Os
dois ficaram sentados lado a lado, Jun com o braço em volta dos ombros de
Caroline e ela com a cabeça deitada em seu peito. Depois de uns cinco minutos
assim, ele ficou em pé.
-
Yosh!! – pegando pelas alças a mala
dela que estava escorada próxima aos assentos. – Vamos então?
-
Para onde o senhor quer ir? – Carol sorriu, também se pondo em pé.
-
Bom, quando você ligou, eu estava chegando em casa, mas podemos ir jantar.
Imagino que você esteja com fome.
-
Na verdade eu estou, com fome e sono. Não consegui descansar muito bem durante
o voo.
Ele
segurou a mão dela com a mão livre e seguiram por entre os passantes no
aeroporto. Quando saíram, lá fora estava ventando forte e Carol sem encolheu
toda.
-
Uhm, tá frio aqui.
-
Hai.
-
E pensar que eu deixei pra trás um verãozão... – ela sorriu, olhando para ele.
– Por você, né?
-
Que bom! – ele retribuiu o sorriso e a abraçou. – Mas duvido que foi só por
mim. Afinal, o casamento tá chegando, né?
-
Foi você quem me convenceu a vir. – deram-se novamente as mãos e continuaram a
caminhar até o carro – Mas é verdade, né? O casamento tá super perto, será
nesse sábado já. Véspera do aniversário do Sakurai Sho.
-
Hai. Vamos aproveitar a festa do
casamento para comemorar. Festa em dose dupla! Hahaha.
***
Na
manhã seguinte, Débora esperou dar 10h30 para ligar para a amiga. Carol atendeu
com voz de sono, como quem acabara de acordar.
-
ACORDAAA!!! O SOL JÁ TÁ BRILHANDO ALTO NO CÉU!!!
- Oi Débora Fonseca. Bom dia pra
você também. – Carol, que reconheceu a voz da outra,
sussurrou, ainda de olhos meio fechados.
-
OHAYOU, CAROL-CHAN!!!
-
Não precisa gritar, eu não sou surda!
-
Tá bom, tá bom sua chata. Menina, que saudades!
-
Também senti saudades.
-
Uhm. Você está no mesmo hotel que nós ficamos daquela vez? Eu vou aí almoçar
com você.
- E o Kazu-chan?
-
Ele ta trabalhando. O Kitagawa disse que, como terá que dar folga pra ele de
uma semana... UMA SEMANA, OUVIU BEM?
- Não grita, eu ouvi. O que tem
isso?
-
O que tem isso que terei só UMA SEMANA de lua-de-mel, só isso. O Kazu disse que
já é muito, ele achou que o chefão não ia dar nem isso. Enfim... como ele terá
uma semana de folga, não pode relaxar até sábado, né? Acredita nisso? Nem dá
tempo de fazer uma viagem decente...
- Dé, não reclama, quem mandou
querer casar com um superstar como o Nino? Agora tem que aguentar, hahahaha.
-
Você ri porque não é com você... deixa chegar a hora de você e o Matsujun
casarem.
- Quem disse que nós vamos nos casar?
-
Ninguém precisa dizer – Débora revirou os olhos, deitada na cama de Kazunari
olhando para o teto – É claro como o dia, Carol, que isso vai acontecer.
- Dé, é meu último ano de
faculdade.
-
Eu sei. De qualquer forma, levanta logo dessa cama que eu chego aí às 11h30! E
daí você vai me contar direitinho como foi desde ontem, quando você chegou!
- Não aconteceu nada, por que teria
acontecido?
-
Tá, não aconteceu nada, ahan. Você e o Matsujun... ele foi te buscar no
aeroporto, te levou aí no hotel e só??
- Hahaha! Dé, você não muda! Não
aconteceu nada demais.
-
Mesmo assim eu quero saber. Já, já eu chego aí e a gente conversa.
***
Quando
Débora chegou ao hotel, Caroline tinha acabado de voltar para o quarto, fora
tomar café-da-manhã. Dessa vez, ela estava hospedada no segundo andar. O quarto
ainda não tinha sido arrumado e Carol planejava sair para almoçar fora com a
amiga e deixa-lo livre para que a camareira pudesse vir.
Chegando
ao quarto, Dé nem sequer tocou a campainha e foi logo entrando, pois Carol
deixara a porta destrancada. Correu até a outra, com os braços abertos, quase
sufocando-a e gritando:
-
EU SABIA QUE O MATSUJUN NÃO IA ME DEIXAR NA MÃO! SABIA QUE ELE IA TRAZER MINHA
AMIGA DE VOLTA!!!
-
Hahaha! – rindo da amiga e abraçando-a também. – Você não muda mesmo, Débora
sua maluca que eu amo! Senti saudades.
-
Eu também! Verdade verdadeira. Mas me conta – sentando-se na cama de casal –
como foi ontem?
Caroline
sentou-se ao lado dela e balançou a cabeça, com um sorriso nos lábios e um tom
de reprovação falsa, disse:
-
Nada, já disse. Dé, quando você vai entender?
-
QUANDO VOCÊ TIVER ALGO PRA CONTAR, BAAAKA!!!
-
Shhhh! – colocando a mão sobre a boca de Débora, que voltara a gritar – Isso
aqui é um hotel, lembra?
-
E daí? – Dé respondeu sob a mão de Carol, a voz saindo abafada – Que eu saiba,
ninguém está dormindo a essa hora. – Carol tirou a mão da boca dela e ela voltou
a falar normalmente, dessa vez sem gritar – Não são mais férias aqui no Nihon, e estamos no meio da semana!
Agora me conta tudinho, desde que você chegou ao aeroporto ontem!
Caroline,
sendo vencida pelos argumentos da amiga, cedeu e, deitando-se para trás na
cama, começou a falar.
Realmente,
nada de tão extraordinário acontecera depois que ela e Jun saíram do aeroporto
no dia anterior. Foram jantar no delicioso restaurante de frutos do mar da
outra vez, ao som de instrumentos ao vivo, um violino e um piano, que Jun
informara que começaram a tocar lá no Natal.
Depois
da refeição, foram ao apartamento de Jun e ficaram abraçadinhos embaixo de um
cobertor vendo um belo filme de romance. E depois, quando ela já dormia no colo
dele, Jun gentilmente a acordou para irem ao hotel. Claro que não sem antes
perguntar se ela não queria ficar ali com ele.
-
Querer eu queria – disse para Dé – Mas eu simplesmente não me aguentava mais,
estava exausta depois de 23h de voo, sem contar as duas horas que fiquei
plantada no aeroporto de Frankfurt. Então, infelizmente, eu tive que recusar.
Além disso, eu sabia que ele tinha que trabalhar cedo hoje.
-
E daí? – Débora deu um tapa no braço da amiga, que estava deitada – Você é
mesmo uma boba, ok? “Tadinho, ele tem que trabalhar”. – fazendo trejeito com
uma voz afetada e revirando os olhos.
-
Itai! Dé, isso dói!
-
É pra você parar de ser idiota. Mas agora – deitando-se ao lado de Carol na
cama – Conte-me as novas do Brasil.
***
Matsumoto
Jun disse que iria ao hotel assim que saísse da JE e chamou os meninos para
irem junto, para verem Caroline. Todos toparam e, cada um em seu carro,
chegaram lá em quinze minutos. Encontraram Carol, e Débora (que ainda estava
lá, às 8h da noite), sentadas no sofá do hall,
conversando. Como tinha algumas pessoas a mais por lá, os cinco encapuzaram as
cabeças, colocaram óculos e desceram um por um dos veículos, não querendo
chegar todos juntos para não chamar a atenção.
-
Opa, você aqui! Kazu... – Débora já ficava em pé.
-
Shhhh, Deb! – se aproximando dela e tocando sua mão – Você precisa aprender
comigo a ser mais discreta.
-
Hahaha! – Carol riu, e todos notaram que ela estava um pouco mais solta que da
outra vez que estivera ali. – Isso mesmo, Nino!
Ela
estava mais solta sim, mas não tão mais
solta e não conseguiu se aproximar de Ninomiya Kazunari e cumprimentá-lo do
jeito brasileiro, naturalmente colando uma bochecha na outra. Então, quem se
aproximou dela foi ele:
-
Ae, Karoru! – abraçando-lhe – Genki desu ka? Hisashiburi!
-
Err... – abraçando o outro meio sem jeito – Genki,
genki.
-
Não, você não mudou! – ele riu e
todos, inclusive Débora e Jun, riram com ele, fazendo com que Carol ficasse
vermelha como um pimentão.
***
A
família de Débora, pais e avós, chegaram na sexta-feira ao meio dia e ela foi
buscá-los com Nino no aeroporto. Fábio e Marcela estavam lá também. Débora, com
seu jeito espalhafatoso de ser, correu ao encontro deles, gritando e fazendo
com que todos os olhares no aeroporto se voltassem para ela, deixando o noivo
pra trás, assim que os viu sentados próximo ao portão de desembarque.
Abraçou
e beijou no rosto um por um, primeiro os pais, avós, e por fim os dois amigos.
Nino, que se aproximara bem no instante em que ela estava junto de Fábio, não
gostou nenhum pouco da proximidade deles. Chamou a atenção para si.
-
Cahan, cahan – pousando a mão no ombro de Débora.
-
Ahhh, minna-san! Este...
-
Calma, Dé. – falou um homem de cabelos brancos, que Nino achou que fosse avô
dela – O que é “mina”? Onde tem uma mina por aqui?
-
Não, vovô, não é uma mina, hahaha. Bom, de qualquer forma, este aqui é o meu
noivo.
-
Ninomiya Kazunari desu. Hajimemashite. – curvando-se - Ano... -
olhou meio apavorado para Débora – Como eu vou fazer para falar com
eles? Não sei porutugarugo.
-
Não se preocupe, eu serei a intérprete. – sorrindo – Pessoal, ele disse que se
chama Ninomiya Kazunari, mas como no Brasil usamos primeiro o nome e depois o
sobrenome, pra gente fica Kazunari Ninomiya, mas podem chamá-lo simplesmente de
Nino.
Seguiram-se
as apresentações e, quando chegou a vez de Fábio, Nino olhou para ele com um
meio sorriso nos lábios e olhar de quem diz “ela é minha!” e passou o braço
possessivamente sobre os ombros de Dé. Fábio somente sorriu e curvou levemente
a cabeça.
Todos
iam ficar no mesmo hotel onde Caroline estava hospedada. Kazunari se
prontificou a guiá-los até lá, onde deixaria Débora com eles, pois tinha que
voltar logo para o trabalho.
Os
pais dela seguiram no carro com eles, junto à avó materna de Débora, que era
viúva. Os outros pegaram um táxi, uma minivan para caber os cinco, mais as
bagagens para quatro dias e três noites e o motorista.
Assim
que Nino sentou-se no banco do motorista com Débora a seu lado, ele segurou na
mão dela gentilmente e sussurrou:
-
Você é minha, está bem? Não vou te dividir.
-
Nem eu quero ser dividida, pois sou toda sua e sempre serei seu bobo! Ele é só
um amigo.
Ela
sorriu e beijou-lhe o rosto. Sua mãe, do banco de trás, que não entendia nada
do que falavam, sorriu ao ver como ele a olhava e como ela o beijava com
carinho. Disse para o marido:
-
O amor é lindo, né?
Dé,
que ouvira o comentário da mãe, olhou para trás e, com um imenso sorriso no
rosto, disse:
-
Sim, é!
***
Como em todo o casamento,
tanto Débora quanto Nino tiveram sua "despedida de solteiro". A moça
foi jantar com a família e, depois seguiu com as duas amigas para um clube noturno
onde beberiam um pouco e se divertiriam.
Nino também foi arrastado
por Sho, Jun, Aiba e Ohno para um pub.
Eles haviam contratado o grupo de meninas coreanas da banda KARA que fizeram a
performance de "Mister", a mesma música que Jun dançou no Arashi ni
Shiyagare anos atrás.
Depois de rirem e beberem
um pouco, Nino voltou para casa e deitou-se na cama sem trocar de roupa. Não
parava de pensar em seu casamento; olhou para o lado, pegou o celular e discou
para Débora.
Assim que Débora sentiu o
celular vibrar, começou a rir descontroladamente falando para as amigas
"Meu Nininho ligando!".
Atendeu.
- Oi Amor!
- Deb? Você tá onde?
- Ah, saí com as meninas.
Daqui a pouco vou embora.
- Hum, so ka.
Descanse bem! Quero vê-la bem linda amanhã!
- Pode deixar.
- E Deb...
- Hum?
- Te amo.
- Ah, eu também.
- Te amo de verdade!
- Ounw.
- Oyasumi.
- Oyasumi bebê.
Nino desligou o telefone e
dormiu imediatamente. Depois de dez minutos, Débora, Carol e Marcela foram
embora, pois ela tinha que dormir cedo e se preparar para o grande dia.
***
Finalmente chegou o dia
que todos esperavam: 24 de janeiro de 2015, dia da união conjugal de Débora
Fonseca e Kazunari Ninomiya.
Débora acordou cedo. Estava
um pouco cansada, mas logo foi animada por Carol e Marcela. Como presente de
noiva, as duas dariam e ela um dia de beleza que seria feito no hotel. Seria no
quarto dos pais de Débora e uma equipe iria cuidar da noiva.
- Estou nervosa, Carol!
-Não fique! Vai dar tudo
certo.
Marcela havia lhe trazido
um suco de frutas, torradas e queijo light
para que Débora comesse um pouco. A comida teria que ser leve, afinal o
nervosismo era tamanho que qualquer comida esquisita ou pesada a faria ter dor
de barriga.
Nino foi acordado por Jun.
Limpou um pouco a baba que escorria, coçou os olhos e atendeu ainda de olhos
fechados.
- Acorda dorminhoco!
- Nande, Jun-pon?
- Vamos tomar café juntos!
- Ima nanji desu ka?
- Quase 10h.
- Êeee?
- O que foi?
- Preciso ver a Deb!
- Pra
quê?
- Quero ver se ela precisa
de algo e...
- Calma
Nino! Acabei de falar com a Karoru,
elas vão ter um dia de garotas hoje e disse para eu nem passar perto de lá onde
elas estão!
- E onde elas estão?
- Ela
não quis me dizer, pois Deb sabia que você iria me perguntar e parece que dá
azar o noivo ver a noiva antes do casamento!
-Tem isso é?
- Hum,
parece né? Bem, iku?
- Dez minutos?
- Contados
no relógio!
- Contagem à la Jun-pon ou Sho-chan?
- Já perdeu dois minutos no meu!
- Hai, hai! Já tô indo!
***
O dia passou rápido. E já
era quase noite. Débora ainda continuava nervosa. Com "bóbis" nos
cabelos, maquiagem e unhas feitas e usando um roupão do hotel, não parava de
andar de um lado para o outro.
- Caramba! Elas estão
demorando muito!
Carol e Marcela haviam
saído no início da tarde e ainda não haviam voltado. Tinham ido ver se
compravam um vestido de festa para Carol usar
- Você achava o quê? –
perguntou Marcela, enquanto seguia a amiga pelas ruas. - Que ia nua ao
casamento?
- Na verdade, acho que
não pensei nada.
- Na verdade mesmo, acho
que eu sei em quem você pensou,
hahaha.
Carol riu junto com
Marcela. Sabia que a suposição da amiga era real. Claro que estava ali também
por causa de Débora e Nino, mas a razão principal fora outra pessoa. No Brasil,
a única que ficara sabendo do seu caso com Matsumoto Jun fora Marcela, para
quem ela contara tudo depois de receber o presente de Natal pelo correio.
Assim que encontaram algo,
seguiram para o hotel onde Débora estava.
- Que demora meninas! -
indo ao encontro das duas assim que a porta se abriu.
- Calma Dé! Já chegamos. -
deixando as sacolas em cima de uma poltrona no quarto.
- Quem manda a Carol decidir
de última hora? Hahahaha. – Marcela comentou.
Débora não estava
acostumada, mas a mãe de Nino queria que ela usasse primeiro os trajes
orientais e depois poderia trocar pelo vestido de noiva tradicional.
A roupa era um pouco
pesada e cheia de panos. A cor? Amarela, óbvio, com detalhes em vermelho, azul,
verde e roxo.
Uma faixa branca, chamada obi, foi colocada ao redor e fazia um
laço atrás como as roupas de festa em Matsuris
ou usadas pelas Maikos, as gueixas.
Uma meia branca e um par de gueta com alça branca (sandália japonesa). Os cabelos
foram presos em um coque e uma flor com penduricalhos posta nos cabelos
finalizou o visual.
A mãe de Nino havia ido
ajudá-la a se vestir e, assim que terminou, Carol e Marcela ficaram
boquiabertas.
- Você está linda! –
disseram elas.
- Tem razão meninas! Hontou ni kirei ne! – Débora concordou, sorrindo
feliz.
- Ah, minha filhinha está
tão linda! – disse sua mãe.
A mãe de Nino se despediu
de todos, desejou boa sorte e foi para casa se arrumar e ajudar o filho.
Carol e Marcela trataram
logo de ir tomar banho e se arrumar. Afinal, já estava quase no horário do
casamento.
Marcela usava um vestido preto,
com detalhes em prata, que comprara para a formatura de uma prima uma semana
antes. Ela não quis gastar dinheiro outra vez, sendo que aquele vestido ela só
usara no baile de formatura e, de tão elegante, provavelmente ficaria mofando
no guarda-roupa, já que ela não ia a festas com freqência nem usava muito
aquele tipo de roupa. Era um vestido de verão, já que em São Paulo a temperatura
chegava aos 32° graus, mas ela comprou um poncho preto em suas andanças com
Carol naquela tarde, que ficava muito bem com o traje dela.
Já Carol estava de roxo,
pois sabia que era a cor favorita de Jun, e comprara um modelo de inverno, pois
se tinha algo que detestava, era passar frio.
Jun ficou de encontrá-la
no hotel às 7h e seguirem direto para o local da cerimônia. Ela estava um pouco
nervosa, pois nunca estivera com ele em público. Não sabia direito como as
pessoas reagiriam. Evidentemente Johnny Kitagawa estaria presente também, e ela
tinha medo do que ele podia fazer. Agora que assumira outra vez seus
sentimentos por Matsumoto, não conseguia conceber a ideia de que eles tivessem
que se separar de novo.
É lógico que no dia
seguinte ela teria que voltar ao Brasil, e já conversara sobre isso com Jun,
pois suas aulas voltariam na outra semana e, além disso, voltaria a trabalhar
já no meio daquela mesma semana.
Entretanto, ela sabia
então que o laço que os unia era forte e, mesmo se tivessem que ficar algum
tempo longe um do outro, o amor resistiria. Agora, o medo de Carol era se
Johnny Kitagawa criasse uma barreira, apesar de Jun ter afirmado mais de uma
vez a ela, nesses dias desde que ela chegara ao Japão, que nada nem ninguém
poderia separá-los – e isso incluía o BIG BOSS, é claro.
Marcela iria com Fábio,
para fazer companhia a este. Ele estava triste pelo casamento da pessoa de quem
gostava, mas ao mesmo tempo, se sentia aliviado, pois durante o tempo em que
ela estivera no Brasil e não quis saber dele, ele sofrera por isso, mas agora
que ela casaria e ficaria pra sempre ali do outro lado do globo, talvez fosse
mais fácil deixá-la de lado e partir pra outra. Então, quando foi buscar
Marcela, que esperava no hall,
juntamente com Carol, observou-a ainda melhor e tentou notar nela a beleza que
sempre fora ofuscada por Débora.
Quando o relógio marcou
7h em ponto, Matsumoto Jun parou em frente ao hotel. Em vez de descer do carro
(afinal, ele estava elegantemente vestido e não havia como ficar se disfarçando
e ocultando sua presença), foi Caroline quem foi ao encontro dele, tendo a
porta do carro sendo aberta pelo chofer do hotel.
Seu
coração quase parou quando o viu. Realmente, ele conseguia surpreendê-la mais a
cada dia, sua beleza era infinita. Com um smoking preto, camisa branca, gravata
borboleta e com os cabelos penteados para trás (os sapatos estavam escondidos
no chão do carro), ele estava tão lindo que Caroline prendeu a respiração por
um instante, para não ficar tonta, e deu um imenso suspiro ao sentar.
Da
mesma forma que ela o obervara, ele ficou parado olhando estupefato aquela
beldade, desde que ela se levantara do sofá no hall até chegar ao carro. Alguém no mundo poderia até dizer que ela
não era tão bonita assim, mas para Jun, era a mulher mais linda e perfeita que
ele já vira. Usava um belo vestido violeta longo, com mangas que se ajustavam
aos braços, num tom mais claro que o corpo do vestido, e os sapatos, um belo
par de scarpin (Jun conseguiu ver os
sapatos) no mesmo tom das mangas do vestido com detalhes num roxo bem lilás. O
penteado dos cabelos era simples, sem muitos acessórios, somente uma presilha
prateada, em formato de flor, na lateral da cabeça. A maquiagem era fraca, sem
muito exagero, como sempre. Um xale de linha com uma flor de crochê unindo as
duas pontas fechava o conjunto, além do colar de coração qu repousava sobre seu
peito. Quando ela finalmente estava acomodada no banco do passageiro, olhando
para ele e sorrindo, ele suspirou e também sorriu.
-
O que eu fiz pra merecer você, hein? Está lindíssima!
-
Arigatou ne! – ela baixou os olhos,
um pouco envergonhada – Você também está muito bem.
- Konbanwa, Karoru-chan. Ikimasho ka?
-
Hai!
Ele
acelerou o carro e partiu em direção ao local da cerimônia.
***
O local escolhido foi uma
casa tradicional de casamentos perto de um templo. O lugar era bem rústico e
com diversas plantas. Um lago artificial com carpas vermelhas e alaranjadas
adornavam o jardim.
A hospitalidade do lugar
era de primeira classe com funcionários exclusivos e super treinados e o preço
um tanto salgado, mas apesar de Nino ser um pouco pão-duro, abriu mão desta sua
característica e investiu no lugar. Afinal, seria seu casamento e deveria ser o melhor, pois seria para a vida toda.
O salão onde se daria a
cerimônia já estava cheio de convidados. Sho, Aiba e Ohno já tinham chegado.
Nino estava um pouco
nervoso e a todo o instante cruzava e descruzava os braços. Vestia os trajes
tradicionais de noivo. Um kimono azul marinho com detalhes em branco, meias
brancas e um par de sandálias japonesas masculinas de palha.
Percebendo que o amigo
estava nervoso, Ohno comentou:
- Vai dar tudo certo!
- Hum.
Depois de algum tempo, a
família de Débora, Marcela e Fábio, Carol e Jun chegaram. De
fato Johnny Kitagawa estava lá e Jun o indicou com um sinal de cabeça quando o
avistaram. “Esse é o chefão”, ele disse. Não só Kitagawa, mas muito Johnnys
estavam por lá e Caroline reconheceu vários e teve o prazer de conhecer muitos
deles também, pois Jun a levava junto sempre que ia cumprimentar alguém. Só o
chefe que ele não a levou para que ela conhecesse. “Se ele implicar com você,
Kitagawa-san não tem papas na língua e aqui não é lugar para ele ficar
irritado”.
O que não havia em
quantidade eram repórteres. Um ou outro na entrada da casa e só. Como a maioria
dos convidados foi escoltada por seguranças particulares contratados para a
ocasião, ninguém foi muito incomodado pelos flashs
intrusos, mas obviamente, algumas fotos foram tiradas.
Depois de todos sentados,
e Nino na porta da frente do local, Débora surgiu saindo da limosine. Ela
estava divina, mas percebendo que a noiva estava tendo dificuldades em sair do
veículo por conta de tanto pano naquela roupa com a qual ela não era habituada,
foi até lá ajudá-la e sussurrou em seus ouvidos "Você não poderia estar
mais linda!".
Ela sorriu gentilmente e
os dois entraram no salão. Sentaram-se no local destinado a eles.
Os
noivos haviam escolhido os quatro do Arashi como padrinhos, e claro que Jun e
Carol estavam juntos. Johnny Kitagawa os notou, mas não quis criar muita
especulação.
Sho
estava acompanhado de Emiko, prima muito próxima de Ninomiya, Ohno estava com
Akiyo, uma amiga do tempo de colégio de Nino, e Aiba com Kumi, amiga de Nino e
Akiyo.
Assinaram os papéis do contrato legal de casamento, foram abençoados
devidamente e, em seguida, foram se trocar para os trajes mais ocidentais. Ela
usava um belo vestido de noiva dos sonhos, todo branco, de vel e grinalda. Ele
estava de fraque com a camisa e a gravata brancas e uma rosa em botão também
branca na lapela. Na hora dos votos, escritos pelos dois, do “sim” e do “noivo
pode beijar a noiva”, ambos choravam e Jun, sem conseguir se conter, abraçou
Caroline de leve, pela cintura, e sussurrou só para ela ouvir: “quer se casar
comigo, Karoru?”. Sem saber como
reagir, ela somente sorriu, apertou a mão dele e continuou olhando para os
noivos, que já saíam pela nave.
Foi tudo muito simples,
lindo, sublime e rápido ao mesmo tempo. Em menos de duas horas, Débora e Nino
estavam casados.
Além
deles oito, no altar montado no salão, estavam também os pais de Débora e de
Nino. Sim, o pai dele apareceu faltando apenas cinco minutos para começar. O
senhor Ninomiya estava muito elegante, e Kazu ficou realmente surpreso ao vê-lo
chegar e postar-se ao lado de sua mãe.
-
Otou-san, o senhor... – sendo
interrompido por um abraço impetuoso do pai, que não se importou de estar no
meio de tanta gente.
Abraçou
também Débora, e logo os três estavam chorando um pouquinho. Ele disse que
amava o filho e a nora e pediu perdão por ter sido um péssimo pai durante
grande parte da vida de Kazunari, assim como também se desculpou por ter agido
tão mal quando conheceu Débora só por ela ser uma gaijin.
-
Cuide bem do meu menino – pediu.
A
festa foi no salão ao lado do salão de casamentos. Os noivos, antes de irem até
ele, saíram até a entrada e permitiram que fossem tiradas algumas fotos. Depois
disso, os repórteres foram embora, inclusive aqueles da revista onde Uemura Yui
trabalhava, mas ela não aparecera.
Nino voltou para a festa
e Débora foi trocar rapidamente o vestido. Quando ela apareceu no salão, todos
aplaudiram. Ela surgiu com um vestido mais básico, porém muito elegante também, bege clarinho.
Na
hora da valsa, Débora e Kazunari foram para o centro do salão e dançaram ao som
de Strauss, e depois deles, Débora dançou “Danúbio Azul” com seu pai e então
foi a vez dos padrinhos dançarem junto dos noivos. Mas então, algo
surpreendente aconteceu. A porta do salão foi violentamente aberta e nele apareceu
uma Yui completamente bêbada, que caminhou até o meio da pista e puxou o braço
de Caroline, fazendo com que ela se soltasse de Jun e caísse no chão.
***
Matsumoto
Jun olhava a cena sem acreditar, e imeditamente se interpôs entre Caroline, que
estava sentada no chão, e Uemura Yui, que avançava para ela.
-
Saia já daqui! Esse não é seu lugar!! – dando um empurrão nela, que bambaleou,
mas não caiu, e virando-se para Carol, ainda no chão – Daijoubu?
Jun
estendeu a mão para ajudá-la, mas Caroline recusou a mão dele e se levantou
sozinha. Ela não acreditava naquilo. Então quer dizer que aquela mulher ainda
existia? Mas Jun dissera que ela tinha se mudado... como ela sabia da data do
casamento e tudo mais? Os jornais, é claro. No Brasil, as arashians não falavam
de outra coisa, embora ninguém soubesse quem era a noiva. Evidentemente, as
informações vieram de onde ela mesma trabalhava.
Enquanto
ela observava às costas de Jun, Yui começou a esbravejar. Ela gritava e suas
palavras saiam enroladas por causa do excesso de álcool.
-
Não acredito que essa mulherzinha baka
voltou daquele inferno de Burajiru de
onde ela nunca devia ter saído!!! Matsumoto, seu cretino!!! Não acredito até
hoje que você me trocou por isso aí...
-
De onde você saiu?? Por favor, alguém faça alguma coisa!!! – ele olhou para
Nino, que parara de dançar a apenas alguns passos deles - Chamem a segurança!
-
Quem deixou essa infeliz entrar? – Débora se aproximou – É mesmo uma infeliz...
como foi que você entrou aqui??
-
Pela porta!! E fique quieta você também, sua IMBECIL!!! – Yui gritou – O
Ninomiya é outro baka, pra casar com você!!
-
Saia daqui Yui!!! – Jun estava ficando vermelho.
-
Quem você pensa que é pra invadir o meu casamento e falar assim comigo?? –
Débora, que também tinha o sangue quente, já queria partir para cima da outra e
dar-lhe uma surra, se Jun não a tivesse segurado.
Nesse
momento, Nino voltou com dois seguranças brutamontes. Cada um pegou em um braço
de Yui, que começou a espernear e dar murros e chutes.
-
Me soltem! Eu exijo que me coloquem no chão!! – enquanto ela era arrastada
dali, continuava gritando ameaças – Não posso permitir que esse dois sejam
felizes! Essa Caroline merece morrer! Volte para seu país, sua intrusa!!!!
Ninguém te quer aqui.
Aos
poucos, os gritos dela foram abafados pelos sussurros dos convidados. Kazunari
ordenou que a música voltasse a tocar e falou ao microfone:
-
Pronto, minna-san. O barraco acabou, vamos
continuar com a festa. Espero que compreendam.
Débora
foi para uma mesa no canto do salão com a amiga chorando baixinho. De repente,
Johnny Kitagawa apareceu junto das duas.
-
Menina, quem é você?
Caroline
não viu que falavam com ela e continuou de cabeça baixa, as lágrimas caindo.
-
Quem é você? – o senhor repetiu, e olhou para Débora – Sua amiga?
Débora
fez um gesto afirmativo com a cabeça e Carol percebeu que falavam dela.
Levantou os olhos devagar e levou um susto: Johnny Kitagawa estava ali. Ela
quis dizer alguma coisa, mas a voz não saiu.
Foi
então que Jun se achegou a eles.
-
Ela está... – ele começou a dizer, mas Kitagawa interrompeu:
-
Você a conhece, suponho eu, né, Matsumoto-kun?
-
Hai!
-
Então, será que alguém vai me dizer quem é essa menina?
Como
Jun ficou sem dar uma resposta, Carol sentiu que a tristeza foi se misturando à
raiva. Ela então ficou em pé de um pulo e disse, ainda com lágrimas escorrendo,
mas com voz firme:
-
Ele vai contar ao senhor quem sou eu. E se não contar, é porque eu não sou
ninguém importante. Shitsurei shimasu.
– e saiu da festa com passos apressados.
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