Capítulo 6
O celular de Caroline
tocou. Ela acordou logo no primeiro toque, mas Débora continuou dormindo. Olhou
o visor e ela não reconheceu o número.
− Moshi-moshi.
Quem fala?
− Ano... Karoru, é você?
− Quem é?
− Ah, gomen... É Matsumoto Jun.
Ao ouvir o nome, Carol
despertou completamente e se sentou na cama. Olhou no relógio: 12h30. Ele
ligara para chamá-las para o almoço.
− Já posso ir buscar
vocês no hotel?
− Matsu... Jun...
Matsujun, só um minutinho. Tenho que acordar Débora.
Carol levantou-se da cama
e foi direto na cama da amiga. Tentava cutucar Débora, mas ela nem se mexia.
− Tenha calma. Eu e os
meninos ainda estamos nos arrumando; daqui a 15 minutos está bom? Daí dá tempo
de você acordá-la.
− 15 minutos? Hai, hai.
Está bom.
− Uhm. Jya ne.
− Jya. – os dois desligaram ao mesmo tempo.
Carol sussurrou no ouvido
de Débora “Vamos, acorde!”. A amiga abriu um olho e disse “Já ouvi!”. Vendo que
a amiga estava de fato acordada, Carol foi ao banheiro para jogar uma água no
rosto.
Dali a alguns segundos,
Débora entrou atrás dela, que deixara a porta do banheiro aberta. Ela estava
com a bochecha toda amassada e vermelha, pois dormira com o rosto apoiado na
mão.
− O Jun ligou – disse
Carol casualmente, enquanto secava o rosto com uma toalha.
− Agora é Jun né??
Hahahahaha – riu Débora, dando um empurrão com o ombro na amiga de leve.
− Ah, Dé! – Carol ficou
toda vermelha e saiu do banheiro – Ele deve estar aqui dentro de dez minutos –
gritou da porta do quarto – Apronte-se logo!
− Já to pronta! – Débora
saiu do banheiro.
Ela foi até a bolsa,
pegou um batom simples, cor neutra, e passou nos lábios em frente ao espelho
que tinha no pequeno corredor que ia do banheiro à porta do quarto.
– Quer? – e
estendeu o batom a Caroline.
Esta pegou e foi até a
frente do espelho.
− Agora vamos! – Carol
puxou Débora pela mão para fora do quarto.
Desceram até a recepção e
ficaram sentadas no sofá esperando eles chegarem. Dali a dois minutos, viram
Matsumoto Jun estacionar o carro bem em frente à entrada; logo atrás estava
outro carro. As duas pensaram ao mesmo tempo: “Deve ser de algum hóspede.”
Enquanto Caroline ficava
em pé e ajeitava a bolsa no ombro, com Débora fazendo o mesmo, ele desceu do
carro e adentrou o hotel. Com óculos escuros e um chapéu, desfilando com toda a
pompa e circunstância, foi até as meninas e cumprimentou-as com um leve curvar
de cabeça e um olá. Débora novamente o beijou na face.
− Vamos, Matsujun! Faça o
mesmo! Carol, você também!
Mas Carol não conseguia
parar de olhar para ele. Estava paralisada, perdeu completamente o raciocínio e
não ouviu o que Débora disse. Como ele pode ser tão lindo? Andando desse
jeito, parece uma divindade. Uma aura paira sobre ele, e meus olhos teimam em
admirá-lo dos pés à cabeça.
Ela levou um enorme susto
e foi bruscamente tirada de sua fantasia ao sentir lábios que tocaram sua pele
suavemente na bochecha esquerda. Ela então se deu conta de quem a beijara:
Matsumoto Jun.
***
Eis a cena que os quatro
viram quando entram no hall do hotel: Jun beijando a face de uma garota
mais baixa que ele e outra garota, essa da mesma altura dele, olhando a cara de
espanto da primeira e rindo disfarçadamente. Eles simplesmente pararam e
ficaram olhando, não sabendo se comentavam, se riam, se se apresentavam. Então
preferiram ficar calados.
Mas logo Débora notou os
observadores que tinham estacado há mais ou menos um metro de distância, tão
“bem disfarçados” quanto o outro. Ela deu um grito. Um grito tão alto que cada
par de olhos a um raio de 100 metros voltou-se para ela, mas como o hotel
estava bem vazio, isso não quis dizer muita coisa. Jun imediatamente endireitou
o corpo. Caroline, que se surpreendera totalmente com o que acabara de ocorrer
– sim, ele a beijara! – levou a mão na bochecha e olhou em volta para descobrir
o motivo do grito histérico.
Descobriu
instantaneamente, assim que viu os quatro homens que estavam parados mais
atrás. Nada menos que os demais membros do Arashi! Por Deus, ela quis gritar
também, mas sua personalidade não permitia isso. Ela não era como a amiga,
indiscreta e barulhenta, pelo contrário, Carol sempre fora conhecida por sua
quietude e por ser tão retraída, às vezes sua presença chegava a nem ser
notada.
E também estava ainda
muito confusa e surpresa com o beijo. Mesmo que ligeiro, ela nunca esperava que
acontecesse. Os japoneses não eram assim, ela sabia que não, e como nem ouvira
os comentários de Débora, não entendia porque ele a beijara. Não vira que Jun
cumprimentara sua amiga do mesmo modo depois de ter sido “repreendido” por
esta.
Como então não podia
gritar, somente sorriu encabulada e curvou a cabeça num tímido Hajimemashite. Então o Riida, Aiba, Sho e Nino, e Jun com eles,
caíram na gargalhada.
Débora imediatamente
avançou até onde Nino estava e o agarrou pelo pescoço. Nessa hora, Carol
cavaria um buraco e se enfiaria embaixo da terra, tamanha a vergonha que
sentiu.
− Débora!!!
Controle-se!!! – foi até a amiga e a puxou com força até ela soltar o pobre
Kazunari, que sorria nervosamente, espantado com a reação da garota. As fãs
japonesas não eram assim.
− Ai! – Débora se
desvencilhou da mão de Caroline – Gomen
nasai!!! – percebendo o que fizera, ela também teve vergonha.
Os outros ainda
gargalhavam. Matsumoto foi o primeiro a controlar-se e fez as apresentações:
− Minna, essas são as duas garotas que peguei hoje no aeroporto. Karorine-san – apontando para Carol, com
certo receio de falar com tanta intimidade na frente de tanta gente – e
Débora-san.
− Olá! – os quatro em uníssono.
− Ohno Satoshi desu.
− Aiba Masaki desu.
− Sakurai Sho desu.
− Ninomiya Kazunari desu.
E novamente em uníssono:
− Hajimemashite!
Tudo não durou mais que
cinco minutos e logo todos seguiram para os carros. Matsujun que escolhera o
restaurante dessa vez, ele queria, de certa forma, surpreender as meninas e
tornar a estadia delas no Nihon
agradável. Era um luxuoso, mas confortável restaurante de frutos do mar.
Nino achara que aquela
era uma escolha muito cara. Para não dizer que ele estava com dó de gastar o seu
dinheiro, deu a desculpa de que talvez as meninas não gostassem de um local
assim tão chique nem desse tipo de comida ou elas não tinham tanto
dinheiro para esbanjar.
Matsumoto afirmou, ainda
quando estavam em seu precioso e raro momento de descanso, que uma vez em carta
Caroline fora categórica ao afirmar que tanto ela quanto Débora gostavam muito
de frutos do mar. E, no que dizia respeito a dinheiro, elas não teriam que se
preocupar, porque ele pagaria, já que era a primeira refeição delas em Tóquio e
ele queria que elas se sentissem bem e satisfeitas.
***
Carta de Caroline,
outubro de 2011
Sabe o que eu e Débora
amamos de fato? Comer naqueles restaurantes maravilhosos que só servem aquelas
delícias marítimas, desde trutas, ostras, mexilhão e tudo o mais a que temos
direito!
Pena que tudo é muito
caro. Como não vivemos no litoral, comidas assim são luxo raro. Mas
aproveitamos muito, sempre que temos oportunidade.
Se um dia eu for para
o Nihon, quero ir a um restaurante
desses.
***
Carta de Matsumoto,
novembro de 2011
Como assim se você
vier? É claro que um dia você virá! E nesse dia, pode deixar que com certeza eu
a levarei a um restaurante delicioso que temos aqui. É uma delícia!
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