E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Agosto~ mês lindo, mês de estrelas!

Olá!

Hoje estou aqui por vários motivos. Minha ideia inicial era fazer um post especial para um pessoa especial, mas como, neste mês que acaba amanhã tantas pessoas especiais vieram ao mundo, sei que ele não irá se importar pelo fato de que não farei um post exclusivo desta vez.

Como diz o título, agosto é um mês de estrelas! Estrelas que vieram ao mundo e iluminam minha vida com seu brilho! Mas~ com certeza, muitas outras estrelas que eu não conheço também brilham nesse mundo afora, pessoas especiais para alguém... que tornam a vida de alguém mais bela, como as minhas estrelas tornam a minha vida mais bela. A esses desconhecidos que também nasceram no mês de agosto, parabéns!

Bom, vou começar pela estrela que aniversariou logo no começo do mês. Estrela que começou a brilhar para mim há apenas alguns meses, mas que já brilha na vida de muitas pessoas há muito mais tempo. Com certeza, ao menos para sua mãe ele brilhou desde o começo de sua vida em 04 de agosto de 1987. Falo da estrela coreana, o Príncipe da Ásia Jang Keun Suk! Sim, ele foi a primeira das pessoas especiais em minha vida que nasceram nesse mês tão lindo! Embora não o "conheça" a fundo, afirmo sem medo de errar que sua voz é a mais bela que já ouvi nos últimos tempos! E~ foi por ele que comecei a gostar de k-dramas.
Obrigada, JKS! Você me faz sorrir a cada dia, mesmo estando aí, do outro lado do mundo.

Asia Prince JKS

A segunda estrela é, diria, uma das pontas de uma estrela maior, que é a terceira estrela (uma estrela de sete pontas). É o Nikaido Takashi, que aniversariou no dia 06. Ele nasceu no mesmo ano que eu e é apenas um pouco mais velho. Um fofo!
Obrigada, Nika! Por ser essa pessoa especial, indispensável para tornar completo minha segunda boyband do coração!


Nikaido Takashi - retirado do facebook

A estrela de sete pontas que falei acima é a boyband Kis-My-Ft2, que festejou um ano desde seu debut (estreia) em 10 de agosto do ano passado. São sete estrelas brilhando individualmente que, juntas, brilham com muito mais intensidade. "Conheço-os" há um pouco mais de tempo que o JKS, graças a minha amiga Andrezza, que me  apresentou ao maravilhoso mundo desses meninos que mexem com meu coração e me fazem sorrir de alegria!
Obrigada KisMy! As músicas de vocês me dão alegria, me trazem lágrimas e sorrisos de emoção.
Kis-My-Ft2 ~ retirado do mural da Andrezza no facebook =]

A minha quarta estrela a aniversariar esse mês, uma bela estrela que nasceu há 50 anos, ainda brilha forte e desejo que chegue a 100, foi meu "tio de consideração" Anísio. Ele aniversariou no dia 15 de agosto. Tia Cleuza, agradeço a você por ter se casado com ele, se não fosse isso, não poderia ter um tio tão querido. Também, quem mandou meu pai e minha mãe só terem irmãs e assim eu não ter um tio sequer de sangue? Mas estou feliz com os tios que minhas tias me deram. O tio Anísio sempre cuidou de mim, sempre foi muito amoroso, e desde minha infância ele esteve comigo, já que ele se juntou à família alguns meses depois de meu nascimento. Ele é meu tio de quem eu lembro mais, de quem tenho mais memórias.
Obrigada tio! Eu te amo viu! Dificilmente você me ouvirá dizendo isso porque sou tímida demais pra isso, mas é a única verdade.

Retirado de um dos álbuns do facebook dele

A quinta estrela... essa brilha em minha vida desde o momento em que fui gerada. A ESTRELA MAIS IMPORTANTE de agosto, a mais especial e a mais amada! Minha mãe!! No dia 21, ela completou 45 anos. 45 anos que brilha... pra mim, por enquanto, são apenas 21, mas para seus pais e irmãs, os anos se acumularam. Não só para eles, mas para os amigos, companheiros de estrada e para meu pai. A mulher mais linda. Agradeço muito a Deus por tê-la me dado como mãe. Ele é O MELHOR!! Quando eu e ela brigamos, eu choro, eu sofro, e a amo ainda mais. Perdão mãe, pelos momentos que te fiz sofrer. E OBRIGADA por ser minha mãe!! EU TE AMO!!!

Mamis ~ arquivo pessoal

Estamos perto do fim de mês e ainda falarei de quatro aniversários!

No dia 26, último domingo, o Roupa Nova, banda maravilhosa, minha sexta estrela de seis pontas, completou 32 anos de carreira!! Eu não sabia da data exata, só sabia da época, entre os meses de julho e agosto. Fiquei sabendo no domingo mesmo e como eu fiquei feliz!!! Mais um motivo pra comemorar! Essa estrela brilha em minha vida desde o início da minha adolescência~ simplesmente AMO!
*Cleberson*Kiko*Feghali*Nando*Paulinho*Serginho* obrigada!! Por fazerem parte da minha vida!!

Roupa Nova no show de 30 anos

A sétima estrela... e de todas, a mais recente pra mim, que começou a brilhar há pouquíssimo tempo, coisa de um ou dois meses no máximo: Larissa (Lari Nat, é você mesmo). Essa estrela nasceu no dia 29 de agosto de 1996. Não a conheço bem, não mesmo, na verdade ainda não conversamos muito, mas das minhas estrelas, nunca conversei e dificilmente conversarei um dia com quatro já citadas e uma por citar. Então, a Lari é mais próxima de mim, eu diria. Já gosto muito dela! O que nos uniu? O Arashi, para variar, e uma certa pessoa que será a próxima estrela^^
Obrigada, Lari, por aceitar ser minha amiga! E por ler minha fic =]

Retirado de um dos álbuns do facebook dela

Bom, a oitava estrela!! Com um brilho tão intenso que me ofusca os olhos! Para quem, originalmente, eu pensei em dedicar esse post com exclusividade: Matsumoto Jun. Ele é uma estrela que brilha pra mim desde o início do ano passado. É o bebê do Arashi, o caçula da turma. 29 aninhos, completados no dia 30 de agosto, dia que aqui no Brasil acabou de entrar no calendário, mas que no país dele já está "perto" [relativamente] de se transformar no dia 31. No ano passado, fiz um post exclusivo, afinal só comemorei no blog o aniversário da minha mãe, dele e da estrela que vem a seguir. Mas esse ano... mais estrelas vieram iluminar meu céu. Então, resolvi não fazer uma homenagem só a ele, pois embora ele seja especial, cada um que citei aqui o é por um motivo, e creio que ele não ficaria chateado por ter "dividido seu espaço".
Obrigada MatsuJun!! Por ser quem você é~ e por ter me conquistar dia a dia sem nenhum esforço de sua parte. Teu sorriso já basta para melhorar meu dia!

Arashi Fan - Facebook - Matsumoto Jun  

A nona estrela, a mais nova de todas, que brilha pra mim desde que nasceu, há 15 anos, completados hoje: Karla, minha amada irmã! A gente briga bastante, agora menos, quando éramos mais novas era como cão e gato, hihi. Mas ela foi o presente mais belo na minha infância... Deus é mesmo muito bom!
Desculpa, Karla, por brigar tanto com você e ser uma péssima irmã muitas vezes. Lembre-se sempre de que eu te amo, pequena! ela é mais alta que eu. Obrigada por ser minha irmã!!

Karla ~ arquivo pessoal
Por fim~ eu agradeço a Deus! Por colocar essas estrelas em minha vida!!

E parabéns a todos os demais aniversariantes do mês de agosto que de alguma forma fazem parte de minha vida~ esse mês triste, já que não tem feriado... e um mês lindo!!

Fim~
  

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 28


Na terça-feira, o Arashi passaria o dia ocupado com seus compromissos rotineiros e a preparação para os demais shows da tour, que continuaria somente dali a duas semanas. Os concertos em Fukuoka, que se prolongariam por três dias, eram os últimos e aconteceriam de sexta-feira a domingo.
Matsumoto Jun ligou para Caroline por volta das 10h, no intervalo entre as reuniões com os cinco membros e Johnny Kitagawa. Ela disse que estavam ainda fazendo o desjejum e planejavam explorar um pouco a cidade. Jun disse que tinha compromissos o dia todo e não poderia acompanhá-las.
- É claro! Afinal, não viemos aqui para passar 24 horas com vocês, pois sabemos que têm compromissos. – Carol falou.
Débora olhou para ela e concordou. Ela ainda estava meio abalada com o que acontecera no dia anterior, mas decidiu fazer como a amiga sugerira e conquistar o pai do Kazu. Afinal, se antes ela dissera para Caroline que estava disposta a enfrentar seus pais se eles fossem contra o casamento, por que não enfrentar o dele? Mas ela não sabia muito bem como podia fazer isso, ela ainda tinha que conversar com Kazu para poderem pensar muito bem sobre o casamento no Brasil. Ficara evidente que o senhor Ninomiya não gostara da ideia e se o casamento fosse lá, provavelmente ele nem iria.
Carol ficou meio sem jeito, mas como falava no celular com Jun, ela se sentiu um pouco mais à vontade e até sorriu. Disse que iriam se virar bem por um dia e ele pediu desculpas por ser tão péssimo anfitrião. Ao que ela respondeu:
- Fique tranquilo, faça seu trabalho direitinho e nós vamos conseguir nos virar. Não se preocupe conosco – e ela tapou o bocal e disse para a amiga - Né, Dé? – e voltando a falar no celular – Pode ficar sossegado, hontou ni. Ano... o Nino está aí com você?
Nesse momento, Débora deu um cutucão no braço de Carol e, largando o pedaço de tofu no prato sobre a mesa, fez um sinal de silêncio, pondo o dedo sobre os lábios, enfaticamente. A outra simplesmente sacudiu a cabeça negativamente e continuou falando:
- Então, quando ele estiver por aí, peça para ele ligar, por favor, pois ele e a Débora precisam conversar.
- Hai!
Carol fechou o aparelho e o deixou na mesa, voltando novamente a atenção para o tamagoyaki a sua frente. Colocando um pedaço na boca, disse para Débora, que ficara meio emburrada por causa do que ela dissera ao telefone:
- Você precisa mesmo conversar com ele, não é? Só te fiz um favor. Desfaça esse bico, Dé!
- Mas você não precisava ter dito para ele me ligar. Eu ia acabar ligando para ele, mas depois de aproveitarmos nosso dia.
- Ok então. – Carol continuou comendo.
Alguns minutos depois, o celular de Débora tocou:
- Moshi-moshi. Kazu, é você?
- Hai! Ohayou, minha linda!
- Uhm... ohayou – ela pôs casualmente um pedaço de tamagoyaki na boca.
- O Matsujun disse que falou com a Karorine-san e ela me pediu para ligar. Mas de qualquer forma eu ia ligar. Ontem você ficou chateada comigo, Deb?
- Onde você está?
- No banheiro, para ninguém ficar de orelha em pé prestando atenção na conversa.
Caroline olhava a amiga, enquanto comia. De repente, o olhar de Débora, que estivera leve desde que acordara, ficou preocupado.
- Uhm... bom... – depois de alguns segundos em silêncio, ela voltou a falar – Não fiquei chateada com você, meu amor, por que ficaria?
Débora se levantou e foi em direção ao saguão.
- Ei! – Carol falou, erguendo um pouco a voz para a outra, que já se afastava e parou quando a ouviu – Onde você vai?
Débora tapou o bocal do telefone e, virando-se para Carol, respondeu:
- Vou ali no hall. Preciso de um pouco de privacidade.
- Nossa, valeu pela consideração Dé!
- Não é por sua causa – Débora fez um gesto discreto para indicar todas as pessoas, talvez umas dez, contando hóspedes e funcionários – Depois te conto tudo.
- Ok.
Débora seguiu para o hall e Caroline terminou seu café da manhã sozinha. Resolveu subir para o quarto e ir se preparando, já que ela imaginava que iam sair para dar um “passeio de turista”. Seria sua segunda exploração turística, mas seria a primeira de Dé.
Carol passou por onde a amiga estava sentada falando ao telefone e fez um gesto para o elevador, dizendo somente com o movimento dos lábios “Te espero lá em cima”.
Ela seguiu então para o elevador. Quando chegou ao quarto, antes mesmo de fazer a higiene pessoal, se jogou na cama e refletiu por alguns minutos sobre a curta conversa que tivera com Matsujun. Ele fora tão atencioso ao ligar e Carol percebeu, nas primeiras palavras que ele disse, certo grau de ansiedade e, quem sabe, algum nervosismo também, como se ele estivesse tão sem jeito quanto ela. Por que ele estava assim? Ela olhava para o teto, segurando o coração que pendia da corrente em seu pescoço e sorrindo, ao lembrar mais uma vez do sorriso dele. 
Aquela chave, agora ela sabia sem sombra de dúvidas, Carol mandara para Jun há tanto tempo, pois só ele poderia abrir seu coração, e já o abrira, mesmo sem saber. Estava ali dentro desde quando? Ela não sabia... mas tinha certeza que em algum momento, durante esses anos em que trocaram cartas, ou naquela única semana que passara com ele, aconteceu.
Não sabia ao certo o que a motivara a entregar aquela chave a ele, sendo que tal chave tinha um significado tão importante. Simplesmente, ela enviara impulsivamente, pois naquele momento já estava apaixonada, embora fosse somente uma paixão de fã. Ao menos, ela pensava assim, pois durante esse tempo, ela tivera algum interesse por um ou dois rapazes, mas não se envolvera com ninguém.
Ela sempre achara superficial o sentimento que algumas fãs mundo afora nutriam. Choravam nos shows, faziam escândalo, espalhavam fofocas, eram possessivas e egoístas. E fanáticas. Diziam que amavam tal e tal cantor, mas Carol via que muitas delas somente tinham amor por uma imagem, por algo que elas sequer conheciam. E agora, pensando em si própria, ela viu que também tivera esse amor, no começo. Desde a primeira carta, esse amor era de fã, uma coisa mais platônica e irreal, e ela sequer supunha que um dia a coisa ia mudar de figura.
Quando soube que ele estava namorando, ficou realmente feliz, mas algo dentro dela reclamou e ela se lembrou da chave. Ficara com vergonha de responder o verdadeiro significado daquilo quando ele perguntou em uma carta, mas por um momento lhe ocorreu que ele podia ter se esquecido do presente, e isso a fez se sentir um pouco triste. Perguntou para si mesmo se a Uemura Yui teria também dado a ele uma chave e se ela sabia da chave que Jun já tinha.
Carol sabia que, enquanto carregasse aquele colar no pescoço, estaria presa a Jun, mesmo que ele jogasse a chave fora, pois olhar para ele, depois de tudo que acontecera aqueles dias, era lembrar-se de Jun. Então, tinha que se preparar para abandonar aquela corrente com o coração quando finalmente fosse embora do Nihon.
Sua mãe não gostaria muito disso, afinal dera a ela aquela corrente e os pingentes cheios de significados para que Carol entregasse a chave de seu coração a alguém importante para ela, alguém que realmente a amasse. Esse alguém não podia ser um idol, alguém que era tão inalcançável quanto Matsumoto Jun. Mas se preocuparia com dona Marta quando chegasse no Brasil. Só sabia que não podia mais ficar com a corrente.
Decidiu que, como aquele coração e aquela chave se encaixavam perfeitamente e pertenciam um ao outro, deixaria a corrente em seu pescoço com o Matsujun no sábado antes de partir. Ele saberia o que fazer. Poderia dar a chave a Yui, se quisesse.
- Yosh! – levantando-se de um salto e indo em direção ao banheiro.
Mas, por mais que Carol tivesse decidido o que fazer, seu coração começou a doer enquanto colocava creme dental na escova. A sensação que tinha era que ia desmoronar. Sentiu as lágrimas inundarem seus olhos e antes que pudesse levar a escova à boca, já estava chorando.
- BAKA! – gritou para si mesma em frente ao espelho, já escovando os dentes e as lágrimas se misturando com a espuma.
Nesse momento, Débora chegou ao quarto e a viu num estado lamentável, com a boca cheia da espuma do creme dental, as bochechas lambuzadas de lágrimas e os olhos vermelhos.
- Ih!!! O que foi dessa vez, dona Caroline?
Carol olhou para a amiga e balançou a cabeça. Tentou dizer “Não foi nada”, mas tudo o que saiu foi um resmungo. Ela se virou para a pia e cuspiu. Enxaguou a boca e secou na toalha, ainda com algumas lágrimas escorrendo.
- Não foi... nada... – dessa vez, ela consegui dizer com clareza.
- Não foi nada?? Conta outra, Carol! Por que está chorando desse jeito então? Estávamos lá embaixo até agorinha e você estava ótima!
- Depois eu conto – Carol secou as lágrimas com as costas das mãos e jogou água no rosto.
- Por que não agora?
- Para não estragar nosso passeio. – secando o rosto na toalha. – Mas me conta você. O que o Nino disse?
- Sobre?
- Como sobre? Sobre ontem, sei lá...
- Ah! – Débora sentou na cama – Me conta primeiro porque você estava chorando.
- Esqueça isso por enquanto, está bem? Agora, diz você o que vocês dois conversaram. – Carol estava parada na porta do banheiro, com as mãos na cintura.
- Eu conto. Mas vamos sair primeiro? Já são quase 11h! – levantando-se com a bolsa já pendurada no ombro.
- Vamos, é claro! Mas por favor, né, vamos visitar lugares diferentes, não quero ver a mesma coisa que vi ontem. – Carol também pegou sua bolsa, checou se todos os documentos, celular e carteira com dinheiro e os cartões de crédito, além da câmera digital, estavam dentro.
- Vamos logo então, não se demore muito, Carol! – Débora, que já estava em pé na porta do quarto, voltou até ela e a puxou pelo braço, rindo.
- Estou indo! – Carol riu também. Já não era possível dizer que há alguns minutos apenas ela estava chorando.
As duas foram de táxi até o centro comercial, que Carol não visitara no dia anterior. Andaram por algumas lojas, viram mil cores e belezas. Para elas, era tudo festa, mas Tóquio movia-se como qualquer cidade grande no início da semana. Ainda não estava no horário do almoço e muitos restaurantes ainda estavam fechados para o público. Viam-se executivos engravatados andando apressados para um lado e para o outro, grupos de mulheres entrando e saindo das lojas com sacolas de compras, jovens que não tinham ido à escola vagavam pelas calçadas, o movimento dos carros era grande, ouviam-se as buzinas constantes e em todos os lugares grandes cartazes e outdoors tomavam conta da visão.
Andaram por mais de uma hora, e ambas esqueceram um pouco os problemas tirando muitas fotos, fazendo compras e conhecendo coisas novas. Quando finalmente decidiram descansar antes do almoço, escolheram uma praça não muito movimentada e se sentaram num banco, ouvindo um tocador de violão que reunia alguns espectadores em volta de si.
Caroline sentou-se de lado, dobrou os joelhos, ergueu parcialmente as penas e as segurou com a mão esquerda, enquanto com a direita, apoiava a cabeça no encosto do banco. Perguntou:
- Dé, me diz, o que você e o Nino conversaram? Não vai me contar?
- Conto sim, mas depois temos que ir almoçar, que já estou ficando com fome.
- Ta falando igual ao Nino já, hahahaha!
- Hahahaha! Vamos naquele restaurante! – Débora indicou com a mão um restaurante na esquina, que acabara de abrir – Tinha até gente esperando abrirem a porta, deve ser bom! E é um restaurante italiano, então lá deve ter garfo e faca, hahaha.
- Sim, sim. Mas me conte.
- Calma! – ela se sentou na mesma posição de Carol. – Por que quer tanto saber? Deve estar querendo fugir da raia né? Você sabe que tem que me explicar direitinho o motivo de suas lágrimas, hein, dona moça! Hahaha!
- Eu sei. – rindo também.
E Débora contou o que falara com Nino. Primeiro, a conversa não durara mais que quinze minutos, afinal ele tinha uma reunião às 10h30. Tinham conversado basicamente sobre o ocorrido no dia anterior, e ele disse que estava com medo de que ela desistisse depois das afrontas que ouvira. Débora garantiu que não ia desistir, embora tivesse pensado nisso segunda à noite, mas ponderou melhor, refletiu bem, ouviu conselhos de Caroline também e decidiu que o melhor a fazer era conquistar o sogro.
Nino foi enfático ao afirmar que não era necessário conquistar ninguém, que ele não fazia questão nenhuma, mas Débora fazia questão sim e se manteve firme. Por fim, depois de alguns minutos de discussão, Kazunari simplesmente aceitou a posição dela e disse que, como sua noiva e dona de seu coração, Débora tinha todo o direito de fazer o que quisesse, afinal ela seria sua esposa logo.
- Foi assim mesmo que ele disse? Dona do seu coração? Que lindo!
- Sim, sim, eu fiquei toda derretida quando ele disse isso. O Kazu também disse que vai falar amanhã de manhã com o Kitagawa-san sobre casarmos no Brasil.
- Ih, será que ele vai deixar, Dé?
- Não sei, mas eu falei que eu até me casaria aqui pelo pai dele, se meus pais não se recusarem a vir para o Nihon. Se o Kitagawa-san também quiser que o casamento aconteça aqui, então não terá outro jeito.
- Mas Dé, você ficou tão empolgada com o casamento lá.
- Sim, eu fiquei, mas de qualquer forma... eu pensei muito.
- Quando? Ontem, depois que a gente conversou, você tomou banho, nós jantamos e não falamos mais nisso, e você dormiu cedo.
- Na banheira ontem mesmo, logo depois que falei com você. Além disso, eu dormi cedo, mas não consegui dormir muito. Acordei no meio da noite chorando, não conseguia tirar as coisas que aconteceram com os pais do Kazu da minha cabeça. Sonhei que eu tinha ido embora e ele tinha ficado e a gente nunca mais se viu, e depois de um tempo, fiquei sabendo que ele conheceu outra pessoa e casou com ela. Nesse momento, senti uma dor muito maior do que todas as dores que já senti até hoje. Percebi que não consigo mais viver sem ele. Pensei que, mesmo me casando aqui, eu estarei feliz.
Débora abriu o primeiro sorriso completamente sincero e genuíno daquele dia. Carol se aproximou dela e a abraçou, emocionada. Vendo a felicidade da amiga, ficou realmente feliz. E só então percebeu o que se casar no Nihon significava. Débora não mais voltaria para o Brasil, nem mesmo dali a alguns meses, para o casamento.
- Dé – Carol se afastou do abraço e a olhou nos olhos – então você não vai voltar? E eu? A gente não vai mais se ver?
- É claro que a gente vai se ver. Se, e somente se eu for mesmo me casar aqui, é claro que você será minha convidada de honra! Além o mais, o Brasil é longe do Japão, mas ainda assim ambos os países estão no mesmo planeta.
- Mas Dé... eu não tenho mais dinheiro pra vir novamente pra cá já no início do ano que vem.
- Carol – Débora segurou as mãos da amiga entre as suas – Pare de se preocupar, ok? Ainda não devemos pensar nisso. A princípio, eu vou mesmo me casar no Brasil. Agora – levantando-se e puxando a outra consigo – vamos comer!
O restaurante estava bem cheio. Já era quase 1h da tarde quando entraram, mas ainda tinha meses vagas. Fizeram os pedidos e, enquanto esperavam os pratos chegar, Carol começou a contar porque estivera chorando.
Foi difícil colocar em palavras os motivos, e pela primeira vez, ela reconheceu para alguém, além de si mesma, que estava apaixonada. Débora riu quando a amiga confessou isso, com as bochechas coradas de vergonha e a cabeça baixa. Comentou, rindo:
- Viu? Eu disse que você estava caidinha pelo Jun!! E ele nem precisou ir para o casamento no Brasil!
- Shhhh! Não faça tanto barulho e me deixa falar.
E ela continuou falando. Falou sobre o que sentira no dia anterior, quando ele pediu para que ela ficasse, e como chegara à conclusão de que o amava. Quando o garçom trouxe os dois pratos de espaguete à carbonara, Carol fez menção de interromper para que as duas pudessem almoçar, mas Débora disse que ela podia falar enquanto comiam. 
- É ruim Dé! Assim não vou conseguir comer direito.
- Ok então. Primeiro a gente come, mas você falou, falou e não disse por que chorava quando eu entrei no quarto hoje de manhã.

***

Depois de Caroline abrir seu coração para Débora, e antes que ela começasse novamente a chorar, deixaram o restaurante e voltaram ao banco da praça, onde podiam ter um pouco mais de privacidade, pois mesmo com os pedestres, ninguém parava pra escutar a conversa de duas desconhecidas, ainda por cima duas gaijins que falavam outra língua.
Sentaram-se novamente uma de frente para a outra e Débora pegou a mão da amiga, segurando-a pousada em seu colo.
- Então é isso que você decidiu, Carol? Vai dar a ele o coração também e fingir que nada aconteceu quando voltar ao Brasil?
- Ah Dé! – Carol apertou a mão que segurava a sua – Não dá pra fingir, né? Mas eu vou tentar, né?
- Você acha mesmo que é a melhor solução? Ontem mesmo você me disse que eu não posso desistir tão fácil de um amor, mas está abrindo mão do seu.
- E tem outro jeito? Somos completamente diferentes, eu e ele. Moramos em países diferentes, vivemos em duas realidades distintas! Além do mais, eu não fui pedida em casamento como você foi.
- E se o Jun te pedisse? Você aceitaria, Carol?
- Não, eu não aceitaria nada! Ele tem namorada. Eu só disse isso pra te fazer entender que as nossas situações, minha e sua, não têm nada a ver uma com a outra. E eu também faço faculdade... e tem meus pais... meu emprego...
- São desculpas para convencer a si mesma. Se ele pedisse, você ficaria?
- Ele já pediu, eu já fiquei.
- Não desse jeito!
- De que jeito então?
- Eu estou falando, se ele pedisse pra você ficar de verdade.
- Isso é impossível Dé!
- Mas você ficaria?
- Eu não sei. De qualquer forma, ele não pediu, não é? Não vou ficar pensando nisso. Já dói demais sem ter falsas esperanças...
Os olhos de Carol se encheram de lágrimas e ela sentiu que ia chorar de novo. Aquilo realmente doía. Não queria se apaixonar, ainda mais tão longe de casa. E agora, já estava apaixonada, mas era um amor impossível.
Débora se aproximou ainda mais da amiga e a abraçou, fazendo com que as primeiras lágrimas de Carol caíssem e molhassem sua blusa. Segurando gentilmente a cabeça dela, Débora a embalou como a uma criança, sussurrando o tempo todo “Calma, vai ficar tudo bem. Você é forte, Carol. Vai dar tudo certo, você vai ver”.
O choro durou uns dez minutos e então Caroline se soltou dos braços da amiga, secou os olhos e forçou um sorriso. Ainda com a voz meio entrecortada, disse:
- Dé... já chega... eu não quero mais... chorar. Vamos continuar o passeio.
- Tem certeza? – Débora se afastou um pouco e sentou-se, olhando para o mesmo tocador de antes.
- Tenho. Eu decidi ficar até sábado, mesmo sabendo que teria sido melhor se eu tivesse ido embora. Quando eu me encontrar com o Matsujun novamente, não posso chorar.
- É verdade. Então, vamos continuar!
As duas ficaram em pé ao mesmo tempo e começaram a andar calmamente, atravessando a praça a fim de fotografar um monumento no centro dela. Novamente, a aparência de Carol mudou tão rápido que nem parecia que há apenas alguns minutos ela estava chorando copiosamente. Contudo, Débora sabia que interiormente ela estava sofrendo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Um texto que quero escrever (mas que talvez não tenha verdadeira relevância)

Bom, estou pensando nisso desde ontem. Quer dizer, desde alguns dias ou semanas, talvez. Não é algo que eu tenha a obrigação de expor, não significa muito pra alguém mais além de mim mesma, mas mesmo assim eu vou colocar aqui.

No fim de semana lá no Japão, passou na TV o 24 Jikan Terebi (24h TV - eu sei que soou redundante demais) e o Arashi foi a personalidade principal desse ano e tal (pensa numa mistura do Criança Esperança com o Teleton. Pensou? Agora mistura os dois~ numa comparação grotesca, é isso ae, e é como se um grupo brasileiro fosse o principal no programa inteiro). Enfim, teve esse programa que passou desde a manhãzinha de ontem (horário de Brasília) até meio da manhã de hoje (horário de Brasília), se não estou errada.

Falei disso porque, enfim, ao contrário de muita gente, que tem o tal Key Hole (programa para ver TV aberta japonesa - eu tenho no meu laptop) e pode ficar horas em frente ao computador no fim de semana e tem uma ótima conexão com a internet, eu não fiz questão de ver o 24h todo e me contentei com uns vídeos (lindos) domingo. É, eu acabei me sentindo um pouco estranha por causa disso... pensei: "eu não sou tão fã deles assim, nem fazer um esforço pra ver eu farei". Meu facebook estava cheio de imagens, vídeos, e gente falando isso e aquilo do que estava acontecendo. Minha sensação foi de que o mundo estava andando e eu parei no ponto. Sei que, no geral, as pessoa nem faziam ideia que um "teleton japonês" estava passando, nem teve o mínimo interesse, como meus pais, etc. Mesmo assim, me senti estranha. E resolvi escrever esse artigo (se é que pode ser chamado como tal).

Todos que me conhecem pelo menos um pouco sabem do meu amor pela música. Já escrevi mais de um texto aqui mesmo no blog sobre músicas no geral. Desde o ano passado, eu tenho falado bastante do Arashi, a boyband japonesa que ganhou meu coração, e mais recentemente, pintei meus posts com Kis-My-Ft2, também um grupo de cantores japoneses, e Jang Keun Suk, um ator/cantor coreano. Afirmo também que sabem do meu gosto quase obsessivo pela escrita, pela leitura e, desde o fim de 2010, por séries asiáticas. Quer dizer, japonesas, pois só há alguns meses passei a ver dramas coreanos.

Essas são minhas quatro atividades favoritas: ler, escrever, ouvir música, ver drama.

Eu nunca fui uma fanática por nenhum cantor ou cantora, embora goste tanto de música. Desde os meus 10 anos, quando descobri um CD do meu pai do Roupa Nova, sou grande admiradora deles, e o documentário que vem junto com o RoupAcústico 2, que eu vi vááárias vezes quando comprei o DVD em 2006, aumentou muito mais essa admiração. Mas~ eles são bem mais velhos que eu, o mais novo, o Serginho, tem 54 anos, e não são... como direi... exatamente músicos da minha geração. Ontem, dia 26 de agosto, foi o aniversário de 32 anos deles como banda, mais que meu tempo de vida! O que me dá orgulho e felicidade, por ser fã (não fanática, nem fan - derivado do inglês fanatic - mas fã mesmo, do meu jeito) de uma banda tão maravilhosa, que existe por mais de 30 anos!!

Por volta dos 15 anos, "descobri" outra velharia que me cativou: Scorpions, uma banda de rock alemã que também "não são músicos de minha geração". Foi vendo um DVD de um rapaz da minha igreja, Oséias. O show, que além do DVD tem a versão em CD, foi gravado com a Orquestra Filarmônica de Berlim em Hannover no ano 2000. Simplesmente demais, demais!! Não me considero fã deles nem nada, afinal, até mesmo o nome só sei do vocalista, o Klaus Meine, que não é muito novo.

E agora, tenho o Arashi, o Kis-My e o JKS. Os "três" (o Arashi é formado por cinco e o Kis-My por sete) ocupam lugares distintos em meu coração, e eu posso dizer sem medo de errar que me considero fã dos três, embora de maneiras diferentes (por favor, leiam o post O que é ser fã...).

O Arashi entrou na minha vida por causa dos dramas japoneses. Ou melhor, por causa do drama japonês Hana Yori Dango, que vi no início do ano passado. O protagonista foi interpretado pelo Matsumoto jun, mas creio que isso vocês já estão carecas de saber, afinal já falei disso algumas vezes, hihi. De qualquer forma... deixa eu continuar. Foi por meio do Jun que eu me interessei pelo Arashi, claro que acho os cinco lindos e tudo mais, AMO as músicas e tal, mas eles mexem comigo de um forma especial... eles me fazem querer sorrir e chorar, pular de alegria, meu coração dói de tamanha ternura só de olhar para os cinco num show, apresentação de TV ou foto. Aqueles sorrisos maravilhosos deles acabam comigo!!! Não sei explicar exatamente... e, como disse para uma amiga ainda hoje no facebook, hoje com 12 anos (às vésperas dos 13), tenho pra mim que eles chegarão aos 32 com tranquilidade, como o Roupa Nova.

O Jun... ele é especial entre os cinco, que são especiais! Eu olho para ele e não consigo evitar a vontade de abraçá-lo! Ele é o número um, o favorito, o primeiro, o ichiban.

Mas~ não sou fanática. Não gosto de fanatismo, faz mal, prejudica, e não é certo, entra quase, ou completamente, na idolatria, da qual eu falei no post citado. Às vezes, algumas falas me irritam e me preocupam... pessoas que não medem/mediriam consequências para cometer loucuras, e até crimes, pelo Arashi, ou outro "ídolo" qualquer.

Eu nunca fui assim. Nunca fui fanática, repito mais uma vez. Nem serei. Vi o Kouhaku Uta Gasen 2011/2012, o "Show da Virada" japonês, numa comparação tosca, pela internet, por mais de quatro horas, mas não vi o 24h TV. Ambos os programas "protagonizados" pelo Arashi. Isso significa que sou menos fã por que vi um e não vi o outro? Não. E vou listar algumas justificativas.

Primeiro: o Kouhaku era música praticamente durante todo o programa, já o 24h teve música, o que é absolutamente diferente. Outra coisa: o Kouhaku foi cantado em japonês, o 24h foi falado (veja bem, eu não entendi o primeiro nem entenderia o segundo, já que não sei japonês, mas ficar quatro horas ouvindo música em outra língua é uma coisa, ficar 24h ouvindo conversas em outra língua é diferente!). Terceiro: eu não gosto de ver TV do Brasil, por que veria TV japonesa? Quarto: eu estive ocupada na maior parte do tempo e não pude me dar ao luxo de parar na frente do computador para ver (isso se a internet não desse pau) uma imagem não tão boa assim pelo KH, sendo que o Kouhaku passou nas férias.

Agora, por outro lado, como já disse lá em cima, entrei no meu facebook e me senti culpada por não estar exatamente interessada em ver, ou triste por não conseguir ver. Acho que muitas fãs por aí me achariam, como disse no próprio face, uma fã falceta. Acontece que, como disse, não sou fanática. Amo a música, amo os cinco, vejo shows, vejo fotos, sorrio e choro com eles, enfim... mas não me preocupo em saber o que cada um faz quando sai da cama pela manhã, nem acompanho os programas deles pela internet, num idioma que eu não entendo, sem legenda.

Acho que, sobre o Arashi, é isso. Claro que sempre vou amá-los, e me considero uma arashian, mas não sou exatamente o que poderia ser chamado de "fã convencional", que faz loucuras por seu "ídolo".

Sobre Kis-My, eu os conheci por meio da minha grande amiga Andrezza, e só depois de já ouvir as músicas deles, eu vi o primeiro dorama, Ikemen Desu Ne (falo deles e do drama aqui e aqui). Eles me emocionam, e quando escrevi sobre eles, só sabia de fato quem eram três, mas hoje já sei quem são os sete! Que felicidade!! Eles são diferentes do Arashi, mas semelhantes ao mesmo tempo. O contexto em que descobri os grupos foi diferente. Mas eu os AMO também!

E o JKS... bom, essencialmente ele é a minha paixão no momento, sua voz me faz sonhar, e foi por ele que comecei a gostar de dramas coreanos (embora tenha sido por causa de uma amiga da faculdade que vi meu primeiro drama, como falei aqui). Sua voz é a mais bela que já ouvi, falo sem medo de errar! E ele é poliglota... fala coreano, japonês e inglês com perfeição. Eu o AMO!! Diferente do Arashi e do Kis-My, obviamente. O post dele é Príncípe da Ásia~ e a voz mais linda.

Vou falar muito ainda sobre todos os "três" por aqui, mas tenham certeza de uma coisa: não sou fanática por nenhum deles. Nem por isso sou menos fã. Dêem uma volta, uma lida nos textos que escrevi para me entenderem melhor (ou não).

Beijos!

não sei se alguém leu esse testamento até aqui, porque realmente, mesmo sendo um assunto importante pra mim, pode não ser pra mais ninguém. Mas espero que, se alguém leu, tenha gostado!


sábado, 25 de agosto de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 27


Uemura Yui não faltou no serviço aquele dia. Falou por telefone com seu chefe de seção e pediu para tirar uns dias de folga. Ela precisava pensar e tinha que ser longe dali, então não poderia ir trabalhar. Como ela tinha horas extras, esperava conseguir pegar quatro dias, só teria que estar de volta ao Jornal na sexta-feira. Então, falou com ele na segunda mesmo, antes de sair de casa.
 Depois de ter sido abandonada no domingo o dia todo, na segunda ela acordou decidida a ir embora. Passaria alguns dias fora, mas não pensou em ir para a casa dos pais. Em vez disso, fora para Chiba, no litoral, e depois de quase três horas de carro, ela finalmente chegou. Iria se hospedar na pousada onde ela costumava ficar com os pais na adolescência.
 Aproveitaria aqueles dias de solidão para pensar em sua vida. Ser namorada do Matsumoto Jun nunca estivera exatamente em seus planos. Na verdade, dos membros do Arashi, era de quem ela menos gostava, mas por causa de sua profissão de jornalista, teve que cobrir shows e apresentações e tinha que ser imparcial com relação aos cinco.
 Ela então se mudou para um prédio para morar sozinha, e logo quem era seu vizinho? Matsumoto Jun. Eles começaram a conversar periodicamente, sempre que se viam no prédio, e quando ele pela primeira vez a chamou para um encontro, ela quase recusou, mas uma colega sua da revista, Nozomi-san, que ficou sabendo do convite, não permitiu que ela recusasse. E, depois do primeiro encontro, outros se repetiram e ela acabou se apaixonando, mesmo sem querer.
Agora, depois de mais de um ano juntos, não conseguia mais entender o namorado. Primeiro, logo no início, ele escondeu dela a história das cartas. Mais recentemente, simplesmente deu as entradas do show para alguém que ele nem conhecia. E então, combinou de ir pegar as turistas no aeroporto e só contou para ela no dia anterior.
Além de tudo isso, desde que elas chegaram, ele estava estranho. Não atendia a seus telefonemas de primeira nem respondia suas mensagens. E agora, ficou o fim de semana todo a evitando. Droga, Matsumoto, ela pensou, o que está acontecendo com você?
Yui estava no pequeno restaurante da pousada, jantando. Ela estava exausta. Assim que chegara a Chiba, fora almoçar num restaurante à beira-mar meio vazio por ser início de semana, e depois decidiu dar um passeio na praia, tentando refrescar as ideias. Ele ligara para ela em todo o tempo, mas Yui não atendeu uma vez sequer. Ao invés disso, colocou o celular no silencioso, dentro da bolsa, e deixou que tocasse.
Andando pela areia, ela tentava pôr ordem nos pensamentos. Será que fora muito dura com a estrangeira? Afinal, ela ia embora dali a alguns dias apenas, não ia? Agora, já não era mais ela que a preocupava, mas o próprio Jun. E se ele estivesse mesmo apaixonado por outra, como ela suspeitava?
Ela não era masoquista, não mesmo. Não iria ficar com um homem só por interesse ou por estar apaixonada por ele. Para um relacionamento dar certo, é necessário que haja uma troca de sentimentos, e se essa troca deixar de existir, se ele não estiver mais apaixonado por ela, então não poderão mais ficar juntos. Simples assim.
Claro que ela sofreria se o namoro terminasse, pois ainda era apaixonada por Jun. Mas era muito racional, não movida somente por sentimentos, e não queria se “amarrar” a alguém que não gostava mais dela para sofrer à toa. Derrubaria algumas lágrimas por um tempo, mas não ficaria presa ao passado. Doía pensar nisso, mas era a melhor solução, se Matsumoto gostasse mesmo daquela gaijin.
O que mais matava os neurônios de Yui era que a burajirujin nem bonita era. Não tinha sal nem açúcar. Era uma pessoa tão sem graça. Racionalmente falando, nunca que alguém em sã consciência a trocaria por aquela coisa. Bom, talvez alguém trocasse, mas não o Matsumoto Jun, o eterno DoS, super exigente, perfeccionista em tudo o que fazia e tudo o mais. Se ele realmente tivesse escolhido a outra, então Yui não sabia nada de seu namorado, mesmo depois de tanto tempo de namoro.
Viu o sol se pôr e foi para a pousada. Não fizera reservas, foi uma decisão de última hora ir para aquela cidade, então apostava na sorte que em geral a acompanhava, pois sabia que aquela era uma pousada disputada, mas como era segunda, ela esperava ter quartos vagos.
Realmente, tinha quartos vagos, como ela supôs. Fez o check-in e acertou para ficar até quinta-feira, pagando já 50% do valor da estadia. Subiu para seu quarto e ajeitou suas coisas. Perguntava-se se Matsumoto tinha encontrado o bilhete que ela deixara. Para encontrá-lo, ele precisaria ter entrado em seu apartamento com a chave que ela lhe dera dois meses depois que começaram o namoro. O que, em absoluto, ele não gostava de fazer e só duas vezes, em todo aquele tempo, ele usara aquela chave, por mais que Yui dissesse que seu apartamento também era dele.
Tomou uma ducha rápida e desceu para comer, estava com muita fome mesmo, parecia não ter se alimentado direito, o que não era verdade, pois comera muito bem no almoço.
Os donos da pousada a conheciam e sabiam também que ela namorava o Matsumoto do Arashi, pois ela já aparecera junto dele na TV e também em algumas reportagens aqui e ali. Como eram um “casal oficial”, não era tão estranho vê-los juntos.
A esposa (os donos eram um casal) veio até ela quando Yui estava sentada sozinha a uma mesa mais retirada da “muvuca”. Mesmo sendo início da semana, tinha bastante gente por lá.
- Yui-chan, hisashuiburi! A última vez que te vi, você contou que tinha começado a namorar. Veio sozinha né?
- Hai. – ela sorriu, olhando para a mulher.
- E seus pais?
- Eles estão bem. Não falei para eles que vinha para cá.
- So ka. E Matsumoto-san?
- Ele também não sabe que estou aqui.
- Ah. – coçando o queixo, confusa – Não quero ser intrometida, mas aconteceu algo? Vocês ainda estão juntos, né?
- Hai, Machiko-san. – o olhar dela, antes sorridente, agora entristeceu – Mas infelizmente, não sei por quanto tempo.
- O que aconteceu, Yui-chan?
- Nandemonai.

- Oras, claro que aconteceu algo! Seus olhos dizem isso!
- Nada demais, Machiko-san. Por enquanto, se não se importar, não quero falar nisso.
- Etto... daijoubu, Yui-chan – fazendo sinal para um garçom e se dirigindo a ele, quando se aproximou – Atenda essa moça, onegai.
- Hai! – ela respondeu.
Machiko-san deu tchau para Yui e se afastou, voltando ao balcão do bar.

***

Matsumoto Jun estava preparando espaguete na manteiga, pois já que todos iriam jantar lá, o mínimo que ele podia oferecer era boa comida.
Fazia quinze minutos que falara com os meninos e fora em seguida preparar a refeição. Ninomiya, que disse que chegaria em dez minutos, não tinha aparecido ainda.
Esse prato era rápido e fácil de fazer, além de muito gostoso. Com um vinho tinto seco então, ficava ainda melhor!
Enquanto preparava tudo, o bilhete de Yui não saía de sua cabeça. Será que ela estava terminando tudo? Pelo jeito ela tomara uma decisão – alguma decisão – antes dele próprio. Mas, ao que parece, a possibilidade daquele bilhete significar o fim do namoro deles não estava afetando-o tanto quanto era de se esperar.
Claro que ele ficara surpreso, até mesmo muito surpreso, mas mesmo assim ele não ficara propriamente triste. Só se sentiu frustrado por não ter ele mesmo decidido alguma coisa e falado decentemente com ela antes dela viajar. Contudo, não podia evitar sentir certa expectativa e até mesmo felicidade. Se ele não estivesse mais com Yui, teria uma chance de ele conseguir se acertar com a Karoru-chan. Por um instante, ele se esqueceu completamente que a distância entre Brasil e Japão é grande. Muito grande.
No momento em que colocava o espaguete na panela para misturá-lo à manteiga, a campainha tocou. Com pressa para que a manteiga não esfriasse, secando as mãos no avental, ele foi até a porta e a abriu. Nem olhou direito quem era, mas pelo canto do olho viu que era o Riida, antes de voltar correndo para a cozinha.
- OH-CHAN! – ele gritou para o outro, que ficara para trás. – VEM CÁ. TO TERMINANDO O JANTAR. – mexendo o espaguete com uma grande colher de pau. 
- Calma, Matsujun, não precisa gritar que eu não sou surdo, hahaha. – Ohno entrava na cozinha – Estou aqui já – e puxou uma cadeira para se sentar. – O cheiro é bom! O que você está preparando aí?
- Espaguete na manteiga. E vinho.
- É um jantar! Só para nós dois? – Ohno piscou o olho para o mais novo, com um sorriso maroto, de um jeito conspirador.
- Claro que não! Baka! – Jun riu, enquanto colocava o espaguete na vasilha de inox e espalhava aqui e ali as folhas de manjericão. – Eu chamei os outros também.
Cobriu a vasilha com papel filme e a guardou no forno. Em seguida, tirou o avental, o dobrou e guardou na gaveta do armário. Abriu a porta da repartição onde ficavam os pratos.
- Vamos, me ajude a arrumar a mesa, Oh-chan! Tomara que eles não cheguem muito tarde. Massa requentada é horrível!
Quando ele disse isso, ouviu-se outro toque na campainha. Na verdade, outros toques, como se alguém estivesse musicando. Ele já viu tudo! Só podia ser...
- Aiba-chan!!! Pare com isso!!! Estamos num prédio, esqueceu? Eu tenho vizinhos em todos os lados – Jun abriu a porta, com o olhar um pouco irritado.
- Ah, Jun-chan, eu nem fiz muito barulho. Para você de ser chato!
Antes de Jun fechar novamente a porta, Nino e Sho apareceram seguindo pelo corredor.
- Yo! – Sho gritou, apressando o passo e puxando Nino consigo.
- Vocês vieram juntos?
- Não – foi Nino que respondeu. – Nos encontramos na entrada do prédio. A janta ta pronta, Jun-pon?
- Hahaha! – Jun deu um tapinha de leve no ombro do amigo e fechou a porta. – Hai! Vocês chegaram bem na hora! Vamos comer logo pra não esfriar!
- Hummm, que cheiro bom Jun-chan! - Aiba comentou - Eu fiz um lanche agora há pouco, mas to achando que vou jantar, comer um pouquinho do que quer que seja que você vez.
- O que é Jun-pon? – Nino já se encaminhava para a copa. – Realmente tem um cheiro maravilhoso!
- Espaguete na manteiga. – Oh-chan respondeu, colocando os talheres na mesa.
- Pega um vinho no bar, Sho-chan, onegai.
Jun voltou a pegar os pratos, que deixara sobre o balcão para atender a porta. Puxou Aiba consigo para pegar as taças e Sho escolheu uma garrafa de vinho. Nino ficou belamente sentado à mesa.
Quando finalmente Jun trouxe a vasilha da cozinha, todos se sentaram para comer. Ele abriu o vinho e serviu uma porção do espaguete para cada um.  Em seguida, serviu para si próprio e se sentou.
- Jun-chan, você me ligou porque tinha algo pra falar. O que é?
- Depois, Aiba-chan. Agora, vamos comer!
Ao som de uma música calma eles comeram e beberam vinho. Aiba comeu somente aquela porção, afinal já havia jantado. Os outros todos repetiram uma vez, mas Nino repetiu duas. Depois de quarenta minutos, a vasilha estava vazia, assim como a garrafa de vinho.
- Vamos pra sala, minna! – Jun chamou, ficando em pé.  – Lá eu mostro para vocês.
- Mostra o quê? – quis saber Sho.
- Você já vai saber.
Todos se sentaram nos sofás e Matsumoto Jun tirou o bilhete do bolso. Estendeu para Sho, que estava ao seu lado, e este estendeu para Aiba, que entregou para Nino e este para Ohno. Todos leram em silêncio, formando suas próprias considerações sobre o que estava escrito.
- E aí, o que acharam? – Jun perguntou, olhando para cada um por alguns segundos.
- Uhm... – Oh-chan coçou o queixo, pensativo. – Eu acho... que a Yui-chan é mais esperta do que você imagina. 
- Hai! – afirmou Sho – Ficou evidente, por esse bilhete, que ela entendeu algo, ou está prestes a entender.
- Eu sei disso. Indo embora assim, ela antecipou uma decisão minha... mas antes queria ouvir vocês.
- Quer ouvir a gente sobre o que, Jun-chan? – Aiba perguntou, sem entender.
- Eu... ano... acho que ficou claro... droga, não gosto de ter que reconhecer isso!
- Fale, Matsujun – incentivou o líder do Arashi.
Jun se sentiu levemente enrubescido, as bochechas começaram a esquentar. Ele não era assim, não ficava envergonhado à toa. Sempre fora dono de si. Mas, por algum motivo, sentiu uma grande timidez invadi-lo. Por fim, passados alguns minutos, ele disse:
- Ano... acho que todos sabem... que eu sinto alguma coisa pela Karoru-chan, né?
Os quatro concordaram com a cabeça, e Nino disse:
- Você não sente apenas alguma coisa, você está apaixonado pela Karorine-san!
Eu... acho que talvez posso mesmo estar.
- Você só acha, Matsujun? – Oh-chan fez a pergunta, em tom retórico, olhando para o mais novo.
- Matsujun... você está muito triste por que a Yui-chan te deixou? – Aiba questionou.
- Na verdade, acho até que senti certo alívio!
- Nande?
- Porque talvez... eu consiga fazer alguma coisa nesse tempo em que a Karoru-chan ainda ficará no Nihon... sem a Yui por perto.
- Matsujun, como você é insensível! – Sho exclamou.
- Não sou não, Sho-chan. Eu conheço bem a Yui, eu acho, e se ela realmente entendeu, ela não vai querer levar essa relação adiante, pois ela não gosta de ser a segunda, ou ser deixada de lado.
- Mas você já parou pra pensar, Jun-chan – Aiba se manifestou – o quanto a Yui-chan deve estar sofrendo com isso tudo?
- Já pensei nisso sim Aiba-chan. Mas pensa comigo, ela vai sofrer muito mais se continuarmos juntos, mesmo se eu estiver (na hipótese de eu realmente estar) apaixonado pela Karoru-chan.
- Você está, meu amigo – o Riida disse, com olhar complacente.
- É, pensando por esse lado... – Aiba se pôs a refletir por alguns segundos - ... faz sentido o que você disse.
- Demo... Jun... e como fica o caso com Johnny Kitagawa, as fãs e tudo o mais? – foi Sho quem levantou a hipótese - Ninguém vai aceitar fácil que você terminou com a renomada jornalista Uemura Yui para ficar com uma burajirujin, uma plebeia. Nisso você já pensou?
- Não.
- Então pense Jun. Isso precisa ser bem considerado antes de você tomar qualquer decisão. Pense bem. Mas saiba que seja qual for sua decisão, eu irei te apoiar. Somos uma equipe.
- Nós vamos te apoiar – disseram os outros em uníssono.
- Não somos apenas um grupo de artistas, colegas de profissão que por acaso trabalham juntos. Somos amigos uns dos outros. E estivemos juntos sempre, nos acertos e nas burradas de cada um. Vamos continuar juntos. 
- Isso mesmo, Oh-chan – Nino concordou. – Jun-pon, eu pedi uma moça em casamento em menos de uma semana que a conheço. Não duvido que você está realmente apaixonado pela Karorine-san. E você ainda troca cartas com ela há um tempão!
- Mas nunca falamos de romance ou coisa assim nas cartas... demo...
- Nani? – Aiba perguntou, quando Jun ficou em silêncio.
- Demo... teve aquele pingente de chave...
- A chave do coração que ela carrega na correntinha no pescoço... – comentou Sho. – Aliás, hoje fui almoçar naquele meu restaurante favorito e quem eu encontrei? A Karorine-san! Ela estava sozinha, né? Nino levou Débora-san para conhecer sua mãe. Daí, como ela estava sozinha e eu também, almoçamos juntos.
- Majide? – Jun olhava para o amigo. – Ela comentou algo sobre mim?
- Jun-kun, você está parecendo um adolescente apaixonado! Hahaha. Não, ela não falou de você, muito menos eu toquei no assunto, mas reparei de primeira que ela trazia a corrente do coração no pescoço. Acho que ela fica direto com essa corrente, né?
Todos ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo Eyes On Me, da Kanon, que tocava ao fundo. Finalmente Nino disse algo:
- Escutem-me, todos! Eu também quero contar uma coisa, e vou aproveitar essa reuniãozinha que o Jun-pon armou.
- Nino, fica pra próxima, eu tenho que ir. Tem o Zero hoje. – disse Sho, ficando em pé.
- Sho-chan, é rapidinho. Agora são 9h20, prometo que concluirei em dez minutos.
- Trem certeza? – Nino concordo com a cabeça e Sho voltou a se sentar.
- Você também, Nino-chan? – Ohno disse.
- Nino... você ia encontrar sua mãe, né? – lembrou Aiba – E aí, como foi?
- É sobre isso que quero falar.
Nino, que estava sentado no sofá ao lado de Ohno, se levantou. Deu alguns pigarros enquanto decidia exatamente o que dizer. Mas antes que pudesse abrir a boca, este lhe falou:
- Algo saiu errado, Nino? Você apresentou a Débora-san pra sua mãe?
- E para meu pai também. A okaasan chamou o otousan para almoçar.
E ele contou o que tinha acontecido. Relatou as afrontas que seu pai fizera à Débora, da discussão que eles tiveram, de como ele ficara irritado com o pai e de como Débora pareceu ter ficado mal, mesmo querendo se mostrar alegre e normal, como se nada tivesse acontecido.
No fim da história de Nino, ele concluiu dizendo:
- Estou com medo, minna. Medo de quem meu pai tenha assustado a Deb. Medo de que ela desista de mim.
- Ela não vai desistir, Kazu – Ohno disse, ficando em pé em frente ao amigo e segurando firme e carinhosamente seu ombro.
- Não vai mesmo – os outros concordaram.

***
  
Depois que Débora contara toda a história de como tinha sido seu almoço de domingo com a família do noivo; depois de ela pôr em dúvida aquela decisão súbita de casar; depois dela chorar e se lamentar sobre “O que vai ser de mim sem o Kazu?”, ela foi tomar banho.
Caroline dissera para a amiga que ela não precisa “Ficar sem o Kazu”. Se o amava mesmo, devia ficar com ele, e provar ao pai dele o valor que ela tinha. Carol acreditava no poder do amor e nos milagres que ele podia fazer. Das duas, sempre fora a mais romântica. Ela sempre acreditou totalmente na força de um coração sincero. Por isso, não concordava com o fato de a amiga desistir de um amor assim, que não acontece duas vezes, simplesmente porque encontrou algumas dificuldades ao fazer a primeira curva. 
Naquele dia não desceram para jantar. Fizeram pedidos por telefone a um restaurante chinês que tinha perto do hotel e que tinha sido recomendado. Depois que comeram, Dé somente vestiu o pijama e disse que ia dormir, estava com a mente muito carregada, cheia de pensamentos e indecisão e precisava descansar. Carol ficou vendo o resto de um filme na TV por mais meia hora.
Quando desligou o aparelho e apagou o abajur, os pensamentos que evitara ter durante o dia invadiram sua mente, ao fechar os olhos para tentar pegar no sono.
Com os olhos fechados, a imagem que viu por trás das pálpebras foi a de Matsumoto Jun lhe sorrindo e pedindo para ela ficar. Achou que ia desfalecer quando ele pronunciou as palavras “promete, por mim”. Foi o que fez ir embora qualquer resquício de dúvida que ela tinha em ficar até a data pré-marcada no Nihon. Ele, com aquele belo sorriso, mostrando os dentes brilhantes de tão brancos, sempre que olhasse para ela naquela semana, dificilmente teria algum pedido negado. Carol teria que ter muita força de vontade para se manter firme.
Ela se perguntava o que faria no dia seguinte, se o encontrasse. Na verdade, o que faria da próxima vez que o visse. Sabia que precisava ter juízo, e não se entregar completamente a uma paixão que ela sabia que estava fadada ao fracasso. O vôo para o Brasil era no próximo sábado à noite e ela não podia mudar isso. Nem que quisesse.
Porque as férias acabavam na terça-feira, e ela chegaria em casa na segunda. Então, teria que trabalhar novamente. Não era independente como Débora. Morava com os pais e com seu salário, precisava ajudar em casa e, além disso, sua faculdade terminaria somente no próximo ano. Faltara toda a semana anterior e faltaria também essa que entrava, aproveitando as semanas antes das provas. Mas não poderia faltar mais, pois a primeira prova seria na segunda mesmo, à noite.
Ter que se separar do Jun fazia doer seu coração. Ela aconselhara a amiga a não desistir tão fácil de um amor, mas era o que ela estava disposta a fazer. Como iria se prender a ele, um homem comprometido, e além do mais, completamente fora da sua realidade? Ela era uma moça normal, como qualquer outra, estudante, que trabalhava de sol a sol e ganhava muito menos do que ele. Não nascera para namorar um superstar.
Quando ele escreveu na carta que estava namorando Uemura Yui, ela, apesar de sentir já naquele tempo uma ponta de ciúmes, mas não admitir nem para si mesma, ficou maravilhada. Afinal, ela era uma jornalista reconhecida e Carol sempre lia na internet as matérias que ela escrevia, muitas sobre o Arashi. Mas Carol nunca desconfiara que seria possível Uemura namorar algum deles.
Foi pensando nisso que, aos poucos, seu raciocínio começou a falhar e, dentro de alguns minutos, seus olhos se fecharam e ela adormeceu, para acordar somente na manhã seguinte.