E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

domingo, 17 de junho de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 14


Capítulo 14

No dia seguinte, sábado, Caroline foi a primeira a acordar, às 11h da manhã. Ela e Débora ficaram conversando até quase 4h e quando finalmente decidiram dormir, foi instantâneo: no segundo seguinte, estavam ressonando.
 Enquanto a amiga dormia, Carol decidiu ir tomar banho no intuito de  processar as revelações e surpresas do dia anterior.
 O que Dé contou sobre a conversa que tivera com Kazunari na noite passada ainda ecoava em sua cabeça. Ele havia se declarado de uma maneira tão inesperada que era até difícil de acreditar. Antes do sorriso que ele deu no show, nada indicava que Dé tinha tocado seu coração de qualquer forma.
 Mas, pensando bem, faz algum sentido, ela pensou enquanto ligava o chuveiro e entrava em baixo d'água que caiu gelada sobre sua pele quente. Faz muito sentido até. Débora foi tão espontânea desde o primeiro momento. Sem pensar muito pulou no pescoço do Nino quando o viu pela primeira vez, pondo em prática o que eu quis fazer com o Matsujun.
 Uhm... o Jun. Eu não podia simplesmente me agarrar a ele, isso vai contra minha natureza, e ainda por cima... tem a Yui, né? Aiai, Caroline Caroline... onde você tá se metendo? Cuidado viu, Caroline deu um sorriso nervoso quando fez a si mesma essa pergunta, ao passar o condicionador nos cabelos.
 Bom, ele cantou, e isso deve significar alguma coisa. Para mim, eu sei. Ele me olhou e sorriu... ai, espero que a Yui não tenha notado. Poxa vida! Tudo que eu  quero é não magoar o Jun e a Yui. É evidente que eles se amam; bom, pelo menos nas cartas que ele me mandava transparecia isto.
Droga! Mas então por que eu to me sentindo assim? Por que de repente eu já não consigo torcer com sinceridade pela felicidade dele ao lado dela? Será que... será que o que sinto pelo Jun é...? Mas não pode!
Não, eu não posso atrapalhar. Não vim aqui pra isso! Daí, Deus me livre, se eu bagunço a vida dele e simplesmente vou embora, deixando pra trás um pequeno rastro de infelicidade.
Isso, eu vou embora daqui a apenas alguns dias. Ótimo ter conhecido o Jun e os meninos, mas pronto, eu e Dé vamos embora de volta pro Brasil e fim de papo! É isso aí.
Seus pensamentos se calaram por um instante enquanto ela esfregava os pés, com o corpo inclinado para frente. Depois, se levantou e quando ia começar a ensaboar o corpo, outro pensamento, mais horrível que qualquer outro que tivera, até mesmo quando pensou que talvez poderia atrapalhar a felicidade do Matsujun, surgiu.
− A...
Iniciou o grito, mas parou assim que abriu a boca e deixou escapar o primeiro som. Não queria acordar Débora nem assustá-la, o que inevitavelmente aconteceria se ela fosse despertada do sono por um grito meio desesperado e nervoso vindo do banheiro. Então, o grito continuou apenas em sua cabeça.
Ahhhhhhh! Não, não, não! Será que a Débora está tão apaixonada assim pelo Nino que nem se deu conta?? Eu e ela, no próximo sábado! Nós vamos voltar, droga! Dé, por que você deu corda pra ele? Só pra dizer adeus e deixá-lo sofrendo?
Tadinho do Kazu-chan! Débora, baka! O que você vai fazer agora?
Carol terminou de se lavar, fechou o chuveiro e se enxugou, ainda resmungando em silêncio. Não era justo isto que Débora ia fazer afinal! Será que ela realmente não tinha se dado conta? Ela ia voltar pro Brasil, tinha uma vida lá, família, amigos, emprego. Saiu do banheiro já vestida, secando os cabelos com a toalha e pronta para tirar a amiga da cama  e fazê-la enxergar a realidade.
Ela não podia permitir que o Ninomiya Kazunari se apaixonasse ainda mais e sofresse quando as duas partissem.
− Ei, Dé! – Carol deu uma leve sacudida na amiga, com a toalha enrolada no cabelo – Acorde!
Débora resmungou algo ininteligível e se virou para o outro lado, escapando do toque de Caroline. Esta foi mais firme.
− Acorde, Dé! Preciso conversar com você!
De repente, Débora sentou na cama e arregalou os olhos.
− Que horas são?
− 11h30 da manhã – Carol respondeu, com um pequeno sorriso, e revirou os olhos quando completou:
− O relógio está do seu lado.
De fato, tinha um relógio sobre o criado-mudo entre as duas camas. Mas Débora não se lembrou disso, ainda estava meio dormindo, mas pela pressa insistente da amiga, só podia ser tarde. Então, ela se lembrou do que tinha combinado com Nino na noite anterior.
− Ahh! O Nino... ele me chamou pra almoçar hoje!
Carol olhou com cara de dúvida. Dé não tinha comentado nada disso antes. E em dias de shows, ela achou que os meninos não tinham tempo para coisas assim tão banais.
− É verdade. Caramba! Dormi demais, eu tenho que me arrumar! Será que dá tempo de uma ducha?
Ela já estava em pé e vasculhava a mala atrás de uma roupa legal, descontraída e casual, mas ao mesmo tempo bem bonita e elegante, bem ao seu estilo. Carol ainda se perguntava se ele havia se esquecido do show, não era possível que tivesse a convidado para almoçar neste dia!

***

Estavam os cinco no apartamento de Sho. Jun ocupava o sofá inteiro, completamente relaxado enquanto tirava uma soneca, mesmo com os outros rindo e conversando. Ele só conseguira pegar no sono quase duas horas depois que o Riida fora embora. Ficou refletindo, deitado novamente no escuro, em toda a conversa que tiveram. E quando finalmente dormiu, teve sonhos (ou seriam pesadelos?) com Yui flagrando ele junto de Carol e suas lágrimas de tristeza e ódio. Conclusão: acordou às 10h, ainda com muito sono, e quando chegou ao apartamento, a primeira coisa que fez foi se jogar no sofá.
Nino estava deitado no chão, no tapete da sala, com Aiba ao seu lado e os outros dois no sofá que restava. Estavam tendo uma conversa descontraída, e Nino insistentemente falava das duas estrangeiras. Na verdade, ele falava mais de Débora, mas ainda não tivera coragem o suficiente para contar a nenhum deles o que fizera na noite anterior, nem mesmo para o Ohno. Mas a cada cinco minutos olhava disfarçadamente no relógio. Ainda eram 11h, ainda tinha tempo até meio dia, quando marcara de pegar Deb no hotel.
Aliás, era bom ele arranjar um bom motivo para sair assim, para almoçar com uma turista, no dia do show. Mas talvez falasse simplesmente a verdade.   
Ohno caiu na cama, do mesmo jeito que estava quando chegou do apartamento do Matsujun, e em questão de uma fração de segundo, roncava alto. Acordara somente no dia seguinte, às 9h30 da manhã, tomara um banho, se livrando daquela roupa que cheirava a suor, bebida e cigarro, e fora para a casa de Sho, onde eles tinham combinado de ficar até ir para o Estádio, para o segundo show.
E agora, completamente desperto, ouvia atentamente o que era falado, ria às vezes e concordava nas horas certas. Mas a verdade é que notara que o Nino estava estranho, diferente como o outro membro mais novo do Arashi. Será que ele também estava apaixonado?
Aiba ficou de lado no tapete, se apoiando sobre o cotovelo, e começou a cutucar Jun, que dormia. Ele, em seu sono, se remexeu e tentou afastar a mão do Masaki, virando para o encosto do sofá, e todos eles riram. Sho então saiu do puff e foi cutucá-lo também. Jun acordou e se sentou.
− O que vocês estão fazendo, Aibaka e Sho-chan baka? – ele fez cara de bravo e lutou com os braços, para afastar os dois, que insistiam em cutucá-lo e riam cada vez mais.
Sua atitude tão típica e seu olhar tão irônico e bravo fez Nino e Ohno se juntarem aos outros dois.
− Parem! – Jun gritou e rapidamente saiu do sofá e foi para longe do alcance das mãos.
Sua intenção era brigar com eles, mas vendo as expressões felizes, não se controlou e sorriu. Em menos de dois minutos, estava gargalhando com todos.
− Acordou, bela adormecida? – Sho perguntou, em meio a uma risada.
Nisso, Nino novamente olhou no relógio e deu um salto.
− Rapazes, tenho que ir! É quase meio –dia!
− E daí, Kazu? – Jun olhou para ele, já não mais gargalhando, mas ainda com um sorriso no rosto e a essa altura, com o rosto ruborizado e coberto de gotículas de suor.
− Tem que ir pra onde? – quis saber Aiba.
Ano...
Nino não sabia direito o que responder. Sabia que não iam entender se ele dissesse de uma hora pra outra que estava apaixonado. Ainda mais por uma “desconhecida”.
− Vamos, Kazu-chan! – Ohno disse – É a Débora-san?
Nino olhou para o Riida pasmo. Como ele sabia? Ohno percebeu sua confusão.
− Calma! É que...Você falou muito dela hoje, né? – ele apressou-se em explicar.
− E... eu... falei? – Nino gaguejou. Droga, Oh-chan! Quanto será que eu falei sem perceber?, completou em pensamento.
− Débora-san?? – os pares de olhos restantes se voltaram para ele, espantados.
− Errr... – e agora? Nino não sabia o que fazer – Uhm, hai. Hai, hai! - Ele não teve alternativa a não ser concordar – Vou almoçar com ela.
− O quê? – quatro vozes gritaram juntas.
− Depois eu explico. Vou direto para o Estádio, às 3h. A gente se vê lá – ele se encaminhou para a porta – Já está em cima da hora...  – resmungou, balançando a cabeça e chacoalhando a chave do carro com a mão.

***

Yui sairia mais cedo aquele dia também, então tinha que deixar tudo pronto para a segunda-feira seguinte. 
Enquanto revisava a matéria para a edição daquela semana, que ela escrevera no dia anterior, tudo o que conseguia pensar era em Matsumoto e a burajirujin. O que ele pensava afinal? Que ela, Uemura Yui, uma jornalista renomada, que tinha um feeling todo especial para coisas inesperadas, não ia entender? Droga!
Ele era muito baka mesmo! Demorou um pouco, mas ela entendeu. A música fora para ela, afinal! Por quê? E justo One Love, que tinha uma letra tão poderosa. Uma verdadeira declaração de amor que ele cantou. Seu Matsumoto Jun. Cantou para outra!
Ahhh! Ele com certeza ia ter que se explicar!! Yui sentiu a raiva crescer dentro de si e inconscientemente começou a amassar a folha de papel em sua mão.
− Uemura-san! – seu chefe entrou na sala – O que está fazendo?  
Nesse momento, Yui despertou de seu devaneio e notou que a folha amassada era o artigo que estava revisando. Relaxou os dedos e soltou a folha sobre a mesa.
Ano... nada demais, eu acho. Desculpe, termino aqui em cinco minutos.

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