E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

domingo, 10 de junho de 2012

A Chave de um Coração - Capítulo 5


Capítulo 5

No quarto do hotel...

− Carol do céu!! O Matsujun é muito mais lindo pessoalmente! – Débora estava histérica. Desde que chegaram ao hotel, ela só ficava dando tapas e beliscões em si mesma: “Isto é um sonho??!!” ;“Ai!! Não, isto não é um sonho!!”, massageando o braço.
Matsumoto Jun havia descarregado as malas. Deixou as meninas fazendo o check-in e seguiu para a reunião.
Do aeroporto até lá haviam sido quase vinte minutos, embora a distância fosse pequena, pois o trânsito da segunda-feira estava insustentável. Até em Tóquio é tudo igual, pensou Caroline, ao se lembrar de todos os congestionamentos que já havia enfrentado no Brasil.
Do jeito que as palavras de Yui durante o caminho soavam como praga, seria bem capaz do cantor se atrasar para o compromisso.
Carol e Débora se viraram como podiam e botaram em prática o que haviam aprendido em nihongo. Entendiam praticamente tudo e quase sempre tinham as respostas na ponta da língua.
Cerca de meia hora depois, antes mesmo das 9h, elas estavam já instaladas no quarto que iriam dividir pelas próximas duas semanas.
Apesar da histeria e do berreiro de Débora, Carol não conseguia parar de pensar no que acontecera no aeroporto. Sim, Jun notara o pingente, e pelo olhar observador dele em seu pescoço, ela adivinhou logo que ele relacionara a chave ao colar. Ela se arrependera assim que mandara a chave com a primeira carta, e como ele nunca mais tocou no assunto depois de sua primeira resposta inesperada, ela não fez questão nenhuma de relembrá-lo. 
É claro que ela também beirava a histeria e por dentro sentia que explodiria de felicidade, mas ao mesmo tempo não conseguia se sentir completamente em paz. Por que ela não deixara em casa essa bendita corrente? Por que tinha que andar com ela para onde quer que fosse? Podia ter deixado no Brasil e assim talvez Jun nem sequer recordasse.
Aquela era uma corrente que ganhou de sua mãe quando havia completado dez anos. Viera com os dois pingentes, o coração e a chave. Poderia ser usada por uma pessoa só, assim como poderia ser dado um dos pingentes para alguém. Sua mãe disse para ela entregar a chave para a pessoa certa no dia certo, no futuro, quando fosse mais velha. “Não entendi, mamãe.” ; “Você entenderá um dia, Carol.” Desde então, Carol não tirou mais a corrente do pescoço e guardou a chave como seu bem mais precioso.
Obviamente, quando crescera, Caroline entendeu as palavras de sua mãe, mas nunca soube quem era a pessoa certa nem nunca chegara o momento de dar a chave a alguém. Ela decidiu dar junto com a chave uma corrente prateada como a dela, quando o momento chegasse. Os anos se passaram e a chave ainda continuava com ela.
Até que conheceu o Arashi e escreveu aquela primeira carta para Matsumoto Jun, incrédula de que chegaria até ele. Por achar que Jun não receberia a carta, colocou a chave junto no envelope, sem a corrente.  Era tão bom para ela ser fã do grupo; ela era muito apaixonada pelos cinco, mas o mais novo deles era especial.
Em seu íntimo pensou por que não? Ela sabia que a possibilidade da chave se perder mundo afora era grande, mas seu amor e admiração por ele era tão maior que realmente acreditou que ele era a pessoa a quem deveria entregar o pingente.
O que não esperava era a reação de Jun ao receber o presente com a carta. Diante das perguntas dele em relação ao pingente, Carol, envergonhada, resolveu dar uma resposta meio vaga com medo do que ele pensaria dela se ela contasse a verdadeira história. O assunto então foi esquecido.
− Carol! – chamou Débora.
Mas ela continuou perdida em pensamentos e não ouviu a amiga.
− Ei, Carol! – Débora disse, balançando Carol, que parecia estar dormindo de olhos abertos.
− Gomen, gomen. Estava distraída. – disfarçando.
− Eu notei. Sabe, você não me parece muito feliz por estarmos no Nihon! Poxa! Conhecemos o Matsujun e ainda temos a possibilidade de conhecer os outros quatro!
− Eu estou feliz, estou mesmo. Meu coração parece que vai explodir.
− Carol, eu te conheço! – afirmou Débora com autoridade - Conheço há mais de dez anos. Você está estranha, desde que chegamos. O que houve?
− Nada demais. É só que... – ela mesma se interrompeu.
− Fala! Não guarde segredos de mim, poxa. Sou sua melhor amiga né.
− Só que... acho que Jun viu o colar. O coração.
− E o que isso tem de mais?
− Você se esqueceu? Eu mandei a chave para ele!
− Ah, a chave... – Débora ficou pensativa.
Depois de alguns segundos, falou:
− Mas você também! Podia ter deixado em casa se não queria que ele visse.
− O que vou falar se ele tocar no assunto?
− Fale a verdade. Mas acho que ele não dirá nada.
− Como pode ter certeza?
− Não sei. Palpite.
As duas conversavam uma de frente para a outra. As camas estavam dispostas lado a lado, ambas de solteiro, e elas estavam sentadas cada uma na sua. Débora se deitou pra trás, agarrou o travesseiro e disse: 
− Senhorita Caroline, se você continuar pensando tanto e se preocupando à toa, seu cérebro vai fundir! – bocejando – Uhm, estou com sono. Vou tirar uma soneca. Matsujun disse que nos ligaria quando fosse almoçar para irmos com ele e os outros. Temos quase 3 horas de sono.
− Aiai! – e Carol também abriu a boca – Também tenho sono. Segundo nosso relógio biológico, que segue o horário de Brasília, agora são quase 22h – disse com uma risada cansada enquanto se aconchegava no travesseiro.
Não se passaram nem cinco minutos e as duas dormiam um sono profundo.     

***

No camarim do Arashi na JE...

− Jun-pon, você foi buscar aquela garota das cartas no aeroporto hoje de manhã? – Nino perguntou, jogando-se no sofá e ligando seu Nintendo.
Tinham acabado de voltar da reunião que o chefe marcara para aquela manhã. Faltavam apenas três dias para o show e ele queria acertar os últimos detalhes. Na verdade, os últimos detalhes mesmo só eram acertados no dia anterior ou no próprio dia do show, mas Johnny era categórico e prezava a organização e a antecipação. Ele era uma pessoa que não gostava de imprevistos nem lidava com eles com facilidade. Ele sempre gostava de tomar decisões de antemão.
A reunião durara mais de uma hora e eles debateram sobre diversos assuntos. Quando terminou, eles estavam cansados. Às vezes, essas longas conversas e discussões logo cedo cansavam mais do que uma tour inteira. Estavam liberados até às 14h, quando iriam para o estádio ensaiar.
− Ma-tsu-mo-to! O Nino falou com você – disse Ohno, bagunçando o cabelo do amigo.
Jun estava sentado no braço do mesmo sofá em que Kazunari se jogara, em silêncio absoluto desde que chegara para a reunião logo cedo. Nem palpites dera, logo ele, que sempre opinava, sempre se preocupava e sempre se jogava de cabeça para que tudo saísse conforme o combinado.
− Oi? – ele se virou para Ohno com o olhar perdido – Falou comigo?
­− Hai! – respondeu o mais velho – falei com você, e o Kazu também falou. Você não ouviu?
− Uhm, não ouvi não – Jun olhou para Nino ao seu lado – O que você disse? Desculpe, estava pensando em outra coisa.
− Ok, Jun-kun, pode falar – disse Aiba, colocando o braço em torno do pescoço do amigo – Fala que nós te escutamos. O que há de errado?
− Não há nada de errado.
− Você foi buscar a tal Karorine no aeroporto afinal? – prosseguiu Aiba.
− Fui sim. Yui foi comigo.
− Hum, entendi. E onde ela está agora?
− Quem?
Karorine-san, né.
− Pensei que fosse Yui. Yui voltou pra casa, acho que ela só foi junto para poder se mostrar. Yui é assim, vocês sabem, ela ama mostrar pra todo mundo que somos namorados, né? Karoru-chan está num hotel com Débora-san.
− Débora-san é a fã do Nino, né? – perguntou Sho, pra entrar na conversa.
Nino já nem mais prestava atenção depois de ter sido ignorado por Jun. Ele apenas se concentrava em não perder o jogo.
− Hai. Viu Nino? Prepare seu melhor sorriso pra ela, ok? – Ohno brincou com o amigo que não desviava os olhos da tela do game.
− É comigo? – perguntou, ainda não olhando para ninguém.
− KAZU-CHAN, É COM VOCÊ SIM!!! – gritou Sho bem perto de seu ouvido, e caiu na gargalhada quando Nino deu um pulo quase até o teto.
Mas o susto não durou nem cinco minutos e ele estava novamente concentrado.
− De qualquer forma, eu as chamei para almoçar. Com nós cinco.
− Yui também, né? – perguntou Aiba, ainda colado ao pescoço de Matsumoto.
− Não. Hoje ela não pode ir porque tem trabalho na redação.
Yui era jornalista e às vezes tinha que passar o horário do almoço na revista para conseguirem concluir a edição até o fim do dia, quando era uma edição especial e recheada. Claro, com alguma dose de fofocas e especulação. Afinal, qual a revista que não tem isso nos dias de hoje?
− Bom, então, ainda é cedo para irmos almoçar. Temos um tempo pra relaxar – comentou Aiba, soltando Jun do abraço e deitando-se no puff que tinha em um dos cantos.
− Isso! Relaxar! – e Ohno também se jogou em outro puff que tinha ali.
− Isso! Relaxar! – Sho falou, imitando o líder. Mas, como não tinha nem sofá nem puff sobrando, ele teve que se sentar na poltrona mesmo.
Jun ficou apenas olhando para eles, ainda sentado no mesmo braço de sofá, com os pensamentos cheios de Caroline. Por que estou pensando nela? Por que fiquei tão preso a ela? Sua beleza me cativou de um jeito diferente. Ela não é como Yui. Yui... era nela que eu devia pensar, né?

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