E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 28


Na terça-feira, o Arashi passaria o dia ocupado com seus compromissos rotineiros e a preparação para os demais shows da tour, que continuaria somente dali a duas semanas. Os concertos em Fukuoka, que se prolongariam por três dias, eram os últimos e aconteceriam de sexta-feira a domingo.
Matsumoto Jun ligou para Caroline por volta das 10h, no intervalo entre as reuniões com os cinco membros e Johnny Kitagawa. Ela disse que estavam ainda fazendo o desjejum e planejavam explorar um pouco a cidade. Jun disse que tinha compromissos o dia todo e não poderia acompanhá-las.
- É claro! Afinal, não viemos aqui para passar 24 horas com vocês, pois sabemos que têm compromissos. – Carol falou.
Débora olhou para ela e concordou. Ela ainda estava meio abalada com o que acontecera no dia anterior, mas decidiu fazer como a amiga sugerira e conquistar o pai do Kazu. Afinal, se antes ela dissera para Caroline que estava disposta a enfrentar seus pais se eles fossem contra o casamento, por que não enfrentar o dele? Mas ela não sabia muito bem como podia fazer isso, ela ainda tinha que conversar com Kazu para poderem pensar muito bem sobre o casamento no Brasil. Ficara evidente que o senhor Ninomiya não gostara da ideia e se o casamento fosse lá, provavelmente ele nem iria.
Carol ficou meio sem jeito, mas como falava no celular com Jun, ela se sentiu um pouco mais à vontade e até sorriu. Disse que iriam se virar bem por um dia e ele pediu desculpas por ser tão péssimo anfitrião. Ao que ela respondeu:
- Fique tranquilo, faça seu trabalho direitinho e nós vamos conseguir nos virar. Não se preocupe conosco – e ela tapou o bocal e disse para a amiga - Né, Dé? – e voltando a falar no celular – Pode ficar sossegado, hontou ni. Ano... o Nino está aí com você?
Nesse momento, Débora deu um cutucão no braço de Carol e, largando o pedaço de tofu no prato sobre a mesa, fez um sinal de silêncio, pondo o dedo sobre os lábios, enfaticamente. A outra simplesmente sacudiu a cabeça negativamente e continuou falando:
- Então, quando ele estiver por aí, peça para ele ligar, por favor, pois ele e a Débora precisam conversar.
- Hai!
Carol fechou o aparelho e o deixou na mesa, voltando novamente a atenção para o tamagoyaki a sua frente. Colocando um pedaço na boca, disse para Débora, que ficara meio emburrada por causa do que ela dissera ao telefone:
- Você precisa mesmo conversar com ele, não é? Só te fiz um favor. Desfaça esse bico, Dé!
- Mas você não precisava ter dito para ele me ligar. Eu ia acabar ligando para ele, mas depois de aproveitarmos nosso dia.
- Ok então. – Carol continuou comendo.
Alguns minutos depois, o celular de Débora tocou:
- Moshi-moshi. Kazu, é você?
- Hai! Ohayou, minha linda!
- Uhm... ohayou – ela pôs casualmente um pedaço de tamagoyaki na boca.
- O Matsujun disse que falou com a Karorine-san e ela me pediu para ligar. Mas de qualquer forma eu ia ligar. Ontem você ficou chateada comigo, Deb?
- Onde você está?
- No banheiro, para ninguém ficar de orelha em pé prestando atenção na conversa.
Caroline olhava a amiga, enquanto comia. De repente, o olhar de Débora, que estivera leve desde que acordara, ficou preocupado.
- Uhm... bom... – depois de alguns segundos em silêncio, ela voltou a falar – Não fiquei chateada com você, meu amor, por que ficaria?
Débora se levantou e foi em direção ao saguão.
- Ei! – Carol falou, erguendo um pouco a voz para a outra, que já se afastava e parou quando a ouviu – Onde você vai?
Débora tapou o bocal do telefone e, virando-se para Carol, respondeu:
- Vou ali no hall. Preciso de um pouco de privacidade.
- Nossa, valeu pela consideração Dé!
- Não é por sua causa – Débora fez um gesto discreto para indicar todas as pessoas, talvez umas dez, contando hóspedes e funcionários – Depois te conto tudo.
- Ok.
Débora seguiu para o hall e Caroline terminou seu café da manhã sozinha. Resolveu subir para o quarto e ir se preparando, já que ela imaginava que iam sair para dar um “passeio de turista”. Seria sua segunda exploração turística, mas seria a primeira de Dé.
Carol passou por onde a amiga estava sentada falando ao telefone e fez um gesto para o elevador, dizendo somente com o movimento dos lábios “Te espero lá em cima”.
Ela seguiu então para o elevador. Quando chegou ao quarto, antes mesmo de fazer a higiene pessoal, se jogou na cama e refletiu por alguns minutos sobre a curta conversa que tivera com Matsujun. Ele fora tão atencioso ao ligar e Carol percebeu, nas primeiras palavras que ele disse, certo grau de ansiedade e, quem sabe, algum nervosismo também, como se ele estivesse tão sem jeito quanto ela. Por que ele estava assim? Ela olhava para o teto, segurando o coração que pendia da corrente em seu pescoço e sorrindo, ao lembrar mais uma vez do sorriso dele. 
Aquela chave, agora ela sabia sem sombra de dúvidas, Carol mandara para Jun há tanto tempo, pois só ele poderia abrir seu coração, e já o abrira, mesmo sem saber. Estava ali dentro desde quando? Ela não sabia... mas tinha certeza que em algum momento, durante esses anos em que trocaram cartas, ou naquela única semana que passara com ele, aconteceu.
Não sabia ao certo o que a motivara a entregar aquela chave a ele, sendo que tal chave tinha um significado tão importante. Simplesmente, ela enviara impulsivamente, pois naquele momento já estava apaixonada, embora fosse somente uma paixão de fã. Ao menos, ela pensava assim, pois durante esse tempo, ela tivera algum interesse por um ou dois rapazes, mas não se envolvera com ninguém.
Ela sempre achara superficial o sentimento que algumas fãs mundo afora nutriam. Choravam nos shows, faziam escândalo, espalhavam fofocas, eram possessivas e egoístas. E fanáticas. Diziam que amavam tal e tal cantor, mas Carol via que muitas delas somente tinham amor por uma imagem, por algo que elas sequer conheciam. E agora, pensando em si própria, ela viu que também tivera esse amor, no começo. Desde a primeira carta, esse amor era de fã, uma coisa mais platônica e irreal, e ela sequer supunha que um dia a coisa ia mudar de figura.
Quando soube que ele estava namorando, ficou realmente feliz, mas algo dentro dela reclamou e ela se lembrou da chave. Ficara com vergonha de responder o verdadeiro significado daquilo quando ele perguntou em uma carta, mas por um momento lhe ocorreu que ele podia ter se esquecido do presente, e isso a fez se sentir um pouco triste. Perguntou para si mesmo se a Uemura Yui teria também dado a ele uma chave e se ela sabia da chave que Jun já tinha.
Carol sabia que, enquanto carregasse aquele colar no pescoço, estaria presa a Jun, mesmo que ele jogasse a chave fora, pois olhar para ele, depois de tudo que acontecera aqueles dias, era lembrar-se de Jun. Então, tinha que se preparar para abandonar aquela corrente com o coração quando finalmente fosse embora do Nihon.
Sua mãe não gostaria muito disso, afinal dera a ela aquela corrente e os pingentes cheios de significados para que Carol entregasse a chave de seu coração a alguém importante para ela, alguém que realmente a amasse. Esse alguém não podia ser um idol, alguém que era tão inalcançável quanto Matsumoto Jun. Mas se preocuparia com dona Marta quando chegasse no Brasil. Só sabia que não podia mais ficar com a corrente.
Decidiu que, como aquele coração e aquela chave se encaixavam perfeitamente e pertenciam um ao outro, deixaria a corrente em seu pescoço com o Matsujun no sábado antes de partir. Ele saberia o que fazer. Poderia dar a chave a Yui, se quisesse.
- Yosh! – levantando-se de um salto e indo em direção ao banheiro.
Mas, por mais que Carol tivesse decidido o que fazer, seu coração começou a doer enquanto colocava creme dental na escova. A sensação que tinha era que ia desmoronar. Sentiu as lágrimas inundarem seus olhos e antes que pudesse levar a escova à boca, já estava chorando.
- BAKA! – gritou para si mesma em frente ao espelho, já escovando os dentes e as lágrimas se misturando com a espuma.
Nesse momento, Débora chegou ao quarto e a viu num estado lamentável, com a boca cheia da espuma do creme dental, as bochechas lambuzadas de lágrimas e os olhos vermelhos.
- Ih!!! O que foi dessa vez, dona Caroline?
Carol olhou para a amiga e balançou a cabeça. Tentou dizer “Não foi nada”, mas tudo o que saiu foi um resmungo. Ela se virou para a pia e cuspiu. Enxaguou a boca e secou na toalha, ainda com algumas lágrimas escorrendo.
- Não foi... nada... – dessa vez, ela consegui dizer com clareza.
- Não foi nada?? Conta outra, Carol! Por que está chorando desse jeito então? Estávamos lá embaixo até agorinha e você estava ótima!
- Depois eu conto – Carol secou as lágrimas com as costas das mãos e jogou água no rosto.
- Por que não agora?
- Para não estragar nosso passeio. – secando o rosto na toalha. – Mas me conta você. O que o Nino disse?
- Sobre?
- Como sobre? Sobre ontem, sei lá...
- Ah! – Débora sentou na cama – Me conta primeiro porque você estava chorando.
- Esqueça isso por enquanto, está bem? Agora, diz você o que vocês dois conversaram. – Carol estava parada na porta do banheiro, com as mãos na cintura.
- Eu conto. Mas vamos sair primeiro? Já são quase 11h! – levantando-se com a bolsa já pendurada no ombro.
- Vamos, é claro! Mas por favor, né, vamos visitar lugares diferentes, não quero ver a mesma coisa que vi ontem. – Carol também pegou sua bolsa, checou se todos os documentos, celular e carteira com dinheiro e os cartões de crédito, além da câmera digital, estavam dentro.
- Vamos logo então, não se demore muito, Carol! – Débora, que já estava em pé na porta do quarto, voltou até ela e a puxou pelo braço, rindo.
- Estou indo! – Carol riu também. Já não era possível dizer que há alguns minutos apenas ela estava chorando.
As duas foram de táxi até o centro comercial, que Carol não visitara no dia anterior. Andaram por algumas lojas, viram mil cores e belezas. Para elas, era tudo festa, mas Tóquio movia-se como qualquer cidade grande no início da semana. Ainda não estava no horário do almoço e muitos restaurantes ainda estavam fechados para o público. Viam-se executivos engravatados andando apressados para um lado e para o outro, grupos de mulheres entrando e saindo das lojas com sacolas de compras, jovens que não tinham ido à escola vagavam pelas calçadas, o movimento dos carros era grande, ouviam-se as buzinas constantes e em todos os lugares grandes cartazes e outdoors tomavam conta da visão.
Andaram por mais de uma hora, e ambas esqueceram um pouco os problemas tirando muitas fotos, fazendo compras e conhecendo coisas novas. Quando finalmente decidiram descansar antes do almoço, escolheram uma praça não muito movimentada e se sentaram num banco, ouvindo um tocador de violão que reunia alguns espectadores em volta de si.
Caroline sentou-se de lado, dobrou os joelhos, ergueu parcialmente as penas e as segurou com a mão esquerda, enquanto com a direita, apoiava a cabeça no encosto do banco. Perguntou:
- Dé, me diz, o que você e o Nino conversaram? Não vai me contar?
- Conto sim, mas depois temos que ir almoçar, que já estou ficando com fome.
- Ta falando igual ao Nino já, hahahaha!
- Hahahaha! Vamos naquele restaurante! – Débora indicou com a mão um restaurante na esquina, que acabara de abrir – Tinha até gente esperando abrirem a porta, deve ser bom! E é um restaurante italiano, então lá deve ter garfo e faca, hahaha.
- Sim, sim. Mas me conte.
- Calma! – ela se sentou na mesma posição de Carol. – Por que quer tanto saber? Deve estar querendo fugir da raia né? Você sabe que tem que me explicar direitinho o motivo de suas lágrimas, hein, dona moça! Hahaha!
- Eu sei. – rindo também.
E Débora contou o que falara com Nino. Primeiro, a conversa não durara mais que quinze minutos, afinal ele tinha uma reunião às 10h30. Tinham conversado basicamente sobre o ocorrido no dia anterior, e ele disse que estava com medo de que ela desistisse depois das afrontas que ouvira. Débora garantiu que não ia desistir, embora tivesse pensado nisso segunda à noite, mas ponderou melhor, refletiu bem, ouviu conselhos de Caroline também e decidiu que o melhor a fazer era conquistar o sogro.
Nino foi enfático ao afirmar que não era necessário conquistar ninguém, que ele não fazia questão nenhuma, mas Débora fazia questão sim e se manteve firme. Por fim, depois de alguns minutos de discussão, Kazunari simplesmente aceitou a posição dela e disse que, como sua noiva e dona de seu coração, Débora tinha todo o direito de fazer o que quisesse, afinal ela seria sua esposa logo.
- Foi assim mesmo que ele disse? Dona do seu coração? Que lindo!
- Sim, sim, eu fiquei toda derretida quando ele disse isso. O Kazu também disse que vai falar amanhã de manhã com o Kitagawa-san sobre casarmos no Brasil.
- Ih, será que ele vai deixar, Dé?
- Não sei, mas eu falei que eu até me casaria aqui pelo pai dele, se meus pais não se recusarem a vir para o Nihon. Se o Kitagawa-san também quiser que o casamento aconteça aqui, então não terá outro jeito.
- Mas Dé, você ficou tão empolgada com o casamento lá.
- Sim, eu fiquei, mas de qualquer forma... eu pensei muito.
- Quando? Ontem, depois que a gente conversou, você tomou banho, nós jantamos e não falamos mais nisso, e você dormiu cedo.
- Na banheira ontem mesmo, logo depois que falei com você. Além disso, eu dormi cedo, mas não consegui dormir muito. Acordei no meio da noite chorando, não conseguia tirar as coisas que aconteceram com os pais do Kazu da minha cabeça. Sonhei que eu tinha ido embora e ele tinha ficado e a gente nunca mais se viu, e depois de um tempo, fiquei sabendo que ele conheceu outra pessoa e casou com ela. Nesse momento, senti uma dor muito maior do que todas as dores que já senti até hoje. Percebi que não consigo mais viver sem ele. Pensei que, mesmo me casando aqui, eu estarei feliz.
Débora abriu o primeiro sorriso completamente sincero e genuíno daquele dia. Carol se aproximou dela e a abraçou, emocionada. Vendo a felicidade da amiga, ficou realmente feliz. E só então percebeu o que se casar no Nihon significava. Débora não mais voltaria para o Brasil, nem mesmo dali a alguns meses, para o casamento.
- Dé – Carol se afastou do abraço e a olhou nos olhos – então você não vai voltar? E eu? A gente não vai mais se ver?
- É claro que a gente vai se ver. Se, e somente se eu for mesmo me casar aqui, é claro que você será minha convidada de honra! Além o mais, o Brasil é longe do Japão, mas ainda assim ambos os países estão no mesmo planeta.
- Mas Dé... eu não tenho mais dinheiro pra vir novamente pra cá já no início do ano que vem.
- Carol – Débora segurou as mãos da amiga entre as suas – Pare de se preocupar, ok? Ainda não devemos pensar nisso. A princípio, eu vou mesmo me casar no Brasil. Agora – levantando-se e puxando a outra consigo – vamos comer!
O restaurante estava bem cheio. Já era quase 1h da tarde quando entraram, mas ainda tinha meses vagas. Fizeram os pedidos e, enquanto esperavam os pratos chegar, Carol começou a contar porque estivera chorando.
Foi difícil colocar em palavras os motivos, e pela primeira vez, ela reconheceu para alguém, além de si mesma, que estava apaixonada. Débora riu quando a amiga confessou isso, com as bochechas coradas de vergonha e a cabeça baixa. Comentou, rindo:
- Viu? Eu disse que você estava caidinha pelo Jun!! E ele nem precisou ir para o casamento no Brasil!
- Shhhh! Não faça tanto barulho e me deixa falar.
E ela continuou falando. Falou sobre o que sentira no dia anterior, quando ele pediu para que ela ficasse, e como chegara à conclusão de que o amava. Quando o garçom trouxe os dois pratos de espaguete à carbonara, Carol fez menção de interromper para que as duas pudessem almoçar, mas Débora disse que ela podia falar enquanto comiam. 
- É ruim Dé! Assim não vou conseguir comer direito.
- Ok então. Primeiro a gente come, mas você falou, falou e não disse por que chorava quando eu entrei no quarto hoje de manhã.

***

Depois de Caroline abrir seu coração para Débora, e antes que ela começasse novamente a chorar, deixaram o restaurante e voltaram ao banco da praça, onde podiam ter um pouco mais de privacidade, pois mesmo com os pedestres, ninguém parava pra escutar a conversa de duas desconhecidas, ainda por cima duas gaijins que falavam outra língua.
Sentaram-se novamente uma de frente para a outra e Débora pegou a mão da amiga, segurando-a pousada em seu colo.
- Então é isso que você decidiu, Carol? Vai dar a ele o coração também e fingir que nada aconteceu quando voltar ao Brasil?
- Ah Dé! – Carol apertou a mão que segurava a sua – Não dá pra fingir, né? Mas eu vou tentar, né?
- Você acha mesmo que é a melhor solução? Ontem mesmo você me disse que eu não posso desistir tão fácil de um amor, mas está abrindo mão do seu.
- E tem outro jeito? Somos completamente diferentes, eu e ele. Moramos em países diferentes, vivemos em duas realidades distintas! Além do mais, eu não fui pedida em casamento como você foi.
- E se o Jun te pedisse? Você aceitaria, Carol?
- Não, eu não aceitaria nada! Ele tem namorada. Eu só disse isso pra te fazer entender que as nossas situações, minha e sua, não têm nada a ver uma com a outra. E eu também faço faculdade... e tem meus pais... meu emprego...
- São desculpas para convencer a si mesma. Se ele pedisse, você ficaria?
- Ele já pediu, eu já fiquei.
- Não desse jeito!
- De que jeito então?
- Eu estou falando, se ele pedisse pra você ficar de verdade.
- Isso é impossível Dé!
- Mas você ficaria?
- Eu não sei. De qualquer forma, ele não pediu, não é? Não vou ficar pensando nisso. Já dói demais sem ter falsas esperanças...
Os olhos de Carol se encheram de lágrimas e ela sentiu que ia chorar de novo. Aquilo realmente doía. Não queria se apaixonar, ainda mais tão longe de casa. E agora, já estava apaixonada, mas era um amor impossível.
Débora se aproximou ainda mais da amiga e a abraçou, fazendo com que as primeiras lágrimas de Carol caíssem e molhassem sua blusa. Segurando gentilmente a cabeça dela, Débora a embalou como a uma criança, sussurrando o tempo todo “Calma, vai ficar tudo bem. Você é forte, Carol. Vai dar tudo certo, você vai ver”.
O choro durou uns dez minutos e então Caroline se soltou dos braços da amiga, secou os olhos e forçou um sorriso. Ainda com a voz meio entrecortada, disse:
- Dé... já chega... eu não quero mais... chorar. Vamos continuar o passeio.
- Tem certeza? – Débora se afastou um pouco e sentou-se, olhando para o mesmo tocador de antes.
- Tenho. Eu decidi ficar até sábado, mesmo sabendo que teria sido melhor se eu tivesse ido embora. Quando eu me encontrar com o Matsujun novamente, não posso chorar.
- É verdade. Então, vamos continuar!
As duas ficaram em pé ao mesmo tempo e começaram a andar calmamente, atravessando a praça a fim de fotografar um monumento no centro dela. Novamente, a aparência de Carol mudou tão rápido que nem parecia que há apenas alguns minutos ela estava chorando copiosamente. Contudo, Débora sabia que interiormente ela estava sofrendo.

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