Na terça-feira, o Arashi
passaria o dia ocupado com seus compromissos rotineiros e a preparação para os
demais shows da tour, que continuaria somente dali a duas semanas. Os
concertos em Fukuoka, que se prolongariam por três dias, eram os últimos e
aconteceriam de sexta-feira a domingo.
Matsumoto Jun ligou para
Caroline por volta das 10h, no intervalo entre as reuniões com os cinco membros
e Johnny Kitagawa. Ela disse que estavam ainda fazendo o desjejum e planejavam
explorar um pouco a cidade. Jun disse que tinha compromissos o dia todo e não
poderia acompanhá-las.
- É claro! Afinal, não viemos
aqui para passar 24 horas com vocês, pois sabemos que têm compromissos. – Carol
falou.
Débora olhou para ela e
concordou. Ela ainda estava meio abalada com o que acontecera no dia anterior,
mas decidiu fazer como a amiga sugerira e conquistar o pai do Kazu. Afinal, se
antes ela dissera para Caroline que estava disposta a enfrentar seus pais se
eles fossem contra o casamento, por que não enfrentar o dele? Mas ela não sabia
muito bem como podia fazer isso, ela ainda tinha que conversar com Kazu para
poderem pensar muito bem sobre o casamento no Brasil. Ficara evidente que o senhor
Ninomiya não gostara da ideia e se o casamento fosse lá, provavelmente ele nem
iria.
Carol ficou meio sem
jeito, mas como falava no celular com
Jun, ela se sentiu um pouco mais à vontade e até sorriu. Disse que iriam se
virar bem por um dia e ele pediu desculpas por ser tão péssimo anfitrião. Ao
que ela respondeu:
- Fique tranquilo, faça
seu trabalho direitinho e nós vamos conseguir nos virar. Não se preocupe
conosco – e ela tapou o bocal e disse para a amiga - Né, Dé? – e voltando a
falar no celular – Pode ficar sossegado, hontou
ni. Ano... o Nino está aí com
você?
Nesse momento, Débora deu
um cutucão no braço de Carol e, largando o pedaço de tofu no prato sobre a
mesa, fez um sinal de silêncio, pondo o dedo sobre os lábios, enfaticamente. A
outra simplesmente sacudiu a cabeça negativamente e continuou falando:
- Então, quando ele
estiver por aí, peça para ele ligar, por favor, pois ele e a Débora precisam
conversar.
- Hai!
Carol fechou o aparelho e
o deixou na mesa, voltando novamente a atenção para o tamagoyaki a sua frente.
Colocando um pedaço na boca, disse para Débora, que ficara meio emburrada por
causa do que ela dissera ao telefone:
- Você precisa mesmo
conversar com ele, não é? Só te fiz um favor. Desfaça esse bico, Dé!
- Mas você não precisava
ter dito para ele me ligar. Eu ia acabar ligando para ele, mas depois de
aproveitarmos nosso dia.
- Ok então. – Carol
continuou comendo.
Alguns minutos depois, o
celular de Débora tocou:
- Moshi-moshi. Kazu, é você?
- Hai! Ohayou, minha linda!
- Uhm... ohayou – ela pôs casualmente um pedaço
de tamagoyaki na boca.
- O Matsujun disse que
falou com a Karorine-san e ela
me pediu para ligar. Mas de qualquer forma eu ia ligar. Ontem você ficou
chateada comigo, Deb?
- Onde você está?
- No banheiro, para
ninguém ficar de orelha em pé prestando atenção na conversa.
Caroline olhava a amiga,
enquanto comia. De repente, o olhar de Débora, que estivera leve desde que
acordara, ficou preocupado.
- Uhm... bom... – depois
de alguns segundos em silêncio, ela voltou a falar – Não fiquei chateada com
você, meu amor, por que ficaria?
Débora se levantou e foi
em direção ao saguão.
- Ei! – Carol falou,
erguendo um pouco a voz para a outra, que já se afastava e parou quando a ouviu
– Onde você vai?
Débora tapou o bocal do
telefone e, virando-se para Carol, respondeu:
- Vou ali no hall.
Preciso de um pouco de privacidade.
- Nossa, valeu pela
consideração Dé!
- Não é por sua causa –
Débora fez um gesto discreto para indicar todas as pessoas, talvez umas dez,
contando hóspedes e funcionários – Depois te conto tudo.
- Ok.
Débora seguiu para o hall
e Caroline terminou seu café da manhã sozinha. Resolveu subir para o quarto e
ir se preparando, já que ela imaginava que iam sair para dar um “passeio de
turista”. Seria sua segunda exploração turística, mas seria a primeira de Dé.
Carol passou por onde a
amiga estava sentada falando ao telefone e fez um gesto para o elevador,
dizendo somente com o movimento dos lábios “Te espero lá em cima”.
Ela seguiu então para o
elevador. Quando chegou ao quarto, antes mesmo de fazer a higiene pessoal, se
jogou na cama e refletiu por alguns minutos sobre a curta conversa que tivera
com Matsujun. Ele fora tão atencioso ao ligar e Carol percebeu, nas primeiras palavras
que ele disse, certo grau de ansiedade e, quem sabe, algum nervosismo também,
como se ele estivesse tão sem jeito quanto ela. Por que ele estava assim? Ela
olhava para o teto, segurando o coração que pendia da corrente em seu pescoço e
sorrindo, ao lembrar mais uma vez do sorriso dele.
Aquela chave, agora ela
sabia sem sombra de dúvidas, Carol mandara para Jun há tanto tempo, pois só ele
poderia abrir seu coração, e já o abrira, mesmo sem saber. Estava ali dentro
desde quando? Ela não sabia... mas tinha certeza que em algum momento, durante
esses anos em que trocaram cartas, ou naquela única semana que passara com ele,
aconteceu.
Não sabia ao certo o que
a motivara a entregar aquela chave a ele, sendo que tal chave tinha um
significado tão importante. Simplesmente, ela enviara impulsivamente, pois
naquele momento já estava apaixonada, embora fosse somente uma paixão de fã. Ao
menos, ela pensava assim, pois durante esse tempo, ela tivera algum interesse
por um ou dois rapazes, mas não se envolvera com ninguém.
Ela sempre achara
superficial o sentimento que algumas fãs mundo afora nutriam. Choravam nos
shows, faziam escândalo, espalhavam fofocas, eram possessivas e egoístas. E fanáticas. Diziam que amavam tal e tal
cantor, mas Carol via que muitas delas somente tinham amor por uma imagem, por
algo que elas sequer conheciam. E agora, pensando em si própria, ela viu que
também tivera esse amor, no começo. Desde a primeira carta, esse amor era de
fã, uma coisa mais platônica e irreal, e ela sequer supunha que um dia a coisa
ia mudar de figura.
Quando soube que ele
estava namorando, ficou realmente feliz, mas algo dentro dela reclamou e ela se
lembrou da chave. Ficara com vergonha de responder o verdadeiro significado
daquilo quando ele perguntou em uma carta, mas por um momento lhe ocorreu que
ele podia ter se esquecido do presente, e isso a fez se sentir um pouco triste.
Perguntou para si mesmo se a Uemura Yui teria também dado a ele uma chave e se
ela sabia da chave que Jun já tinha.
Carol sabia que, enquanto
carregasse aquele colar no pescoço, estaria presa a Jun, mesmo que ele jogasse
a chave fora, pois olhar para ele, depois de tudo que acontecera aqueles dias,
era lembrar-se de Jun. Então, tinha que se preparar para abandonar aquela
corrente com o coração quando finalmente fosse embora do Nihon.
Sua mãe não gostaria
muito disso, afinal dera a ela aquela corrente e os pingentes cheios de
significados para que Carol entregasse a chave de seu coração a alguém
importante para ela, alguém que realmente a amasse. Esse alguém não podia ser
um idol, alguém que era tão inalcançável quanto Matsumoto Jun. Mas se
preocuparia com dona Marta quando chegasse no Brasil. Só sabia que não podia
mais ficar com a corrente.
Decidiu que, como aquele
coração e aquela chave se encaixavam perfeitamente e pertenciam um ao outro,
deixaria a corrente em seu pescoço com o Matsujun no sábado antes de partir.
Ele saberia o que fazer. Poderia dar a chave a Yui, se quisesse.
- Yosh! – levantando-se de um salto e indo em direção ao banheiro.
Mas, por mais que Carol
tivesse decidido o que fazer, seu coração começou a doer enquanto colocava
creme dental na escova. A sensação que tinha era que ia desmoronar. Sentiu as
lágrimas inundarem seus olhos e antes que pudesse levar a escova à boca, já estava
chorando.
- BAKA! – gritou para si
mesma em frente ao espelho, já escovando os dentes e as lágrimas se misturando
com a espuma.
Nesse momento, Débora
chegou ao quarto e a viu num estado lamentável, com a boca cheia da espuma do
creme dental, as bochechas lambuzadas de lágrimas e os olhos vermelhos.
- Ih!!! O que foi dessa
vez, dona Caroline?
Carol olhou para a amiga
e balançou a cabeça. Tentou dizer “Não foi nada”, mas tudo o que saiu foi um
resmungo. Ela se virou para a pia e cuspiu. Enxaguou a boca e secou na toalha,
ainda com algumas lágrimas escorrendo.
- Não foi... nada... –
dessa vez, ela consegui dizer com clareza.
- Não foi nada?? Conta
outra, Carol! Por que está chorando desse jeito então? Estávamos lá embaixo até
agorinha e você estava ótima!
- Depois eu conto – Carol
secou as lágrimas com as costas das mãos e jogou água no rosto.
- Por que não agora?
- Para não estragar nosso
passeio. – secando o rosto na toalha. – Mas me conta você. O que o Nino disse?
- Sobre?
- Como sobre? Sobre
ontem, sei lá...
- Ah! – Débora sentou na
cama – Me conta primeiro porque você estava chorando.
- Esqueça isso por
enquanto, está bem? Agora, diz você o que vocês dois conversaram. – Carol
estava parada na porta do banheiro, com as mãos na cintura.
- Eu conto. Mas vamos
sair primeiro? Já são quase 11h! – levantando-se com a bolsa já pendurada no
ombro.
- Vamos, é claro! Mas por
favor, né, vamos visitar lugares diferentes, não quero ver a mesma coisa que vi
ontem. – Carol também pegou sua bolsa, checou se todos os documentos, celular e
carteira com dinheiro e os cartões de crédito, além da câmera digital, estavam
dentro.
- Vamos logo então, não
se demore muito, Carol! – Débora, que já estava em pé na porta do quarto,
voltou até ela e a puxou pelo braço, rindo.
- Estou indo! – Carol riu
também. Já não era possível dizer que há alguns minutos apenas ela estava
chorando.
As duas foram de táxi até
o centro comercial, que Carol não visitara no dia anterior. Andaram por algumas
lojas, viram mil cores e belezas. Para elas, era tudo festa, mas Tóquio
movia-se como qualquer cidade grande no início da semana. Ainda não estava no
horário do almoço e muitos restaurantes ainda estavam fechados para o público.
Viam-se executivos engravatados andando apressados para um lado e para o outro,
grupos de mulheres entrando e saindo das lojas com sacolas de compras, jovens
que não tinham ido à escola vagavam pelas calçadas, o movimento dos carros era
grande, ouviam-se as buzinas constantes e em todos os lugares grandes cartazes
e outdoors tomavam conta da visão.
Andaram por mais de uma
hora, e ambas esqueceram um pouco os problemas tirando muitas fotos, fazendo
compras e conhecendo coisas novas. Quando finalmente decidiram descansar antes
do almoço, escolheram uma praça não muito movimentada e se sentaram num banco,
ouvindo um tocador de violão que reunia alguns espectadores em volta de si.
Caroline sentou-se de
lado, dobrou os joelhos, ergueu parcialmente as penas e as segurou com a mão
esquerda, enquanto com a direita, apoiava a cabeça no encosto do banco.
Perguntou:
- Dé, me diz, o que você
e o Nino conversaram? Não vai me contar?
- Conto sim, mas depois
temos que ir almoçar, que já estou ficando com fome.
- Ta falando igual ao
Nino já, hahahaha!
- Hahahaha! Vamos naquele
restaurante! – Débora indicou com a mão um restaurante na esquina, que acabara
de abrir – Tinha até gente esperando abrirem a porta, deve ser bom! E é um
restaurante italiano, então lá deve ter garfo e faca, hahaha.
- Sim, sim. Mas me conte.
- Calma! – ela se sentou
na mesma posição de Carol. – Por que quer tanto saber? Deve estar querendo
fugir da raia né? Você sabe que tem que me explicar direitinho o motivo de suas
lágrimas, hein, dona moça! Hahaha!
- Eu sei. – rindo também.
E Débora contou o que
falara com Nino. Primeiro, a conversa não durara mais que quinze minutos,
afinal ele tinha uma reunião às 10h30. Tinham conversado basicamente sobre o
ocorrido no dia anterior, e ele disse que estava com medo de que ela desistisse
depois das afrontas que ouvira. Débora garantiu que não ia desistir, embora
tivesse pensado nisso segunda à noite, mas ponderou melhor, refletiu bem, ouviu
conselhos de Caroline também e decidiu que o melhor a fazer era conquistar o
sogro.
Nino foi enfático ao
afirmar que não era necessário conquistar ninguém, que ele não fazia questão
nenhuma, mas Débora fazia questão sim e se manteve firme. Por fim, depois de
alguns minutos de discussão, Kazunari simplesmente aceitou a posição dela e
disse que, como sua noiva e dona de seu coração, Débora tinha todo o direito de
fazer o que quisesse, afinal ela seria sua esposa logo.
- Foi assim mesmo que ele
disse? Dona do seu coração? Que lindo!
- Sim, sim, eu fiquei
toda derretida quando ele disse isso. O Kazu também disse que vai falar amanhã
de manhã com o Kitagawa-san sobre casarmos no Brasil.
- Ih, será que ele vai
deixar, Dé?
- Não sei, mas eu falei
que eu até me casaria aqui pelo pai dele, se meus pais não se recusarem a vir
para o Nihon. Se o Kitagawa-san
também quiser que o casamento aconteça aqui, então não terá outro jeito.
- Mas Dé, você ficou tão
empolgada com o casamento lá.
- Sim, eu fiquei, mas de
qualquer forma... eu pensei muito.
- Quando? Ontem, depois
que a gente conversou, você tomou banho, nós jantamos e não falamos mais nisso,
e você dormiu cedo.
- Na banheira ontem
mesmo, logo depois que falei com você. Além disso, eu dormi cedo, mas não
consegui dormir muito. Acordei no meio da noite chorando, não conseguia tirar
as coisas que aconteceram com os pais do Kazu da minha cabeça. Sonhei que eu
tinha ido embora e ele tinha ficado e a gente nunca mais se viu, e depois de um
tempo, fiquei sabendo que ele conheceu outra pessoa e casou com ela. Nesse
momento, senti uma dor muito maior do que todas as dores que já senti até hoje.
Percebi que não consigo mais viver sem ele. Pensei que, mesmo me casando aqui,
eu estarei feliz.
Débora abriu o primeiro
sorriso completamente sincero e genuíno daquele dia. Carol se aproximou dela e
a abraçou, emocionada. Vendo a felicidade da amiga, ficou realmente feliz. E só
então percebeu o que se casar no Nihon
significava. Débora não mais voltaria para o Brasil, nem mesmo dali a alguns
meses, para o casamento.
- Dé – Carol se afastou
do abraço e a olhou nos olhos – então você não vai voltar? E eu? A gente não vai
mais se ver?
- É claro que a gente vai
se ver. Se, e somente se eu for mesmo me casar aqui, é claro que você
será minha convidada de honra! Além o mais, o Brasil é longe do Japão, mas
ainda assim ambos os países estão no mesmo planeta.
- Mas Dé... eu não tenho
mais dinheiro pra vir novamente pra cá já no início do ano que vem.
- Carol – Débora segurou
as mãos da amiga entre as suas – Pare de se preocupar, ok? Ainda não devemos
pensar nisso. A princípio, eu vou mesmo me casar no Brasil. Agora – levantando-se
e puxando a outra consigo – vamos comer!
O restaurante estava bem
cheio. Já era quase 1h da tarde quando entraram, mas ainda tinha meses vagas.
Fizeram os pedidos e, enquanto esperavam os pratos chegar, Carol começou a
contar porque estivera chorando.
Foi difícil colocar em
palavras os motivos, e pela primeira vez, ela reconheceu para alguém, além de
si mesma, que estava apaixonada. Débora riu quando a amiga confessou isso, com
as bochechas coradas de vergonha e a cabeça baixa. Comentou, rindo:
- Viu? Eu disse que você
estava caidinha pelo Jun!! E ele nem precisou ir para o casamento no Brasil!
- Shhhh! Não faça tanto
barulho e me deixa falar.
E ela continuou falando.
Falou sobre o que sentira no dia anterior, quando ele pediu para que ela
ficasse, e como chegara à conclusão de que o amava. Quando o garçom trouxe os
dois pratos de espaguete à carbonara, Carol fez menção de interromper para que
as duas pudessem almoçar, mas Débora disse que ela podia falar enquanto comiam.
- É ruim Dé! Assim não
vou conseguir comer direito.
- Ok então. Primeiro a
gente come, mas você falou, falou e não disse por que chorava quando eu entrei
no quarto hoje de manhã.
***
Depois de Caroline abrir
seu coração para Débora, e antes que ela começasse novamente a chorar, deixaram
o restaurante e voltaram ao banco da praça, onde podiam ter um pouco mais de
privacidade, pois mesmo com os pedestres, ninguém parava pra escutar a conversa
de duas desconhecidas, ainda por cima duas gaijins que falavam outra língua.
Sentaram-se novamente uma
de frente para a outra e Débora pegou a mão da amiga, segurando-a pousada em
seu colo.
- Então é isso que você
decidiu, Carol? Vai dar a ele o coração também e fingir que nada aconteceu
quando voltar ao Brasil?
- Ah Dé! – Carol apertou
a mão que segurava a sua – Não dá pra fingir, né? Mas eu vou tentar, né?
- Você acha mesmo que é a
melhor solução? Ontem mesmo você me disse que eu não posso desistir tão fácil
de um amor, mas está abrindo mão do seu.
- E tem outro jeito?
Somos completamente diferentes, eu e ele. Moramos em países diferentes, vivemos
em duas realidades distintas! Além do mais, eu não fui pedida em casamento como
você foi.
- E se o Jun te pedisse?
Você aceitaria, Carol?
- Não, eu não aceitaria
nada! Ele tem namorada. Eu só disse isso pra te fazer entender que as nossas
situações, minha e sua, não têm nada a ver uma com a outra. E eu também faço
faculdade... e tem meus pais... meu emprego...
- São desculpas para
convencer a si mesma. Se ele pedisse, você ficaria?
- Ele já pediu, eu já
fiquei.
- Não desse jeito!
- De que jeito então?
- Eu estou falando, se
ele pedisse pra você ficar de verdade.
- Isso é impossível Dé!
- Mas você ficaria?
- Eu não sei. De qualquer
forma, ele não pediu, não é? Não vou ficar pensando nisso. Já dói demais sem
ter falsas esperanças...
Os olhos de Carol se encheram
de lágrimas e ela sentiu que ia chorar de novo. Aquilo realmente doía. Não
queria se apaixonar, ainda mais tão longe de casa. E agora, já estava
apaixonada, mas era um amor impossível.
Débora se aproximou ainda
mais da amiga e a abraçou, fazendo com que as primeiras lágrimas de Carol
caíssem e molhassem sua blusa. Segurando gentilmente a cabeça dela, Débora a
embalou como a uma criança, sussurrando o tempo todo “Calma, vai ficar tudo
bem. Você é forte, Carol. Vai dar tudo certo, você vai ver”.
O choro durou uns dez
minutos e então Caroline se soltou dos braços da amiga, secou os olhos e forçou
um sorriso. Ainda com a voz meio entrecortada, disse:
- Dé... já chega... eu
não quero mais... chorar. Vamos continuar o passeio.
- Tem certeza? – Débora
se afastou um pouco e sentou-se, olhando para o mesmo tocador de antes.
- Tenho. Eu decidi ficar
até sábado, mesmo sabendo que teria sido melhor se eu tivesse ido embora.
Quando eu me encontrar com o Matsujun novamente, não posso chorar.
- É verdade. Então, vamos
continuar!
As duas ficaram em pé ao
mesmo tempo e começaram a andar calmamente, atravessando a praça a fim de
fotografar um monumento no centro dela. Novamente, a aparência de Carol mudou
tão rápido que nem parecia que há apenas alguns minutos ela estava chorando
copiosamente. Contudo, Débora sabia que interiormente ela estava sofrendo.
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