Carol
vestiu uma calça de moletom lilás, tênis branco, uma blusinha manga-longa de
gola, também branca, e o casaco que fazia conjunto com a calça. Prendeu o cabelo
e o escondeu sob o capuz do casaco.
Chegou
à praça em menor tempo que os dez minutos que disse a Jun que demoraria. Logo o
notou sentado em um banco e caminhou em direção a ele, vendo a metrópole já
plenamente acordada naquela manhã de sábado. Observá-lo assim, como quem faz
algo escondido, já que ele não percebera que ela se aproximava, mexeu com os
brios de Carol e ela sentiu um bolo no estômago se revirando, dando-lhe ânsia.
Seu coração dizia para correr e se atirar nos braços dele. Sua mente dizia
exatamente o contrário. Sempre que pensava em seu amor por Jun, ela forçava a
si mesma a focar no seu objetivo naquele encontro: esclarecer e terminar tudo
antes de voltar para o Brasil.
Ele
estava lindo, como sempre. Contudo, algo em sua postura no banco, com as pernas
esticadas, cabeça pendida e braços cruzados, a fez pensar que ele estava
cansado. Desejou que ele pudesse pousar a cabeça em seu colo e dormir, enquanto
ela lhe fazia cafuné.
Caroline
precisou desviar os olhos para conseguir manter-se firme em seu intuito. Quando ela já estava bem perto, ele levantou
os olhos e olhou em sua direção.
-
Ah! – ele disse, e ela não conseguiu perceber qualquer emoção que ele estivesse
sentindo – Você já está aqui, Karoru-chan?
-
Uhm. Ohayo gozaimasu – curvando a
cabeça. – Gomen por antes ter batido a porta na sua cara.
-
Já foi, não importa mais. – disse, colocando-se em pé e a cumprimentando também
- Ohayo. É, você demorou menos que
dez minutos.
Carol
sentou-se na outra ponta do banco e Jun voltou para seu lugar. Ambos estavam
meio sem jeito, sem saber o que dizer ou como agir. Caroline foi quem tomou a
iniciativa. Ela pôs a mão no bolso do casaco e tirou de lá a corrente com o
coração.
-
Toma – e estendeu a mão que segurava o colar – Isto fica com você.
-
Nande?! – ele arregalou os olhos ao
ver o que ela trazia na mão e quase gritou. – O que significa isso?
-
Isso... – ela não sabia quais as palavras certas para usar – Isso... É pra você
poder... uhm... é pra você dar para... droga, faça o que quiser com isso.
-
Demo... – Jun se sentia perdido; ele
não esperava por aquilo – Isso é seu, né? Seu coração... e eu tenho a chave...
Por que está me dando isso?
-
Eu não posso mais ficar com ele.
-
Karoru-chan, eu preciso que você me
explique o que está acontecendo.
Ela
ficou em silêncio, pensado no que responderia. Sabia, desde que respondera a
mensagem, que uma hora ou outra Jun faria essa pergunta e ela precisava saber o
que e como dizer. Pensou nisso por algum tempo. Por
fim, coçou a garganta e abriu a boca para falar:
-
Ano... Matsumoto Jun... eu... eu aceitei vir aqui te encontrar porque... quero
me despedir.
-
Nani? – ele, definitivamente, não
conseguia entender.
-
Isso mesmo. Não voltaremos a nos ver, nem escreverei mais cartas.
-
Demo... – O que eu digo? Caramba, Karoru-chan, por que isso de repente? Como assim? – err... o casamento – Claro, claro! Ela virá ao casamento de sua
melhor amiga, né? – Você vem, não é?
-
Não.
-
Demo... demo... nande? O que é
isto que você tá fazendo?
-
Jun... Matsumoto Jun... acredite em mim, é o melhor a ser feito.
-
Hã??!! Só me explica direito que eu não entendi. ONDE ISSO É MELHOR??
Agora
ele gritou. Estava começando a perder a paciência. Droga! Ao conversar com o Riida, tinha a firme convicção de que não desistiria, mas aquilo já tava
passando dos limites. Meu Deus, custava Caroline ser um pouco, só um pouco,
mais direta? Ele já dissera que a amava, que queria ficar com ela, que...
De
repente, os olhos dela se encheram de lágrimas e Carol os fechou, baixando a
cabeça para que ele não percebesse o tamanho de sua tristeza.
-
Você... pode não... entender agora – falou baixinho – mas logo entenderá, então
você vai me esquecer e voltar para a Yui.
-
Eu não quero voltar para a Yui!!!
Vê-la
chorando fez seu coração apertar mais ainda e ele sentiu que seus olhos também
umedeciam. Jun tocou a mão dela que estava caída sobre o colo, ainda segurando
firmemente a corrente que ele não pegara.
Enquanto
ele segurava aquela mão (por algum motivo, ele pensou que ela se afastaria
dele), uma lágrima quente de Caroline caiu sobre seus dedos e Jun não conseguiu
mais conter as suas próprias.
Depois
de alguns minutos chorando juntos, Carol tirou a mão debaixo da dele e
levantou-se, largando a corrente com o pingente no lugar em que estivera
sentada.
-
Sayounara... Jun... – e se afastou lentamente.
Ele
imediatamente ficou em pé e foi atrás dela, segurando-lhe pelo cotovelo.
-
Karoru-chan... fique.
-
Por favor, me solte.
Jun
sentiu as pernas bambas. Tentou continuar indo atrás dela, mas era como se
estivesse preso ao chão.
-
Karoru! – deu seu último grito.
Já
virando a esquina para entrar na rua do hotel, Carol olhou para ele e balançou
negativamente a cabeça.
***
Durante
o dia, Caroline pôs-se a arrumar a mala para a viagem de volta. Débora, depois
de saber o que ela fizera com Jun e como se despedira, não quis conversa. Suas
palavras ainda retumbavam na mente de Carol.
__________________________________________________
Pequeno Flashback [9]
Ao voltar para o hotel, Carol subiu
direto para o quarto. Estava arrasada e não queria ter que encarar ou falar com
ninguém. Resolveu começar a organizar as coisas, separar as roupas, os sapatos,
todos os presentes e lembranças que levaria para o Brasil.
Depois de meia hora, Débora
apareceu.
- Carol, você já chegou! Podia ter
me chamado e eu teria subido. Como foi?
Com uma pilha de roupas no colo, respondeu:
- Eu terminei tudo com ele. É como
se nada tivesse acontecido entre nós.
- Ahhh, tá!! Hahaha – Débora riu
ironicamente – Nada aconteceu, hein? Por que isso?
Carol continuou dobrando as roupas
e tentou ignorar toda a ferocidade contida nas falas da outra. Não porque que não se
importava, mas porque tudo o que Dé disse era verdade, e saber disso a machucava ainda
mais. Por fim, disse:
- É o certo, afinal. Até mesmo dei
a ele meu colar, o coração, para não ter em mim nada que o ligue a ele, e para
que ele possa reatar com Yui e dar a ela, se quiser.
Depois de quase dez minutos de
silêncio, como se Débora estivesse digerindo a informação, ela falou novamente:
- Não acredito que você fez
isso! Não estou te reconhecendo, Carol. Primeiro
você diz com a maior cara lavada que não vem ao meu casamento por causa do
Matsujun, embora ainda esses dias você tenha dito que seria minha madrinha. Ok,
embora eu tenha ficado chateada na hora, não consigo ficar brava com você por
muito tempo. Mas agora você chega e diz que fez uma coisa absurda dessas com
ele? Você agiu como uma idiota! Ah, preciso respirar um pouco. Vou sair!
- Sair? Aonde você vai?
- Não sei. Vou dar uma volta, estou
um pouco irritada. Bom, de qualquer forma, eu ficarei no hotel até amanhã,
depois vou para o apartamento de Kazu até o casamento. Preciso
organizar tudo para poder fixar residência aqui no Japão.
- Uhm.
Débora somente a encarou por alguns
segundos e saiu sem dizer outra palavra, batendo a porta. Quando a amiga saiu, Carol
deu um longo suspiro e continuou a arrumar suas coisas para a viagem de volta.
Quando pegou os goods do show para guardar, veio-lhe a lembrança da manhã do
sábado anterior, quando fizera já uma vez tudo aquilo.
Olhando por uns segundos para a
uchiwa do Jun antes de guardá-la na bolsa da tour para pôr na mala, pensou nele
aquela manhã e relembrou mais uma vez as lágrimas que ele derramara.
Será que ele pegou a corrente de
coração no banco?, pensou, ao levar inconscientemente a mão ao peito, onde por
tantos anos repousara o pingente.
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Lembrando-se
disso, uma voz em seu subconsciente concordava com Dé e dizia que, se ela
deixasse de ser idiota, poderia ser mais que uma fã. Sim, poderia assumir o
risco e declarar para o mundo que amava o famoso ícone pop asiático. Se fizesse isso, não sofreria mais como estava
sofrendo. Nem sentiria aquelas pontadas de dor em seu peito. Nem faria sua
melhor amiga ficar infeliz por sua causa. Poderia ligar para Jun e resolver
tudo antes de pegar o avião.
Se
ela mudasse de ideia e resolvesse ficar com ele, mesmo voltando para o Brasil
para terminar a faculdade, poderia voltar ao Nihon dali a alguns meses para o casamento. Não precisaria ter
desistido de ser madrinha. Ninomiya ficaria triste também, quando soubesse que
ela não estaria mais presente.
Mas,
como dissera o sábio poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade, a dor é algo
que não se pode evitar, mas o sofrimento é opcional. E Caroline optara por
sofrer voluntariamente e, mesmo causando alguma dor em Débora, Nino ou mesmo
Jun, sabia que era passageira. Para Dé, ela sabia que sua ausência no casamento
desta e de Kazu seria facilmente suplantada pela felicidade completa quando
enfim chegasse o grande dia. E Jun... nele a dor talvez durasse mais, mas ela
sabia que essa dor também passaria com o tempo. O tempo era o remédio para todos os
males.
Preferia
causar uma tristeza temporária, mesmo tendo que renunciar um pouquinho à
própria felicidade.
Contudo,
aquilo tudo machucava demais e ela não conseguia ter ânimo para nada. Só queria
que a hora de ir para o aeroporto chegasse logo, ela pudesse entrar no avião, levantar voo e esquecer. Embora duvidasse que conseguiria se esquecer tão
facilmente de um amor como o que sentia pelo Matsumoto Jun e transformá-lo
novamente em simples amor de fã.
Pensava
em tudo isso enquanto dobrava cuidadosamente peça por peça de roupa e guardava
na mala, com algumas lágrimas correndo por seu rosto. Se para as pessoas que
amava, a dor era passageira, para ela, aquele sofrimento ia durar para sempre,
ou ao menos por muito tempo.
***
Matsumoto
Jun ficou ainda algum tempo sentado no banco da praça, até dar seu horário de
ir trabalhar. Quando o relógio marcou 8h40, ele se levantou, pegou a corrente
que Caroline deixara pra trás, guardando-a no bolso, e entrou no carro. A chave
ainda estava em seu pescoço, escondida sob a blusa.
Ao
chegar no estúdio, ainda faltava um minuto para às 9h, então não estava
atrasado. Encontrou Satoshi no corredor e este notou instanaeneamente o pesar
em sua face.
-
Oi Matsujun. Chegou no horário, não precisei te cobrir. Mas você está com a
cara tão abatida, o que aconteceu?
-
Depois das fotos, e de gravarmos o CM, eu te explico tudinho, Riida.
Os
minutos passaram lentamente. A sessão durou vinte minutos, e das 9h30 às 12h30,
ele e Ohno gravariam. Ter que forçar o sorriso para sair bem nas fotos e tentar
ser espontâneo na gravação foram as coisas mais difíceis para Jun naquela hora.
Ele só queria acabar com aquilo de uma vez! E depois, ainda tinha a reunião e compromisso em cima de compromisso.
Mas,
embora o tempo tenha se arrastado, finalmente ele e Ohno saíram para almoçar.
Então ele pôde contar tudo que acontecera naquela manhã para o amigo. Este, que
antes tivera muitos conselhos para dar, agora preferiu calar e simplesmente
ouvir.
Depois
de comerem, seguiram para a JE.
***
-
O que tá pegando? Riida, Jun-chan?
Vocês estão sérios...
Sakurai
Sho entrou no camarim e deixou-se cair no sofá. Olhou de um para outro. Ohno,
num puff, pressionava uma bolinha de
borracha entre as mãos e olhava com cara de preocupação para o mais novo, que
encarava fixamente os pés, sentado em uma cadeira.
-
Problemas, minna? – Sho perguntou.
-
Uhm. É o Matsujun. Ele finalmente terminou direito com a Yui.
-
Hontou ni? Isso é motivo de
felicidade, né? Você tá namorando oficialmente a Karorine-san agora, né Matsujun?
Este
somente negou com a cabeça, mas não respondeu.
-
Ah, nande? – Sho quis saber.
Aiba
e Nino apareceram juntos na porta nesse instante.
-
Sobre o que vocês estão falando? – Nino perguntou, se jogando ao lado de Sho
no sofá, com um sorriso no rosto.
Aiba
foi postar-se em pé ao lado do Riida.
-
Antes Kazu... – Ohno olhou para ele e sorriu – Você almoçou com a Débora-san,
não foi?
-
Como você adivinhou? – todos os quatro olharam para ele com cara de “é óbvio!”
-
Eu sabia! Hahaha – Ohno riu, mas logo ficou sério novamente. Sua tentativa de
descontração mesmo só serviu para Nino.
-
Mas então, do que falavam? – Nino repetiu a pergunta.
-
Isso mesmo. Nani, nani? – Aiba entrou
na conversa.
Jun,
que levantara os olhos quando os meninos chegaram, novamente olhou para os pés,
tristemente.
-
É a Karoru-chan, minna. Ela... terminou tudo comigo – disse.
-
Então é verdade, Jun-pon?
-
Como então é verdade, Nino?
-
Eu fui almoçar com a Deb, né... ela me contou. A Karoru não virá ao casamento e parece que te largou de vez,
é isso mesmo? Além disso, eu estava no hotel ontem quando ela não quis
atender sua ligação, Jun-pon. Aliás, sabe que música ela colocou no toque? One
Love.
Ao
ouvir isso, Jun olhou rapidamente para cima e deu um meio sorriso. A primeira
vez que de fato sentiu que balançou nos alicerces pela burajirujin foi quando
o Arashi cantou essa música no show e ele viu pela primeira vez as lágrimas de
Carol; lágrimas de felicidade.
Mas
logo ele baixou novamente a cabeça. Nino continuou:
-
Eu até falei pra ela atender, mas ela disse “Não quero”, e colocou no
vibratório, embaixo do travesseiro. Mas conta pra gente, o que realmente
aconteceu?
Jun,
que se perdera em pensamentos lembrando daquele show, não respondeu. Sho
levantou-se, caminhou até ele e deu-lhe um tapinha na cabeça.
-
Jun-chan, o Nino ta falando com você!
-
Itai! – pondo a mão onde levara o
tapa, com os olhos semicerrados – Gomen,
eu me distraí.
-
Sei... – revirando os olhos, ele voltou a sentar.
-
Conta pra gente, Jun-chan, o que houve? – Aiba disse.
Com
um longo suspiro, ele respondeu:
-
É isso mesmo, minna. Ela me deixou e,
pelo que me disse, não vem mesmo ao casamento do Nino. Eu não entendo por quê.
Fui ao hotel hoje, mas ela nem sequer me recebeu, nem abriu a porta. Embora depois
ela tenha ido me encontrar na pracinha ali perto, foi somente para se despedir.
Ficaram
em silêncio por um momento. Jun tirou o pingente de coração do bolso.
-
Nani kore?! – Sho arregalou os olhos
quando viu a corrente. – O coração da Karorine-san?
-
Hai. – Jun guardou novamente no bolso
– Ela me deu isso aqui quando se despediu.
-
Hontou? – Aiba se pronunciou. – Não
fica triste, Matsujun – dando um sorriso radiante e pousando a mão nas costas
curvadas do amigo – Tenho certeza que as coisas vão se ajeitar.
-
Aiba-chan, você é sempre otimista – Sho comentou, sorrindo – Mas é verdade,
Matsujun.
-
Ah, não sei! – Jun olhou para o teto, com as mãos na cabeça, demonstrando um
pouco de irritação na voz. – O que justifica isso? Ela me dispensou por nada! Fique lá no hotel, esperando, até
que não pude mais esperar, tamanha a minha angústia, e resolvi descer para a
praça e tentar minha última tacada, que era ligar para a Débora-san. Daí, ela
vai me encontrar para se despedir?!
Quem ela pensa que eu sou?!
Jun
estava tentando manter a pose e fazer-se de bravo, mas seu verdeiro humor
venceu e ele deixou cair os braços ao redor do corpo, rendido.
-
O que é isso, Jun-pon? Você não é assim, cara!
-
O Kazu-chan tá certo – Ohno concodou – O que é essa cara de quem tá se
entregando? Lute por quem você ama! Faça alguma coisa, a impeça de partir
assim!
A
sala ficou em silêncio por alguns minutos. Ficaram, todos os cinco, sentindo o
peso das últimas palavras ditas.
Jun
não se entregava facilmente, em nada na vida. Desde a infância era assim,
não era? Terminara o namoro por um amor inesperado e totalmente real e
verdadeiro que encheu seu coração, sua mente, sua alma. Por esse amor, desistiu
da mulher com quem ficou por mais de um ano, por esse amor estava disposto a
enfrentar a imprensa, os fãs, até mesmo Johnny Kitagawa se fosse preciso. Em
nome desse amor, não podia simplesmente entregar os pontos. Finalmente, ele
levantou-se, e com a voz firme, disse:
-
Yosh! Eu vou lutar! - mas no fundo temia as próprias palavras, e achava que não
poderia de fato fazer alguma coisa.
Um
staff apareceu na porta para chamá-los para a reunião. Estavam cinco minutos
atrasados. Quando saiam todos da sala e seguiam pelo corredor, Aiba se
aproximou de Jun e sussurrou em seu ouvido:
-
É hoje que ela vai embora, né? Você vai ao aeroporto, não vai?
-
Eu não sei – ele sussurrou de volta.
Continuaram
caminhando até chegarem à sala de reuniões, onde Watanabe-san, os demais
empresários e diretores que cuidavam dos concertos estavam já reunidos.
Jun
não tinha o costume de trazer seus problemas pessoais para o trabalho e
modificou seu semblante, antes triste e abatido, assim que entrou na sala. Mas
os outros quatro, que o conheciam tão bem, sabiam que no fundo de seus olhos, a
máscara de seriedade e disciplina não conseguia ocultar a dor que sentia.
***
Ryuchi
tentou durante todo o dia, só não quando ela estava trabalhando, convencer Yui
a ir embora com ele. Ela negou todas as vezes.
-
Não – ela dizia – Eu não posso Ryu. Tenho uma vida aqui, meu trabalho, minha
casa, não posso largar tudo só porque um namorinho acabou.
-
Demo...
-
Não Ryu – ela se achegou a ele e o abraçou carinhosamente. – Não vamos mais
falar sobre isso, ok?
-
Uhm... hai... eu acho. – envolvendo-a com os braços.
Finalmente,
pela manhã ela aceitara ser consolada. Saíra do quarto para fazer o desjejum de
banho tomado, maquiada, belamente vestida e totalmente recuperada, mas ele
notou no fundo de seus olhos uma tristeza real. Foi só ele abrir os braços que
Yui se atirou em seu peito e começou a soluçar. Sem poder fazer mais, Ryuchi
somente acarinhou seus cabelos e cantarolou uma canção infantil.
Depois
de quinze ou vinte minutos assim, Yui parou de chorar. Manchara toda a camiseta
do amigo de maquiagem preta.
-
Gomen ne, Ryu.
-
Iie.
-
Eu vou lavar o rosto e me arrumar novamente, que já to atrasada.
-
E... o café que preparei?
-
Eu não posso, estou quase dez minutos atrasada, e com o trânsito, será mais de
meia hora quando finalmente chegar à revista.
-
Demo... eu preparei com tanto
carinho... – fazendo biquinho.
Ela
pensou por alguns segundos, olhou para a mesa preparada e não resistiu.
Sorrindo, respondeu:
-
Tá bom então. Eu já to atrasada mesmo – dando de ombros – Vou só me arrumar e já
venho.
O
almoço dela também foi Ryuchi quem preparou. Durante a refeição, ela
casualmente comentou que tinha que devolver a chave do apartamento de Matsumoto
Jun. Quando disse o nome dele, uma pontada de dor apareceu em seus olhos, reflexo
do que ia em seu coração.
-
Daijoubu, Yui? – Ryu perguntou,
preocupado.
-
Hai.
-
Certeza?
-
Ryu – colocando sua mão sobre a dele, que repousava sobre a mesa, e
pressionando-a levemente. – Não precisa se preocupar, está bem? Foi só um
namoro que acabou. Eu já passei por isso antes e sobrevivi. – e sorriu.
-
Então, tudo bem – sorrindo também – Vamos continuar comendo.
À tarde, enquanto ela estava no trabalho, ele ficou sozinho no apartamento
novamente. Aproveitou para pôr em ordem os pensamentos. Amava Yui e queria somente
seu bem, mas não queria forçá-la a nada, nem ela queria sair da metrópole.
Contudo, Ryu tinha que voltar para Chiba no domingo, pois na segunda-feira era
ele quem precisava trabalhar.
***
Quando
Débora entrou novamente no quarto do hotel, Caroline a esperava sentada na cama,
já trocada, com a mala feita e pronta para descer e esperar o táxi que iria
pegá-la às 3h. Já eram quase 2h da tarde e ela almoçara sozinha no restaurante
do hotel.
-
Aonde você foi, Dé?
-
Lugar nenhum...
-
Aonde?
Ela
caminhou até a cama de Carol e se sentou ao lado da miga, colocando o braço em
voltas de seus ombros.
-
Fui almoçar com o Kazu. Desculpa-me por eu ter saído daquele jeito. Não sei
porque fiquei tão irritada. Acho que foram muitos acontecimentos e muita
informação num dia só. Acabei perdendo as últimas horas suas em Tóquio.
-
Não tem importância. Eu mereci ficar sozinha. Magoei todo mundo. Você tem razão
por estar brava.
-
Não estou brava, Carol. Fiquei chateada sim, quando você falou que não vem ao
casamento, e, digamos, indignada
quando você decidiu terminar tudo com o Matsujun. Ainda acho uma decisão
equivocada, mas ela foi tomada por você e não há nada que eu possa fazer. O que podia, eu já fiz. Mas, independente disso tudo, você ainda é e sempre será a
minha amiga mais amada! – Dé falou a última frase com um grande sorriso nos
lábios e lágrimas nos olhos. – Vou sentir muito a sua falta!
As
duas se abraçaram e ficaram assim por um bom tempo, chorando juntas. Sim, elas
eram melhores amigas para a vida toda, não importa o tamanho do Oceano que se
interpusesse entre elas.
***
O
voo de Caroline era às 5h daquele 1° de novembro de 2014. Ela já fizera o check-in pela internet do celular e
descera para o hall às 2h45. Débora
ficara no quarto. Ela disse que não queria se despedir novamente no aeroporto,
seria muito triste.
Dos
meninos do Arashi, foi Sakurai quem ligou para despedir-se de Carol e todos
falaram com ela, menos Jun. Cada um se desculpou por não poder ir ao aeroporto,
devido aos muitos compromissos, e desejaram a ela uma boa viagem.
Sakurai
Sho disse:
-
Tem certeza do que está fazendo, Karoru-chan?
Não vai se arrepender depois?
Ela
respondeu que tinha certeza sim, mas não sabia se iria se arrepender ou não. Se
o arrependimento chegasse, ela teria que saber lidar com ele.
-
Karorine-san – disse Aiba Masaki,
quando ele pegou o celular – O Jun-chan
está muito triste, eu sei que você também está. Não faça isso, onegai.
Novamente,
ela afirmou que estava fazendo o que achava ser o melhor.
-
Nós vamos sentir sua falta, Karorine. – disse Ohno Satoshi – Tem certeza de que não voltará? É uma
pena.
Ela
não aguentava mais sempre repetir as mesmas palavras. Aquilo só estava fazendo
as coisas piorarem.
-
Sabe Karoru, não é só o Jun-pon que está triste – Kazu falou, na sua vez – Eu também estou. Realmente queria que você
viesse para o casamento. A Deb gosta tanto de você...
-
Essa tristeza vai passar rápido, você vai ver Kazu-chan! – ela tentou parecer
animada, mas o resultado não foi muito bom. – Logo chega o grande dia e vocês
até já terão se esquecido da minha ausência.
Caroline
estava aliviada por ao menos um deles não questioná-la e ela não ter que repetir a
mesma justificativa que para ela agora parecia algo tão banal.
-
Não fale assim, Karoru. Você sabe que isso não é verdade. Bom, já
que você está voltando hoje, terá tempo pra refletir melhor né? Quem sabe você
mude de ideia? Jya ne. Em janeiro,
vou estar te esperando!
-
Vocês já decidiram quando vai ser?
Ela
não queria demonstrar interesse, e Débora nem tocara naquele assunto. Desde a
discussão que tivera com a amiga no dia anterior, ambas evitavam falar de
assuntos sérios, para não tocarem nas feridas abertas de uma e de outra.
Contudo,
quando Nino falou sobre janeiro e sobre estar esperando, Carol não pôde evitar
sentir certa ansiedade. No fundo, ela queria muito estar presente no enlace
matrimonial, mas não podia dar o braço a torcer. Além disso, sentia que cada segundo
que passava no Nihon ficava mais
inclinada a desistir de sua decisão e correr para os braços de Jun. Mas não
podia fazer isso. Era uma mulher obstinada e costumava se manter firme nas
decisões que tomava, a menos que alguém lhe provasse o contrário. Podia ser
idiota, burra e cabeça dura, e podia ser indecisa também, mas depois que a
decisão estava tomada, ela não tinha o hábito de voltar atrás por qualquer
motivo.
Então,
quando Nino, que já desligava o aparelho, voltou a falar “Você disse alguma
coisa?”, ela simplesmente negou.
O
táxi chegou pontualmente às 3h, e Carol já estava sentada no banco de trás,
esperando somente o motorista fechar o porta-malas do carro para partirem,
quando alguém bateu no vidro.
-
Carol! – era Débora – Eu vou junto! – e completou, enquanto abria a porta e se
sentava ao lado da amiga – Vou junto até o aeroporto, claro.
-
Obrigada – Caroline sussurrou.
-
Não agradeça. Eu que não resisti e simplesmente não pude deixar você sair
assim, sem ninguém pra se despedir antes de embarcar, né? Somos amigas há anos,
e mesmo que você não venha ao meu casamento, com certeza eu irei logo, logo
fazer uma visita para você, meus pais e todo mundo no Brasil.
O
taxista entrou no carro. Dé segurou a mão de Carol e ordenou:
-
Aeroporto Internacional de Narita, onegai
shimasu.
-
Hai!
***
Matsumoto
Jun saiu apressado, às 4h40 da tarde, assim que a reunião finalmente terminara.
Realmente, aquele reunião batera o recorde da demora e ele já estava se
irritando, tamanha a ansiedade que sentia.
Ele
sabia que o voo de Carol era às 5h e torcia para conseguir chegar ao aeroporto
a tempo. Queria ao menos vê-la mais uma vez antes que ela se fosse, e
intimamente tinha uma vaga esperança de que ao vê-lo, ela mudasse de ideia e
resolvesse voltar.
Jun
costurou todos os veículos nas avenidas, usou todas as ruas alternativas para
evitar os semáforos, e mesmo assim o relógio corria rápido em direção às 5h. O
que ele podia fazer era desejar que o voo tivesse se atrasado. Enquanto isso,
continuava dirigindo. Mas não conseguiu evitar o trânsito completamente.
Chegou
em frente ao aeroporto quando o relógio do painel do carro marcava pontualmente
5h. Estacionou numa vaga destinada a embarque e desembarque rápido de
passageiros e quando um guarda olhou para ele com cara de poucos amigos,
sabendo que ele não tinha jeito de quem ia viajar, Jun somente o encarou de
volta com um super olhar DoS, irritado
demais e com muita pressa para dar atenção ao que o homem de uniforme dizia.
Esquecera
mais uma vez os disfarces, então não conseguiu evitar ser reconhecido por
várias pessoas na multidão que entrava e saía do aeroporto. Muitas mulheres,
moças, rapazes, homens, crianças e velhos vieram falar com ele. Normalmente Jun
era atencioso com os fãs, mas naquele dia não tinha tempo para isso. Então
somente forçou um sorriso simpático e continuou avançando.
-
O senhor não pode entrar na sala de embarque sem ticket de partida – o segurança ao lado do corredor que levava ao
embarque internacional pôs a mão em seu peito quando ele chegou quase correndo.
– Mostre-me sua passagem.
-
Eu não tenho uma – Jun respondeu, e continuou tentando passar.
-
Então não pode entrar.
-
Mas eu preciso encontrar alguém! Urgente!!
-
Sinto muito senhor.
-
Ei, você sabe com quem está falando? Sou Matsumoto Jun!! – disse, irritado, em
tom de ameaça.
-
Não me interessa. Eu só cumpro leis e aqui sou a autoridade máxima! Mesmo se o
senhor fosse o primeiro ministro, eu não poderia deixá-lo entrar aqui sem ticket.
-
Demo...
-
Não é não. Não insista mais, senhor. – o segurança foi muito firme e só quando
Jun parou de tentar forçar a passagem, ele tirou a mão de seu peito.
Jun
saiu de frente do portão e procurou com os olhos um painel eletrônico com os
horários de voos. Encontrou, depois de alguns segundos, o voo 1437 com destino
a São Paulo, Brasil, com conexão em Munique, Alemanha. Era o de Caroline.
Ele ainda não partira, apesar de que era indicado no painel que ele já estava
pronto para embarque.
Se eu correr, talvez dê tempo,
pensou, ao avançar sem titubear, passando pelo segurança, correndo até a sala
de embarque. Causou um pequeno alvoroço atrás de si, mas não se importou.
Correu
mais veloz que os seguranças e, ao chegar à sala cheia de passageiros, ajeitou
o cabelo com as mãos, respirou fundo duas vezes e, tentando se parecer ele
também com um viajante, caminhou tranquilamente até o balcão de informações.
-
Sumimasen – abordou uma funcionária
do aeroporto.
-
Em que posso ajudá-lo, senhor? – ela abriu o maior dos sorrisos, e ficou
evidente que o reconheceu.
Ela
percebeu também que ele não estava de viagem, e assim que ele se aproximou,
recebera o aviso de que uma pessoa não-autorizada invadira a área de embarque.
Mas, como se tratava de Matsumoto Jun, do Arashi, de quem era muito fã, não
disse nada, nem alertou a segurança, colocando, com isso, o próprio emprego em
perigo.
-
O voo 1437...
-
Senhor, ele acabou de erguer-se do chão.
O
semblante de Jun mudou instantaneamente. Ele não conseguiu responder.
-
O senhor precisa de mais alguma ajuda, Matsumoto-san?
Sim, eu exijo que alguém faça
aquele avião descer!, pensou, mas simplesmente balançou a
cabeça, desanimado, e afastou-se.
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