falavam em português.
Estava decidido a esperar ali, até que Caroline abrisse a porta e deixasse-o entrar.
Não entendia essa relutância dela em falar com ele, nem por que ela o estava igorando. Disse nas mensagens que terminara o namoro e que ficaria com ela, mas parece que isso não causou efeito algum.
Sentia os olhos arderem de cançaso. Por não ter dormido nada à noite, estava caindo de sono, mas o trabalho seguiria sem pausas até o meio da tarde, com mais uma sessão de fotos, depois gravações de um novo comercial e depois, mais uma reunião com Watanabe-san. Olhou no relógio: eram ainda 6h50. Sentou-se no chão, ao lado da porta do quarto das duas garotas, e pôs-se a esperar. Segurou firmemente o pingente de chave que estava sob a blusa.

***

- Uhm, Carol? – Débora abriu a boca pela primeira vez depois de meia hora – Não vejo lógica nenhuma nisso.
Durante aquele tempo, Caroline contou para ela tudo o que pensara e finalmente decidira desde o dia anterior. Disse que aquele telefonema do Jun cancelando o jantar porque a Yui voltara a trouxera de volta para a realidade. Chorou em algumas partes do monólogo, principalmente quando falou sobre as mensagens que chegaram de madrugada. Vendo-a tão fragilizada, Débora a abraçou por alguns minutos sem dizer nada, enquanto ela soluçava em seus ombros. Depois, o relato prosseguiu até o momento que Carol bateu a porta na cara de Jun naquela manhã.
- Eu também não vejo tanta lógica, Dé, mas sei que o que to fazendo é o certo.
- Onde isso – apontando pra a porta – é certo? Carol, você enlouqueceu? Ele terminou com a Yui, o que mais você quer?!
Débora estava em pé e tinha as duas mãos na cintura, falando num tom meio agressivo, indignada. Ela batia a ponta do pé esquerdo insistentemente no chão.
- Não, isso NÃO É nem um pouco certo.
- Dé, não grita comigo, por favor – e Carol começou a chorar novamente.
- Ok, não vou mais gritar. – sentando-se ao lado de Carol – Me desculpe. Mas juro que não consigo entender.
- Dé, por favor... vai ser melhor assim, eu sei. Logo ele me esquece e volta com a Yui. Maldita hora que vim para o Nihon! Maldita hora que escrevi aquela carta!
- Não diz isso! Carol, se não fosse você, provavelmente eu não estaria tão feliz. Encontrei o amor da minha vida e...
- Desculpa, Dé! – abraçando a amiga, ainda chorando.
Caroline logo se recompôs e endireitou o corpo, soltando-se do abraço. Respirou fundo, recuperou o fôlego e tentou dizer, sem deixar que a voz fraquejace:
- Pensando bem, foi bom eu ter vindo, bom eu ter conhecido o Jun. É o sonho de toda fã, né?
- Carol... – Débora a olhou complacente – O Jun não somente um ícone, né? Pelo menos, para você, ele não é mais.
- Voltará a ser. Voltarei a ser somente uma fã do Arashi como outra qualquer.
- Não fala assim. Você o ama, e ele te ama.
- Mas eu tentarei esquecê-lo, e quero que ele me esqueça também.
- Na verdade, você não quer isso, e sabe muito bem que está somente mentindo para si mesma.
- Se é uma mentira – e não é – eu só quero tornar as coisas mais fáceis para mim e para ele.
Débora olhou no relógio, ainda 7h30. Talvez ele ainda estivesse esperando.
- Posso abrir a porta agora?
Caroline ficou em silêncio por um ou dois minutos refletindo e disse:
- Pode abrir. Se ele ainda estiver aí, pede para ele ir embora. Eu estarei no banheiro – marchando em direção ao cômodo.
- Espe... – mas ela já fechara a porta.
Débora foi até a porta do quarto e a abriu. Olhou por todos os lados, mas Jun não estava mais lá.
Segundos depois, seu celular tocou.

***

- Moshi-moshi. – ela atendeu no segundo toque.
- Débora-san? Matsumoto Jun desu. Genki desu?
- Uhm, hai. Olá Matsujun! A que devo a honra de sua ligação?
- Você está com a Karoru-chan agora né?
- Não. Ela está no banheiro. E você, o que vai fazer? Eu... acho que ela não vai querer te ver antes de partir. Matsujun, você precisa fazer alguma coisa para que essa cabeça-dura mude de ideia.
- Eu estou aqui na praça perto do hotel. Preciso ir trabalhar às 8h30, tenho uma sessão fotográfica às 9h, mas antes eu tenho que falar com ela. Estou morto de cansaço, não dormi nada essa noite, ligando e mandando mensagens para Karoru-chan. Mas meu cansaço não importa, o que importa é que eu preciso saber dela o que está acontecendo.
- So desu… ela não atendeu nem respondeu, né?
- Débora-san, por favor me diga. Eu preciso saber. O que está acontecendo?
- Matsujun... acho melhor você mesmo perguntar a ela. Não entendo muito bem o que ela está fazendo, e sei que aconteceram muitas coisas desde ontem. Manda outro sms, liga de novo, vou tentar fazê-la sair também.
- Você faria isso por mim?
- Eu prometo que vou tentar, Matsujun. Mas ela está tão irrudutível...
- Ok. Estarei esperando. Se der 8h20 e ela não aparecer, volto a te ligar.

***

- Você terminou com a Yui?! De verdade agora, né Matsujun? Espero que sim.
- Hai! De verdade, Riida.
Enquanto esperava ansiosamente por Carol, Jun ligou para Ohno. Eram quase 8h e o mais velho já estava de pé.
- Demo...
- Lá vem você outra vez, Matsujun! Hahaha.
- Eu tenho culpa? – Esboçando um sorriso amarelo, que o amigo não podia ver do outro lado da linha – É sério, desde ontem, tenho tentado falar com a Karoru-chan, mas ela tem me ignorado. Agora mesmo estou aqui na praça, pertro do hotel.
- Por que ela tá te ignorando?
- Não sei. – esticando as pernas na calçada, sentado em um banco – Todas as vezes que liguei ontem, depois que conversei com a Yui, ela não atendeu. Eu liguei mais de dez vezes e nada. E também não respondeu minhas mensagens.
- Uhm. O que você vai fazer?
- A Débora-san disse que vai tentar convencê-la a vir me encontrar. Se ela não vier, vou ao hotel novamente.
- Novamente? Você já foi lá hoje?
- Hai. Mas a Karorine não quis me ver. Satoshi?
- Oi?
- Faz um favor pra mim? Se eu me atrasar, você me dá cobertura?
- Como vou te dar cobertura, Matsujun? Não participarei da sessão com você.
- Mas os estúdios onde eu preciso estar, e você, são no mesmo prédio. Por favor, faz isso por mim??!
Ohno pareceu refletir por alguns minutos e por fim disse:
- Ok, eu faço.
Jun abriu um sorriso de gratidão. Pensou no que seria dele sem aqueles amigos tão maravilhosos.
- Arigatou, Riida.

***

Depois que Débora recebeu a ligação do Jun e estava pronta para entrar no banheiro, brigar com Caroline, se preciso fosse, e fazê-la ir encontrá-lo, Carol a chamou pela fresta da porta. Pelo jeito, não ia tomar banho, o banheiro foi somente uma desculpa, outra vez.
- Tenho que te contar uma coisa – ela disse, e Débora sentiu aumentar a tensão em sua voz. Caminhou até ela e ambas se sentaram lado a lado, de pernas cruzadas, no centro do cômodo.
- O que foi agora, Carol? – revirando os olhos.
- É melhor eu falar logo. Dé, eu não virei.
- Não virá aonde, hein?
- Não virei... no casamento... me desculpe – os olhos de Caroline se encheram de lágrimas.
Débora não pôde acreditar. Gritou, ficou brava, mas não conseguiu sentir raiva da melhor amiga por muito tempo, nem resistiu às lágrimas grossas que caiam dos olhos dela. Mesmo depois de teê-la chamado de cabeça dura e reclamado muito, ela viu que Carol permanecia irredutível. Por fim, apenas abraçou-a e chorou com ela.
Depois de quase vinte minutos, ela se lembrou que Jun estava na praça esperando. Ficou em pé, tendo uma ideia que não ia falhar, conhecendo Carol tão bem como conhecia. Disse:
- Carol. Você acabou de me informar, na maior cara lavada, que não vira para o meu casamento. Ok, eu te perdoo. Como poderia não perdoar minha melhor amiga, né? Mas em troca, vou te pedir uma coisa. Por favor, você poderia descer e ir até a pracinha aqui do lado? O Matsujun está esperando por você lá.
- Não vou.
- Por favor, Carol! Estou te pedindo. Você não pode ir embora sem antes conversar com ele, pelo menos.
Caroline ficou em silêncio por alguns minutos, olhando para o chão. Quando ela ficou em pé e olhou para Débora, pelo seu olhar já dava pra saber que ela cedera um pouco e, por fim, decidira ir se encontrar com Jun. Afinal, Débora sabia que, mesmo firme de que não iria falar com ele, nada melhor que uma chantagenzinha inofensiva para fazer a amiga mudar de ideia. Mas não deu o braço a torcer tão facilmente.
- Não sei Dé, não acho uma boa ideia. Preciso ordenar os pensamentos um pouco. Você me deixaria sozinha um instante?
- Sim. – Dé se encaminhou à porta e, quando estava fechando-a, completou: - Só não se demore muito. Afinal, já são 8h10 e ela precisa sair 8h30 para um compromisso.

***

Sozinha no banheiro, Carol espalmou as mãos na pia e se encarou no espelho. “O que você vai fazer agora, dona Caroline?”, perguntou em voz alta para si mesma. E, como resposta à sua pergunta, seu celular vibrou acusando o recebimento de uma mensagem. Mais uma mensagem de Matsumoto Jun.
Karoru-chan, não sei o que houve nem porque você está assim, mas seu distanciamento não muda o que sinto por você. Precisamos conversar. Por favor, venha me encontrar.”
No instante em que leu, tomou uma decisão. Realmente, era melhor eles conversarem e darem um fim naquilo, para ela não ter que voltar para o Brasil carregando o fardo de um assunto mal-resolvido. Respondeu o sms:
“Matsumoto Jun, eu aceito falar com você desta vez. Estarei aí em dez minutos.”
Depois que a mensagem foi enviada, ela saiu do banheiro e encontrou Débora sentada na cama.
- E então? – ela lançou.
- Eu irei vê-lo.
- É assim que se fala, Caroline! – Débora exclamou, levantando-se e indo até a amiga, dando-lhe em tapinha de leve na cabeça. – Vou descer então, para fazer o desjejum. Tira esse pijama, veste uma roupa legal, e vê se não deixa o Matsujun esperando por muito tempo.

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